Papéis de Rosanne Mulholland
Antes de ficar conhecida por crianças de todo o Brasil como a doce professora Helena de Carrossel (SBT), a atriz Rosanne Mulholland, 31 anos, já tinha uma carreira consolidada no cinema. Em 2007, após sua arrebatadora atuação em Falsa Loura, foi apontada como a nova “queridinha do cinema nacional”. Apesar de, nos últimos anos, ter diminuído suas atividades nas telonas, a atriz afirma que seu sonho é conciliar, ao longo da carreira, trabalhos no cinema, no teatro e na TV.
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“Cinema continuou sendo minha prioridade, mas decidi me arriscar um pouco na telinha também”, disse Rosanne, em entrevista ao Virgula Diversão. A atriz estreou seu mais recente filme, Menos que Nada, dirigido por Carlos Gerbase, em julho.
Para a atriz, a experiência de atuar com atores-mirins em Carrossel tem sido positiva. Ela garante que, apesar da bagunça que fazem quando estão todas juntas, as crianças têm evoluído bastante como atores.
Confira, a seguir, o bate-papo com Rosanne Mulholland, em que ela fala sobre a novela do SBT e sua carreira na TV e no cinema, além de discutir cenas de nudez e sexo em filmes.
Quais programas infantis você gostava de acompanhar quando pequena? Na sua opinião, para além do entretenimento, há uma função educativa ou social em programas como Carrossel?
Na TV, eu gostava de Carrossel, desenhos animados, Chaves, Punky – A Levada da Breca, Os Trapalhões e outros programas. Acho que Carrossel é um dos programas infantis que procuram, além de entreter, educar as crianças. Estimula a conversa entre pais e filhos e prepara a criança para a vida.
É difícil trabalhar com tantos atores-mirins? Eles são comportados nas gravações?
Quando estão em grupos pequenos é mais tranquilo. Mas quando estão todos juntos é mais complicado (risos). Mas são meninos inteligentíssimos e muito queridos!
Você percebeu progresso na capacidade de interpretação deles, desde o início da novela?
É impressionante o crescimento que tiveram ao longo das gravações. É muito bom acompanhar esse crescimento, ter a companhia deles no dia a dia e a experiência de contracenar com eles.
Se você fosse criança, qual personagem gostaria de fazer em Carrossel?
Gostaria de fazer a Valéria [interpretada por Maisa Silva] porque é uma personagem que apronta, tem a língua afiada, é sincera e muito leal. É alegre, boa amiga, mas nem sempre é correta em seu comportamento. É cheia de nuances e ainda tem a paixãozinha pelo colega de classe. É a amiga que eu gostaria de ter.
Você já interpretou algumas mulheres bem louconas no cinema. Ser boazinha demais em tempo integral, na pele da professora Helena, não cansa um pouco?
O grande desafio da Helena é justamente o fato de ela ser boazinha e estar sempre envolvida nos problemas dos outros. Procuro humanizá-la e dar o maior colorido possível sem perder a doçura. Acho que fazer uma vilã da pesada deve ser mais exaustivo, principalmente em uma novela, pois passamos muitos meses trabalhando no mesmo papel.
Após você estrear como a professora Helena, muita gente fez barulho em razão de sua cena de nu frontal em Falsa Loura, do Carlos Reichenbach. Esse tipo de reação te incomodou? Você acha que o fato de ter vivido a professora Helena vai restringir sua escolha de papéis no futuro, de alguma forma?
Uma cena fora de contexto não significa nada, não diz a que veio. Usar isso misturando ator com personagem para criar uma impressão grotesca do trabalho é uma grande falta de respeito ao artista e à obra. Infelizmente, a internet virou terra de ninguém e as pessoas se acham no direito de dizer o que querem sem a menor responsabilidade. Fico, sim, muito chateada, já que não foi para isso que fiz esse filme de que tanto gosto. Acho que mais que a Helena, a minha experiência até aqui faz com que eu me torne cada vez mais exigente na escolha dos meus papéis.
Há alguma coisa que não faria em cena, por mais sentido que isso fizesse no roteiro? Você, por exemplo, teria coragem de participar do filme “pornográfico” de Lars Von Trier, The Nymphomaniac, com cenas de sexo explícito?
Cenas de sexo não são confortáveis, mas são parte importante de algumas histórias. Há, pelo menos, dois tipos de cena que, para mim, devem ser apenas simuladas: cenas de sexo e de morte. Nosso trabalho não é fazer tudo o que o personagem faz, mas fazer com que o público pense que é real enquanto assiste ao filme. Não faria nada que prejudicasse a minha saúde e jamais faria sexo de verdade.
Após sua atuação em Falsa Loura, você recebeu elogios rasgados do Reichenbach e chegou a ser apontada como a nova queridinha do cinema nacional. Você sentiu uma responsabilidade maior nos ombros por conta disso?
No início senti sim, fiquei tensa. Hoje sou muito grata por essas experiências, muito feliz pelos meus acertos. Me concentro em fazer sempre o meu melhor.
Fale um pouco sobre seu filme mais recente, Menos que Nada, em que interpretou uma paleontóloga? O que levou de experiências desse projeto?
Minha personagem era a René, uma jovem paleontóloga promissora e de caráter duvidoso. Aprendi muito sobre paleontologia e arqueologia e me interessei pelo paralelo entre psiquiatria e arqueologia que Carlos Gerbase [diretor] fez no filme. Tive a oportunidade de desenvolver as nuances de uma personagem que não tem pudor de fazer o que for preciso para conseguir o que quer.
Você está satisfeita com o que está sendo produzido no cinema nacional atualmente? Quais filmes recentes te chamaram a atenção?
Nossa produção vem crescendo bastante e oferecendo opções diversificadas ao público. É uma pena que apenas uma pequena parte chegue ao circuito exibidor. Alguns dos filmes que mais me chamaram atenção ultimamente foram Além da Estrada, O Palhaço, Dois Coelhos e Rock Brasília, mas ainda quero muito assistir a Febre do Rato, Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios, Riscado e Colegas.
Desde 2008, você diminuiu suas participações em filmes. Isso aconteceu por conta de seus projetos na televisão? Você pretende continuar conciliando TV e cinema nos próximos anos?
Depois de 2008 recebi mais propostas para trabalhar em TV. Cinema continuou sendo minha prioridade, mas decidi me arriscar um pouco na telinha também. Meu sonho é conciliar cinema, teatro e TV ao longo da vida. Vários atores que admiro conseguem fazer isso.
Você grava Carrossel até dezembro. Depois disso, há a possibilidade de haver uma nova temporada? Isso já foi conversado com o SBT?
Não houve nenhuma conversa nesse sentido.
Quais são seus grandes objetivos na carreira de atriz? Após Carrossel, quais são os próximos passos?
Quero ser uma atriz cada vez melhor, com histórias interessantes para contar, temas importantes para discutir e personagens intrigantes para viver. Após Carrossel, pretendo atuar em uma produção minha no teatro.