Relembre a carreira de Lauro Corona, morto há 25 anos
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A reprise da novela Dancin’ Days (1978/79), atualmente no ar no Canal Viva, vem cativando fãs (novos e antigos) da clássica produção da Globo. E entre tantas atrações exibidas na novela, além dos modismos históricos, um dos prazeres é rever atores que estão sumidos da TV há séculos – ou porque deixaram a profissão, ou porque faleceram. No último grupo, encontra-se Lauro Corona.
Nascido no Rio de Janeiro em 6 de julho de 1957, Lauro morreu aos 32 anos, em 20 de julho de 1989, vítima de complicações decorrentes da Aids. Ele teve carreira meteórica na telinha, e foi um dos principais galãs da TV Globo durante o final dos anos 70 e toda a década de 80.
Em Dancin’ Days, Lauro interpreta o personagem Beto, um filhinho de papai inconsequente, sempre querendo voar de asa delta ou “transar todos os lances”, “numa muito boa”, “sem grilos”. No início da trama ele namora Verinha (Lídia Brondi), mas acaba engravidando Marisa (Glória Pires), com quem se casa e vive um casamento infantil – o casal vive “acampado” com o bebê na casa do pai dele.
Dancin’ Days foi a novela de estreia de Lauro. Após uma rápida carreira como modelo de comerciais de TV e anúncios de revistas, além de passagem pelo teatro, ele foi descoberto pela TV Globo. Estreou em 1977 no Caso Especial Ciranda Cirandinha – que, apesar do título, nada tem a ver com o seriado de mesmo nome que a Globo produziu em 1978.
Um ano depois do Caso Especial, ele foi escalado para Dancin’ Days. Com o estouro da novela, todo seu elenco virou superstar – incluindo Lauro, que imediatamente virou o galã dos sonhos de nove entre dez garotas brasileiras.
O ator tornou-se um dos maiores astros da emissora, atuando em diversas novelas: Os Gigantes (79/80), Marina (80), Baila Comigo (81), Elas por Elas (82), Louco Amor (83), Corpo a Corpo (84/85), Direito de Amar (87) e Vida Nova (88/89).
Atuou ainda na minissérie Memórias de um Gigolô (86) e fez uma participação especial no início da novela Vereda Tropical (84/85). Esteve também em alguns casos especiais, como o Teletema O Dia em que Sequestraram Lauro Corona (86).
Na Globo foi também apresentador de programas como o Vídeo Show (em 83), e os musicais Globo de Ouro (em 83) e Cometa Loucura (84, em parceria com Carla Camurati).
Falando na música, esta era uma grande paixão de “Laurinho”, como era chamado no meio artístico. Ele chegou a esboçar uma carreira de cantor, lançando dois compactos (para quem não se lembra ou nunca ouviu falar: compactos eram disquinhos de vinil com uma faixa musical de cada lado, nos quais o artista testava o sucesso antes de lançar um LP – longplay -, um álbum inteiro).
Os compactos de Lauro foram lançados em 82 e 84. O primeiro trazia as músicas Não Vivo Sem Meu Rock (tema do filme O Sonho não Acabou, que Lauro estrelou em 81) e Tem que Provar (que entrou na trilha da novela Louco Amor, onde ele atuou). O segundo compacto tinha as faixas O Céu por um Beijo e Tudo Pode Acontecer.
A febre musical também esteve presente no filme Bete Balanço (84, de Lael Rodrigues), que Lauro estrelou ao lado de Débora Bloch e no qual contracenava com Cazuza e o grupo Barão Vermelho.
Nascia ali uma amizade entre Corona e Cazuza. O então cantor do Barão Vermelho tinha algumas afinidades com o astro global – certa semelhança física e a paixão pelo rock. O desaparecimento dos dois artistas também teve trágica semelhança: Cazuza chegou a opinar sobre o assunto na imprensa, afirmando que Corona provavelmente sofria de HIV; já que o próprio Cazuza sabia muito bem do que estava falando e já tinha anunciado publicamente que era soropositivo. Mas Lauro partiu exatamente um ano antes de Cazuza, que morreu em julho de 1990.
Lauro nunca admitiu que era vítima da Aids. A família também sempre negou o assunto. Curiosamente, os parentes próximos de Lauro também já morreram – seus pais e a única irmã Luciana faleceram anos depois da morte do ator.
Atualmente, o trabalho de Lauro pode ser revisto nos filmes que fez – O Sonho não Acabou foi lançado em DVD e Bete Balanço pode ser visto em exibições no Canal Brasil ou rastreado na internet. E até mesmo em algumas novelas: basta mergulhar no mercado paralelo de sites de downloads ou mesmo passear no YouTube. Cenas do ator em diversas novelas estão por lá.
Além, é claro, de Dancin’ Days – que segue em reprise no Canal Viva, além de ter sido lançada em box de DVDs da Globo Marcas.
Em tempos de galãs fracos e sem carisma que não gostam de ler nem de ir ao teatro mas continuam invadindo as novelas da Globo, Lauro é o símbolo de uma era onde os belos atores não eram somente bonitos – mas também talentosos e carismáticos. E, por que não, imortais.