Os últimos dias foram de glória para John Travolta. O ator virou notícia mundial. Mas não devido ao seu trabalho ou a um novo filme. E sim porque internautas geniais criaram um meme/viral com uma imagem do astro em Pulp Fiction (1994).
A imagem de Travolta em cena do filme virou símbolo de gente louca que fica perplexa em qualquer lugar. Assim, Travolta surge pasmando no supermercado, na rua, num evento onde tenta cumprimentar alguém e é ignorado, e assim por diante.
Internautas brasileiros não fizeram por menos e adaptaram esse Travolta à realidade brasileira, ou paulistana. Assim, o ator foi inserido na Avenida Paulista chuvosa na tarde de domingo, fazendo link com as declarações de José Serra, que reclamou que a Paulista fechada no domingo era um desperdício.
Outra aparição de Travolta em SP: na porta do Espaço dos Parlapatões, ponto de encontro da classe teatral, que foi repentinamente fechado pelas autoridades no último fim de semana.
Conclusão: Travolta virou involuntariamente um ícone de xoxação. O pior é que já faz algum tempo que sua carreira não rende muita coisa e ele vira notícia quando comete alguma gafe.
Foi assim no Oscar 2014, quando Travolta foi anunciar a apresentação da cantora Idina Menzel (que cantarolou Let It Go na cerimônia) e acabou chamando-a de Adela Nazeem!…
A verdade é que a carreira artística de John Travolta parece viver num esquema “montanha-russa”. Analise com a gente:
Travolta ficou famoso nos EUA a partir de 1975, ao participar da série de TV Welcome Back, Kotter, vivendo o bobalhão Vinnie Barbarino. No Brasil essa série nunca foi exibida.
Mas logo a fama mundial viria: ele explodiu ao viver o aspirante a dançarino Tony Manero em Os Embalos de Sábado à Noite (1977), filme que consagrou a onda disco e contaminou o mundo com a febre discoteca. Travolta virou astro mundial, e tornou-se o galã dos sonhos de metade do planeta.
A fama aumentou ainda mais com o filme seguinte: Grease Nos Tempos da Brilhantina (1978), onde o ator provava ser capaz de dançar (mais do que tinha dançado no filme anterior) e cantar.
Mas após essa dose dupla de sucesso, a carreira de Travolta já começou a declinar. Apesar de alguns filmes de destaque (Cowboy do Asfalto, 1980, Um Tiro na Noite, 1981), logo ele foi visto como decadente – culpa de filmes que decepcionaram nas bilheterias: Os Embalos de Sábado Continuam (1983, onde reviveu sem sucesso o personagem Tony Manero), Embalos a Dois (1983) e Perfeição (1985). Aí, o ator sumiu das telas.
Algum tempo depois, aconteceu a 1ª ressurreição de Travolta: a despretensiosa comédia Olha Quem Está Falando (1990) surpreendeu nas bilheterias. O ator, que andava esquecido, voltou aos holofotes. O mundo se lembrou dele e o recebeu novamente de braços abertos.
Mas a euforia durou pouco. Travolta engatou uma série de filmes obscuros que não cativaram: Correntes Alucinantes, O Preço do Afeto, Shout (todos de 1991), e ainda as duas continuações do sucesso de 1990: Olha Quem Está Falando Também (1991) e Olha Quem Está Falando Agora (1993). Em pouco tempo ele estava de novo desenganado. Eis que surgiu seu salvador, que realizou a 2ª ressurreição de Travolta: Quentin Tarantino.
O diretor escalou o ator para o papel de Vincent Vega, o desastrado gângster de Pulp Fiction (1994). O sucesso mundial do filme colocou de novo o nome de Travolta nas alturas. Ele passou a ser disputado por filmes e estúdios, e seu cachê disparou para níveis estratosféricos.
Vieram filmes que marcaram a segunda metade dos anos 90, com Travolta protagonizando geral: O Nome do Jogo (1995), A Última Ameaça (1996), Fenômeno (1996), Michael Anjo e Sedutor (1996), A Outra Face (1997), O Quarto Poder (1997), Segredos do Poder (1998)…
O nome de Travolta era tão forte no fim dos 90 que o ator foi até cogitado para ser o Batman, numa das adaptações do homem-morcego. Mas na virada para os 2000, a mágica começou a evaporar de novo. O ator surgiu em filmes novamente descartáveis, que não fizeram sucesso. Seu nome se desgastou e começou, de novo, a ser esquecido.
Em 2007, a 3ª ressurreição de Travolta: ele viveu Edna Turnblad, a obesa mãe de Tracy, a heroína do musical Hairspray. O filme foi adaptado do sucesso da Broadway. O papel de Edna sempre foi interpretado por homens, e assim Travolta foi o escolhido para encarnar a personagem. Sob pesada maquiagem e truques gerais para viver uma mulher de 50 anos pesando mais de 150 quilos, Travolta deu um show.
Seguiram-se vários filmes que tiveram algum destaque nos EUA (e no Brasil passaram quase despercebidos). Mas o fato é que Travolta não teve nenhuma atuação de destaque nesses últimos 8 anos.
O ator acabou virando notícia devido a alguns escândalos: em 2012, ele foi processado por três homens, que o acusavam de praticar assédio sexual. Em 2013, a justiça americana negou o pedido do advogado do ator de que o processo seguisse de forma sigilosa.
Em 2014, o piloto Douglas Gotterba veio a público dizer que foi amante de Travolta durante 6 anos, nos anos 80, e que planejava escrever um livro contando tudo.
Em várias outras ocasiões, Travolta foi acusado de ser “gay enrustido”. Embora casado com Kelly Preston desde 1991, com quem teve 3 filhos (um deles morto em 2009 aos 16 anos), o ator é sempre suspeito de esconder sua suposta homossexualidade.
E em 2015, boatos da revista Star afirmaram que Travolta teria um caso, há 30 anos, com ninguém menos que… Tom Cruise. E que teria sido Travolta quem levou Cruise para a Cientologia, a tão falada e esquisita “seita” que os astros frequentam.
Enfim, depois de tantas acusações vindo à tona, a imagem pública de Travolta ficou bastante desgastada. Será que desta vez ele consegue, aos 61 anos, uma 4ª ressurreição? Não sabemos. Mas imaginamos que, se Travolta fosse parar pra refletir sobre sua carreira, sua trajetória e o prestígio perdido, ele ia reagir assim: