TV Globo/Divulgação ‘A Força do Querer’ tem batido recordes de audiência

A Força do Querer é o mais que tradicional novelão. A atual dona do horário das 21h da Globo, que marcou o retorno de Gloria Perez ao espaço, teve média de 34,3 pontos na última semana na Grande São Paulo, marcando seu ponto mais alto até aqui e consolidando uma crescente que pode levar a um sucesso não visto desde 2012, com Avenida Brasil, que encerrou sua trajetória com 38 pontos de audiência média.

Mas o que explica essa popularidade?

Ao contrário de antecessoras como Velho Chico, que apostou em uma fotografia diferenciada, A Lei do Amor, A Regra do Jogo Babilônia, que tentaram seguir os rumos das tramas policiais modernas, o folhetim de Gloria traz características mais do que conhecidas de suas próprias obras anteriores que são parte de um padrão apresentado pela Globo nas últimas duas décadas. Com um diferencial: a ousadia para tratar de assuntos que, tempos atrás, eram vistos com maus olhos pela cúpula da emissora por conta de uma suposta linha conservadora de seus espectadores.

Abaixo, nós listamos 6 passos que estão levando A Força do Querer ao surpreendente sucesso.

1. Tramas ousadas 

TV Globo/Divulgação Ivana não se reconhece no corpo de mulher

Representada principalmente no dilema de Ivana (Carol Duarte), A Força do Querer traz uma ousadia diferente de novelas anteriores. Se estas apostavam em inovações audiovisuais, Gloria Perez segue a linha de correr o risco de tratar de temas espinhosos, como a de uma jovem que não se reconhece em seu próprio corpo e opta por se tornar um homem transgênero. A aceitação do público vai contra o discurso aplicado em Babilônia, de 2015, por exemplo, onde muitos indicaram o beijo entre Teresa (Fernanda Montenegro) e Estela (Nathalia Timberg), logo no primeiro capítulo, como responsável pelo fracasso de uma novela repleta de deficiências.

2. Histórias reais 

TV Globo/Divulgação Apaixonada, Bibi virou criminosa junto com seu marido

Não só por ser livremente inspirada em Fabiana Escobar, a “baronesa do pó” que foi casada com o traficante Saulo de Sá Silva durante 14 anos, mas a jornada de Bibi (Juliana Paes) é absolutamente condizente com a realidade de muitos. Com a licença poética para certos “exageros”, Bibi mostra que, nem sempre, uma pessoa se torna criminosa por instinto maligno, mas também por falta de oportunidades, dificuldades financeiras sufocantes e, até mesmo, amor. Ao contrário de Rubinho (Emilio Dantas), que, até onde se sabe, optou pela vida no crime desde o início da trama.

3. Nonato 

TV Globo/Divulgação Silvero Pereira como Elis Miranda, transformista de Nonato

A presença de Silvero Pereira ilumina qualquer cena de A Força do Querer. O talentoso artista, líder do coletivo As Travestidas, estreia na televisão com uma sensibilidade e didatismo exemplares. Silvero quer ensinar ao espectador a diferença entre transformista, homossexual e transgênero, e faz isso com maestria. Entre Nonato e Elis Miranda, o ator consegue cativar até mesmo o espectador mais conservador.

4. Características tradicionais de um novelão 

TV Globo/Divulgação Joyce (Maria Fernanda Cândido) é a tradicional madame de novela

Mesmo com passos ousados, Gloria se apoia nos pilares básicos de uma novela clássica: tem bem separado os núcleos de mocinhos e bandidos, criou uma trama humorística cheia de bordões, triângulos (e até quartetos) amorosos e, claro, aquele alto padrão financeiro de sempre, algo que não é muito positivo, mas que, indiscutivelmente, cativa aquele público que come mortadela, arrota peru e não quer ver favela na televisão pra poder fingir que ela não existe em paz.

5. Mulheres fortes 

TV Globo/Divulgação Jeiza é uma das poderosas mulheres de ‘A Força do Querer’

Se fôssemos definir A Força do Querer em uma característica, essa seria mulheres fortes. Seja na dureza da policial Jeiza (Paolla Oliveira), que não quer ser controlada pelo namorado machista Zeca (Marco Pigossi), na ousadia travestida de inocência de Ritinha (Isis Valverde), na vingança de Cibelle (Bruna Linzmeyer), nas manipulações distintas de Irene (Debora Falabella) e Silvana (Lilia Cabral), ou até mesmo na petulância da “dona coisinha” Ednalva (Zezé Polessa), a verdade é que as mulheres estão colocando os homens no bolso nesta novela. Esse fato mostra o olhar atento de Gloria e Rogério Gomes, diretor artístico, aos movimentos feministas que desafiam a pirâmide patriarcal que por décadas tem dominado a sociedade no geral.

6. E uma SENHORA trilha sonora 

Caetano Veloso canta o tema de abertura da novela

Não se faz novela boa sem trilha sonora abrangente e de qualidade. E isso A Força do Querer tem e muito. Desde o inquestionável talento de Caetano Veloso em O Quereres, tema de abertura, ou de Chico Buarque em Eu Te Amo, tema de Caio (Rodrigo Lombardi) e Bibi, até a mais que bombada Despacito, de Luis Fonsi, recentemente adicionada, a novela entende a heterogeneidade de seu público e suas mais diferentes idades, culturas e gostos. Tem Harry Styles, Roberto Carlos, Wesley Safadão, Dominguinhos, Mumuzinho, Lenine, Cindy Lauper, John Legend, Ed Sheeran, Calvin Harris, Nana Caymmi, Roberta Sá e até Anavitória.

Com tudo isso, difícil seria A Força do Querer NÃO fazer sucesso.

Relembramos os casamentos mais marcantes das novelas brasileiras

De 'Passione' (2010)
Créditos: TV Globo/Divulgação

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Tramas ousadas e formato clássico: os 6 passos do sucesso de 'A Força do Querer'

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