To Rome With Love, de Woody Allen, com Penélope Cruz e Roberto Benigni
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O cineasta americano Woody Allen declarou, durante uma coletiva de imprensa do filme Para Roma com Amor na Espanha, que o principal objetivo de seus filmes é somente “entreter as pessoas”. Ele disse, ainda, que sempre tenta realizar obras-primas, mas acredita nunca ter realizado um projeto digno da alcunha.
“São apenas tentativas de entreter as pessoas”, insistiu Allen ao exaltar que esta busca deve ser uma prioridade para qualquer diretor. Segundo o cineasta, este é o seu principal ofício, o qual ele deseja seguir trabalhando “até que sua saúde aguente e até onde continuar ganhando dinheiro”.
Após o turno de Londres, Barcelona e Paris, o roteirista, músico e escritor, que não descarta a possibilidade de rodar um filme na América Latina, voltou à Europa para modelar uma história que foi escrita especialmente para Roma, cidade que, em sua opinião, é enérgica, complicada, cheia de barulho, com trânsito “por todas as partes” e pessoas “que não levam a vida muito a sério”.
Allen também exalta que o financiamento é um dos principais motivos para rodar filmes que possuem cidades como protagonistas, como fez em seus últimos longas. No entanto, o cineasta não considera que esta ação se resume em “vender” ideias para quem financia seus filmes.
“Aceitam trabalhar sob minhas condições. Nos EUA, isso não agrada e não me dão dinheiro. No final, eles não lêem nem o roteiro e compram só a minha figura”, declarou.
Esse acordo de financiamento acaba beneficiando ambas as partes, já que Allen consegue filmar em lugares que lhe “encanta”, enquanto os investidores obtêm em troca uma grande publicidade. Por conta deste fato, a crítica costuma dizer que estes filmes não costumam ser muito mais do que um guia turístico repleto de estereótipos.
O nova-iorquino, que completou 76 anos recentemente e entrou para a história do cinema com Manhattan e Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, reconhece que talvez esses filmes não tenham em seus genes o necessário para realizar uma obra prima.
“Eu tentei e seguirei tentado. Acho que ao longo dos anos fiz bons filmes, alguns normais e outros ruins. Em relação à obra-prima, sempre tento e nunca consigo e, após todo este tempo, começo a pensar que talvez nunca consiga alcançá-la”, afirmou.
Esse aparente destino frustrado parece decepcionar mais à crítica que o próprio Allen, que, por sua vez, diz estar satisfeito com o ritmo que leva.
“Gosto de fazer filmes, de escrevê-los, de ir trabalhar de manhã e estar a cada dia com Penélope Cruz, Naomi Watts e todas as mulheres bonitas com as quais já trabalhei”, ironizou o diretor, que diz ser consciente que não dispõe do mesmo nível de “concentração e paciência” que levava Stanley Kubrick à perfeição.
Allen, que volta às telas neste último longa-metragem pela primeira vez em seis anos, admite que quando tem confiança nos atores não necessita nem mesmo entender o que estão dizendo.
“Atores como Javier Bardem e Penélope Cruz já eram incríveis antes dos meus filmes e continuarão sendo depois. (…) Em Vicky, Cristina, Barcelona, eu disse para eles improvisarem. Nunca soube o que diziam, nem agora, mas eles são e foram convincentes e isso é o suficiente”.
Penélope Cruz, que em seu segundo filme com Allen encarna uma prostituta, é para o cineasta “um presente” e “uma estrela de cinema muito bonita, muito sexy e, o mais importante de tudo, uma atriz extraordinária”.
Após Para Roma com Amor, o diretor segue seu ritmo frenético, de quase um filme por ano, e já se encontra imerso no próximo, que será rodado em San Francisco. Como ainda não sente vontade de parar, Allen acredita que deverá voltar à Europa no futuro, ou ir à América Latina, Rússia e China, ou seja, onde sua próxima ideia nascer.