Tiago Abravanel
O sucesso do musical Tim Maia – Vale Tudo, em cartaz no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, abriu portas importantes para Tiago Abravanel. Como o próprio protagonista da peça define, pela primeira vez em sua vida, ele está sendo mais reconhecido pelo próprio trabalho do que pelo fato de ser neto do dono do SBT, Silvio Santos. A visibilidade da peça rendeu-lhe, ainda, um convite da novelista Glória Perez no fim de 2011 para integrar o elenco de Salve Jorge, próxima novela global das nove. Tiago, agora, pensa em projetos futuros.
Em entrevista ao Virgula Diversão, o ator contou que, entre seus desejos ainda não realizados, estão fazer cinema e interpretar, nos palcos, os personagens da Disney Shrek e o porco selvagem Pumba, do filme O Rei Leão. “Acho que o ator, a cada ano que passa, vai amadurecendo e vai sentindo vontade de dizer coisas”, explicou.
Confira, a seguir, o bate-papo com o ator, em que ele falou sobre novelas, musicais e, claro, sobre seu relacionamento com Silvio Santos.
Na imprensa, você é lembrado cada vez menos como o neto de Silvio Santos e mais como o ator do musical Tim Maia – Vale Tudo. Isso é um bom sinal?
Ser reconhecido como ator é uma felicidade que não cabe dentro de mim. Principalmente pelo fato de as pessoas, desde o início da minha carreira, sempre me julgarem por ser neto do Silvio Santos. Pela primeira vez, estou sendo reconhecido pelo meu trabalho e não por ser neto do Silvio Santos. É claro que eu tenho o maior orgulho de ser neto dele, mas o fato de as pessoas estarem me conhecendo como o “Tiago ator” me deixa muito mais feliz.
Os musicais vieram para ficar no Brasil?
Acho que os musicais sempre estiveram em alta, apesar de agora existirem várias produções ao mesmo tempo. Só em março, em São Paulo, estrearam cinco. Eu acho que estamos em uma fase de valorização em todos os sentidos. As pessoas estão abrindo os olhos e percebendo que este mercado está crescendo e que precisamos de estrutura para isso. Ainda não temos uma estrutura que suporte muitas produções, que permita, por exemplo, que essas cinco estreias possam ficar um ano e meio ou dois anos em cartaz. Não há palcos e teatros o suficiente. Os investidores têm de estar atentos à melhoria da estrutura física, para que possamos ter mais peças musicais.
Como você se preparou para viver o Tim Maia?
Ensaiei cerca de seis semanas para viver o Tim Maia. Vi umas 20 horas de vídeos de shows e entrevistas do Tim. Também conversei com algumas pessoas que eram próximas a ele, como a Lúcia Veríssimo, que fazia Amor e Revolução comigo e era amiga dele. Também falei com o Nelson Motta (autor da biografia O Som e a Fúria de Tim Maia). Foram pessoas que conviveram com ele e me deram material para construir esse personagem, que é a nossa visão do Tim Maia para o teatro.
Você vai viver um turco chamado Denir em Salve Jorge, próxima novela de Glória Perez na Globo. O que pode falar sobre o personagem?
Na verdade, é isso que posso revelar: será um turco chamado Denir (risos). Vai ser bem divertido. Esse foi um presente que a Glória me deu. Ela foi assistir à estreia do meu espetáculo lá no Rio. Depois, no fim do ano passado, ela me ligou dizendo que estava escrevendo a novela e que fez o personagem para mim. Ela disse que, depois de assistir ao espetáculo, quis escrever um personagem. Só tenho a agradecer. Não tinha como recusar esse convite.
E sobre a preparação para o Denir, você pode falar alguma coisa?
Ainda não sei exatamente o que eles querem dele. Mas, em relação aos meus estudos, estou assistindo a vídeos de entrevistas e documentários sobre a Turquia. Estou estudando a cultura e o jeito de falar dos brasileiros que vivem na Turquia, porque vou falar português com sotaque. Então é um processo diferente de tudo o que já vivi, ainda mais dentro da TV, apesar de já ter feito Amor e Revolução no SBT. É um processo de pesquisa muito grande. Apesar de o Denir ser um personagem fictício, nós vamos falar de coisas da realidade.
O que é necessário para as novelas do SBT serem mais competitivas? Você acha que elas podem chegar a concorrer com a Globo?
Eu acho que a palavra nem é concorrência. O fato de haver diferentes produções da teledramaturgia é bacana, porque existe um mercado ainda dominado pela Globo. E o mecado é dominado pela Globo porque ela investe. Acho que, se tem uma coisa que o SBT e todas as outras emissoras podem melhorar, para que possam produzir com qualidade, é, principalmente, investir mais. É acreditar que se pode fazer teledramaturgia de qualidade no Brasil.
Você pensa em fazer cinema?
Acho que esse é o sonho de todo o ator. O cinema te leva para um mundo de magia e realidade ao mesmo tempo. Acho que se ver na telona deve ser muito bacana. Já fiz um curta, o que foi uma experiência incrível. Fazer cinema é um sonho.
Há personagens que você gostaria de fazer e nunca teve a oportunidade?
Há vários personagens. Acho que o ator, a cada ano que passa, vai amadurecendo e vai sentindo vontade de dizer coisas. No teatro, tenho vontade de viver o Pumba, de O Rei Leão, e o Shrek.
Essas peças vão ser produzidas no Brasil, em breve…
Eu estou sabendo que vão chegar (risos), tanto o Rei Leão quanto o Shrek. Se rolar, eu ficarei feliz.
Muitas pessoas pensam que crescer como neto de Silvio Santos é uma coisa do outro mundo. Como foi para você?
Eu confesso que, para mim, a pergunta é engraçada porque eu nunca não fui neto do Silvio Santos. Então, para mim, é normal. Para as pessoas, há um distanciamento, mas para mim ele sempre foi meu avô. Eu digo que (ser neto de Silvio Santos) é legal. Na infância, acho que os pais dos meus amigos tinham mais consciência disso e influenciavam as crianças a me perguntar sobre isso. Quando fui crescendo, comecei a entender melhor por que as pessoas se assustavam com o fato de você ser parente de uma pessoa famosa como ele.
Sua admiração por ele é diferente?
Pelo fato de ele ser meu avô, já existe um carinho diferente do das outras pessoas. O fato de eu ser artista e me inspirar nele também me coloca em outro lugar, no sentido de ter uma admiração profissional. Sou fã desse cara, ele é um gênio da televisão.
Assista à entrevista com Tiago Abravanel: