Thogun, ator de 2 Coelhos, Tropa de Elite e O Palhaço


Créditos: divulgacao

Ele já foi militar em Tropa de Elite, pai do Acerola em Cidade dos Homens, Gordinni em O Palhaço e agora vive o bandido Bolinha em 2 Coelhos, elogiado filme brasileiro que está em cartaz nos cinemas. Sérgio André Teixeira ou Thogun Teixeira, como prefere ser chamado, começou a carreira como rapper, mas depois entrou de cabeça no cinema e já tem 24 filmes no currículo.

Carioca, de Cavalcanti na Zona Norte do Rio de Janeiro, o ator está crescendo tanto no ofício que foi parar até na capa da revista Raça, edição de fevereiro. A publicação esmiuçou a carreira de Thogun, desde sua primeira aparição, no documentário Fala Tu, de Guilherme Coelho, passando pela elogiada série da HBO, Filhos do Carnaval, até a diferente experiência de 2 Coelhos e A Montanha, seu próximo filme, no qual contracena com Daniel de Oliveira.

Em entrevista ao Virgula Diversão, ele comentou a importância do formato de 2 Coelhos para o cinema nacional, a relação com o diretor Afonso Poyart, a química entre os atores, a diversidade na carreira e até o recado inesquecível que recebeu de Jece Valadão, com quem contracenou na série da HBO.

 

Apesar dos elementos “máfia, favela e tráfico de drogas” abordados, 2 Coelhos é um filme bem diferente e moderno para o cinema brasileiro. Qual foi sua reação ao ler o roteiro?

Percebi que tinha um movimento que tirava o fôlego, tipo “jogo de xadrez”. Tudo poderia acontecer .Isso me instigou como ator…. Saber que o destino dos personagens poderia mudar imediatamente. Me surpreendeu, fiquei curioso e motivado a fazer sem reservas o melhor. Determinei a doar meu corpo para o personagem Bolinha e deu certo.

Como conheceu o diretor Afonso Poyart?

Já estava cotado e me preparando para o filme Bruna Surfistinha, quando o Afonso me ligou para falar sobre o personagem Bolinha. Foi um bate papo animado e intenso, ele já queria filmar o quanto antes, mas o melhor foi perceber o quanto pé no chão ele estava, e como a historia e o personagem estavam vivos nas suas falas. Ele nunca se colocou de forma arrogante com medo de perder o roteiro e o que desejava dele. Foi uma aula de desapego à propriedade intelectual, pois também sou diretor, e vi de um diretor iniciante o aprendizado primordial .

Em entrevista, o Poyart comentou que vários trechos do roteiro foram feitos com improvisações. Como você fez sua contribuição?

Afonso confiava no elenco e no roteiro, me deixou livre para criar. Ele estava preparado para tudo de novo , no filme.  Essa atitude do diretor ocasiona um set fluido, fechado na parceria.  Criação do diretor e parceria de toda equipe é fundamental, mas para isso o diretor tem que ter coragem, e o Afonso tem.

Como foram as filmagens e a química com os atores?

Um time de futebol disputando para ganhar o campeonato! E o melhor, ganhamos com atuações dignas de um saudoso futebol arte. Adorei todo o processo de construção da preparadora Fátima Toledo. Ela também foi vencedora em acreditar no possível, dando ao Afonso um elenco unido e bem focado. Processo incrível visceral que eu amo!

A trama poderia se passar perfeitamente no RJ. São Paulo era uma opção ou a história foi criada pensando na capital paulista?

Eu vejo que São Paulo tem todas as cores,  alguns dizem que São Paulo é cinza. Pela força dessa história e o movimento “frenético” desse filme, tinha que ser paulistano. Moro aqui há oito anos, tenho orgulho desta cidade. Sou carioca da gema e, agora, entendo o que é ser cidadão do mundo. Reafirmo, “este filme tinha que ser paulistano” e agradeço de coração por isso.

Você participou de várias novelas e outros trabalhos na TV, mas tem investido bastante no cinema nos últimos cinco anos. Pretende focar a carreira ou todos os trabalhos são bem-vindos?

Jece Valadão uma vez me disse: “Thogun , seja completo, pois nessa carreira pelas dificuldades de se manter  as suas contas em dia, não cabe dispensar um papel ou a arrogância de achar que sabe tudo. Pois para a arte não existe tamanho e sim estômago”.

Todos os filmes trazem experiências diferentes, mas sempre tem um que é especial. Qual foi a produção que mais gostou e mexeu com você?

A série Filhos do Carnaval, da HBO, as duas temporadas, e o filme O Palhaço, de Selton Mello, foram os trabalhos que mais mexeram comigo até hoje. 2 Coelhos é especial, pois depois que vi o filme entendi que o Afonso inaugurou uma nova linguagem no cinema nacional e fazer parte disso me deixa feliz. Minha vontade aumentou, meus horizontes se ampliaram e vi que estou no mercado certo. Quero construir futuramente meus filmes, pois estou mais maduro.

Pode falar um pouco sobre seu novo trabalho, A Montanha, considerado uma homenagem aos soldados brasileiros que caíram em solo italiano?

Fui regido pelo maestro Vicente Ferraz. Eu, Thogun Teixeira, na pele do Sargento Laurindo, experimentei pela primeira vez na vida, os grandes desafios deste filme, a “neve“ e o frio, que às vezes chegava a 23 graus negativos. Isso me fez entender toda a dificuldade de estar em terras estranhas em circunstâncias adversas da época. Tive a oportunidade de ver nos olhos dos filhos e netos destes pracinhas italianos, a emoção quando narravam historias incríveis de desafio e força e ao ver reconstruídos estes fatos históricos por meio dos cenários da época. Vi como esta guerra foi cruel e desmedida. Essa emoção também estava estampada nos rostos dos atores veteranos Sérgio Rubini e Richard Sammel, com os quais tive a honra do aprendizado e convívio de grande parceria e humildade. Eles mandaram muito bem neste filme.

As gravações aconteceram em meio a neve das montanhas de Friuli. Como fez pra driblar o frio?

Na verdade ocorreu em todo norte da Itália quase filmamos na Eslovênia. Frio realmente é catastrófico nestes locais, às vezes eu via reclamação até dos italianos. Tivemos toda preparação militar em condições extremas, no Brasil e duas semanas se adaptando ao terreno, altitudes e frio com o preparador Christian Duurvoort e consultores italianos do filme. É difícil driblar o frio na Europa (risos).




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