Heleno - O Príncipe Maldito, com Rodrigo Santoro
O jogador Heleno de Freitas, uma lenda do futebol brasileiro da década de 1940 que caiu no esquecimento, voltou a brilhar na pele do ator Rodrigo Santoro em um filme que já deixou sua marca na salas brasileiras e estreia nesta sexta-feira (7) nos Estados Unidos.
“Heleno foi um personagem muito importante na história do futebol brasileiro, parte de nosso patrimônio, mas sua história se perdeu no tempo, por isso é uma honra poder recuperá-la para minha geração, e inclusive para a do meu pai”, declarou Santoro à Agência Efe.
Por isso, o filme Heleno, dirigido por José Henrique Fonseca, que estreou em março deste ano no Brasil e que chega amanhã aos cinemas de Nova York, Miami e Los Angeles, tenta resgatar a figura deste jogador (1920-1959) que, mais que um simples atleta, era também um “ator”, segundo Santoro.
O astro brasileiro acrescentou que o único membro de sua família que lembrava de Heleno era seu avô, já que essa foi a geração que presenciou a fulgurante carreira deste jogador que defendeu o Botafogo e que morreu de sífilis aos 39 anos, para depois cair pouco a pouco no esquecimento.
Santoro descreveu como Fonseca lhe falou da biografia de Heleno, após o que começaram a investigar e entrevistar pessoas anos que o viram jogar. Este trabalho lhes tomou um ano, durante o qual escutaram “um montão de histórias incríveis”, relatou o ator.
“Cada pequeno detalhe que descobria sobre este personagem me intrigava mais e mais. Como jogador era muito bom, habilidoso, um gênio, mas pessoalmente era extremamente instável e problemático, tinha quase dupla personalidade”, detalhou Santoro.
Sua polêmica personalidade contrastava com a qualidade de seu jogo, louvado inclusive pelo escritor Gabriel García Márquez, que disse, durante a época na qual Heleno jogou em Barranquilla (Colômbia), que a entrada para vê-lo em ação valia cada centavo, mesmo que o time perdesse a partida.
Santoro lembrou ainda o grande “desafio” que enfrentou para dar vida a este personagem, uma preparação “longa e intensa” que incluiu aulas com jogadores profissionais, conversas com médicos para informar-se sobre a sífilis e perder 12 quilos em dois meses.
“Mas sinto que a missão foi cumprida”, ressaltou, celebrando o fato de o filme, no qual ele também participou como produtor, ser distribuído agora nos EUA e, possivelmente, em países europeus como Espanha, Reino Unido e Alemanha.
Por fim, Santoro sugeriu como possíveis razões para que Heleno caísse no esquecimento o fato de ter “má reputação” e a profusão de estrelas futebolísticas do Brasil.
“Mas esta história perdida precisava ser contada. Heleno era um grande jogador, atrevido, com uma personalidade muito forte e o que sempre gostou de desafiar o público”, concluiu.