Em 2006, Cameron Diaz, Jude Law, Kate Winslet e Jack Black fizeram sucesso no cinema em ‘O Amor Não Tira Férias’. No longa, as personagens embarcam em uma aventura quando trocam de casa uma com a outra depois de sofrerem desilusões amorosas.

Apesar do apelo da comédia romântica, o filme espalhou para o grande público um tipo de acomodação ainda nem tão popular e bem anterior ao AirBnb: o home exchange. A prática é uma maneira de viajar hospedando-se nas casas de outras pessoas enquanto elas estão fora e, em contrapartida, oferecer sua própria residência como local de descanso.

E, importante, a ideia consiste em simplesmente emprestar e pegar emprestado algum lugar porque não envolve nenhuma quantia em dinheiro. Tudo depende da vontade de se ficar em determinado local e ter a sorte do dono daquele imóvel também querer passar um tempo na sua propriedade.

História
A mais famosa plataforma que coloca viajantes em contato é a HomeExchange, surgida em 1992, nos Estados Unidos. Por mais de 10 anos, antes do boom da internet e do e-mail, as trocas eram feitas através de cartas. As pessoas anunciavam suas propriedades em catálogos gigantes, como uma versão turística das aposentadas listas telefônicas, mostravam interesse no imóvel de outra família enviando uma correspondência e esperavam mais de duas semanas pela resposta. Só depois, a conversa poderia continuar por telefone para acertar todos os detalhes.

Até 2005, a rede tinha mais de cinco mil ofertas e o número triplicou no ano seguinte por causa do filme hollywoodiano. Hoje, a quantidade é ainda maior e, ao todo, são 65 mil membros espalhados por 150 países que, só em 2015, fizeram 130 mil trocas. Entre uma variedade gigante de opções, os destinos mais buscados são Barranquilla (Colômbia), Puerto Wilches (também na Colômbia), Florianópolis (Brasil) e Paris (França).

“As trocas são sempre entre pessoas de confiança que só estão interessadas na descoberta de novos lugares e culturas diferentes. Há apenas uma regra: deixar a casa tão limpa ou melhor do que a encontrou”, explicou ao Virgula Antonio Batista, que vive em Portugal e é administrador do site TrocaCasa, versão em português do HomeExchange. Além deste, a plataforma tem outros 15 sites em idiomas diferentes.

No Brasil
No Brasil, que está entre os países que mais utilizam o sistema, são 600 casas disponíveis e 591 viajantes cadastrados. Entre eles, está a família da empresária Amanda Bastos, que comanda o blog Além do Menu e a fazenda cafeicultora Monte Alto, no interior de São Paulo.

“Nossa primeira troca foi há mais de 15 anos. Óbvio que usamos como forma de economizar dinheiro, mas o princípio do home exchange é ter uma experiência na casa de uma pessoa. É muito bom entender a dinâmica e pensar nas pessoas que moram ali. Acho hotel muito impessoal”, contou.

A propriedade de 12 quartos da família já recebeu mais de 30 famílias de visitantes como trocas. E, em contrapartida, eles não pagaram nada para se hospedar em um moderno apartamento em Bruxelas, na Bélgica, um castelo em Barcelona, na Espanha, uma ilha privada perto de Miami, nos Estados Unidos, e uma casa em um campo de golfe, na Jamaica.

“Em geral, os brasileiros têm medo de serem roubados, mas a palavra é bom senso. Você não faz nas casas das pessoas o que não quer que faça na sua. O máximo que já aconteceu com a gente foi chegar multa de carro umas quatro vezes e estourar boia. Mas as pessoas sempre pagam”.

Arquivo Pessoal A família da blogueira Amanda Bastos viaja trocando casas há mais de 15 anos

Como funciona
Para participar da troca, é preciso ter, claro, um imóvel. A maioria dos disponíveis nos sites é de luxo, mas esta não é uma regra. Desde que tenha alguém querendo passar uns dias no seu cafofo, você automaticamente pode ficar por um período em uma propriedade que nunca teria condições de comprar ou pagar pela hospedagem. Você só precisa escolher o destino e trocar emails com ofertas de visita.

Em muitos casos, as pessoas trocam mesmo sem ter interesse em conhecer sua casa. “Troca é troca independente do imóvel, não importa o tamanho. Fui para Buenos Aires com amigas há nove anos em um apartamento e, até hoje, ninguém veio para a minha casa. Nem sei se um dia virão”, lembra Amanda.

No entanto, pela regra, este argentino tem a vida toda para um dia dar um pulo no interior de São Paulo e ser recebido pela família da empresária. Isto porque as trocas podem ser simultâneas ou não. Ou seja, elas podem acontecer no mesmo período ou ficarem como uma reserva para quando a outra parte quiser viajar.

Além dos quartos, quintal e piscina, as pessoas podem usar qualquer coisa que pertença à casa, desde que combinando antes com os donos. Por isso, carros, barcos e serviços, como faxina, por exemplo, entram na lista de permutas. “O que uma pessoa dá, a outra também tem que dar. Tem gente que cobra uma taxa para ter limpeza uma vez por semana. Então, quando ela vier para minha fazenda, também cobrarei a mesma taxa pela faxina e assim por diante. É tudo muito bem conversado e flexível”, explica Amanda.

Inclusive, os animais de estimação entram na onda. É comum terem pedidos para os hóspedes alimentarem cachorros e também colocarem água nas plantas. “Já aconteceu de ter um gato na casa que chegamos e tínhamos que alimentar e cuidar dele, mas foi tudo avisado antes. Deixaram até a balança para pesar a quantidade de ração”.

Outras plataformas
Além do HomeExchange – que cobra 70 euros (aproximadamente R$ 251) por ano para trocas ilimitadas -, existem diversas outras plataformas semelhantes. São elas:

Love Home Swap – http://www.lovehomeswap.com/
My Twin Place – https://www.mytwinplace.com/
Home For Exchange – http://www.homeforexchange.com/
IVHE – https://www.ivhe.com/
The Guardian Home Exchange – https://www.guardianhomeexchange.co.uk/
Guest To Guest – https://www.guesttoguest.com/en/
Casa Versa – http://www.casaversa.com/
Home Base Holidays – https://www.homebase-hols.com/
Knok – http://www.knok.com/
Third Home – https://www.thirdhome.com/
Intervac – https://www.intervac-homeexchange.com/
Trade To Travel – https://www.luxuryhomeexchange.com/

22 dicas para viajantes solos

1) Esqueça tudo que já leu sobre o assunto. Não tem certo e errado quando se viaja sozinho. O lema é: faça o que tem vontade sem se preocupar com ninguém. Por alguns dias, você é absolutamente sua prioridade!
Créditos: Reprodução / Visual Hunt

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'O Amor Não Tira Férias': entenda como viajar trocando de casa e sem pagar hospedagem

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