A brasileira Bruna Fornasier, 25 anos, sofreu uma tentativa de estupro durante uma viagem para a Tailândia na madrugada de sexta (26) para sábado (27). Bruna usou o Facebook para fazer um relato do que aconteceu com ela dentro de seu quarto em um hostel em Krabi, uma das províncias tailandesas com praias e ilhas mais bonitas do mundo. Bruna é atriz, mas mora na Ilha de Páscoa há quatro anos, onde é instrutora de mergulho e tinha decidido fazer um mochilão pela Ásia sozinha nas férias.
“Estava em um hostel chamado SLUMBER PARTY. Gravem o nome! Enquanto dormia um cara entrou na minha cama e eu acordei com a mão dele dentro de mim. Sim, dentro de mim. Mandei ele sair, chutei e ele disse que ia por o pinto dentro. Chutei o cara e ele saiu”, relatou. A brasileira estava em um quarto misto, que tinha cerca de 10 camas. Cada espaço era bem privativo. As camas tinha cortinas e pareciam gavetas. “Você só conseguia sair pela parte onde ficavam os pés”, relatou. A jovem tinha voltado mais cedo de uma festa que acontecia na cidade.
Depois do assédio, Bruna decidiu falar com o hostel para denunciar o que tinha acontecido. “Essa história já é horrível, mas para piorar um pouco mais, fui falar com o gerente e ele pediu desculpas, devolveu o dinheiro da segunda noite, que já havia pago, mas o da noite em que tudo passou, não. Ok, eu não queria o dinheiro. Mas o melhor foi o pedido no momento em que estava indo embora: por favor, não fale nada disso nas redes sociais ou em comentários. Se quiser diga ‘um hostel em Krabi’, porque isso é muito ruim para a gente”, contou.
Em entrevista exclusiva ao Virgula pelo telefone, Bruna , que ainda está na Tailândia, contou as providências que está tomando para que o homem que fez isso com ela enfrente a polícia. “Nesse momento, eu estou feliz, se é que é possível, eu consegui o contato de uma consulesa, falei com ela e ela me indicou um lugar. Aqui na Tailândia tem uma espécie de assessoria para turistas, para atendimento. Lá, tinha uma uma mulher que era a única que falava em inglês”, disse.
Bruna Fornasier disse que foi orientada pela embaixada brasileira e pela moça do atendimento ao turista a prestar queixa na polícia. “Eu pensei em ir para Bangcoc, porque a embaixada fica lá, mas elas me avisaram que eu tinha que prestar queixa no local em que eu estava. Eu já estava no aeroporto, já tinha comprado passagem. Me levaram para delegacia. Os policiais riam de mim, demorou muito tempo”, lembrou.
Depois da polícia, Bruna foi encaminhada para o hospital para realizar exames. “Eles não entendiam o que tinha acontecido. Falei com um médico e ele falava um pouco de inglês. Disse que estava tudo bem, mas que a região estava inchada e irritada, ele me deu um remédio para amenizar a dor e disse que, no dia seguinte, se eu quisesse, podia falar com uma psicóloga”, informou.
Nesta segunda-feira (29) pela manhã, ela voltou ao hospital para falar com a psicóloga. “Ela fez várias perguntas. A primeira foi: você está viajando sozinha? Quando eu disse que sim. Ela disse: Você não pode viajar sozinha, tem que viajar com alguém. Eu comecei a chorar, com raiva. Liguei para a consulesa que está me ajudando, ela me acalmou. A psicóloga, então, falou: melhor você ver uma psiquiatra. Pensei: pronto, agora achavam que eu estava maluca”, afirmou.
Na verdade, a ideia de consultar uma psiquiatra era porque ela falava inglês e poderia ajudá-la melhor. A médica disse que ela precisava voltar até a polícia e contar exatamente o que tinha acontecido, porque o responsável precisava ser punido. “Foi o segundo anjo da história”, elogiou a jovem.
“Eu contei que já tinha falado com os policiais e eles não estavam nem aí. Já tinham me dito que era difícil os policiais levarem a sério, já eu não tinha provas, nada. Mas pedi, desta vez, para a mulher do Centro de Turismo me acompanhar até a delegacia, porque ela falava inglês, e ela foi. Eu amo essa mulher absurdamente! Ela foi e traduziu tudo. A polícia fez várias perguntas esdrúxulas. A gente ficou umas 4h na delegacia. Eles aceitaram a queixa e estão atrás deles. Eram dois indianos, eles estavam juntos, mas só um que fez isso comigo. Conversei com algumas pessoas que conheci no hostel e eles disseram que eles estavam na Ferry, indo para Koh Phi Phi. Avisei os policiais, eles falaram com a unidade da outra ilha. Disseram para não sair do país, porque tenho que reconhecer o cara”, completou.