Ariel Goldemberg, Juliana Didone e o diretor Marcelo Galvão falam sobre Colegas


Créditos: Taiz Dering

Criado com um tio que nasceu com síndrome de Down, o diretor Marcelo Galvão queria levar às telas o mesmo tipo de energia que sentia durante a infância. “Mas eu não queria fazer um filme sobre síndrome de Down, queria fazer uma comédia, um filme leve e divertido. Queria que ele tivesse a energia gostosa que eu tinha na minha infância, porque meu tio tinha um coração gigante, era super engraçado, carismático pra caramba”, explica, em entrevista exclusiva ao Virgula Diversão.

 

“E eu sabia que se tivesse três garotos com síndrome de Down como protagonistas eu teria isso, porque essas características são meio comuns a eles”, acrescenta. Surgiu assim Colegas, uma história que ele começou a escrever há sete anos, e que finalmente chega aos cinemas no próximo dia 1, após vencer o Festival de Gramado e receber prêmios na Rússia e na Itália, além de ser apresentado – e elogiado – em vários outros festivais pelo mundo.

O filme conta a história de dois rapazes e uma moça que, apaixonados por cinema e inspirados por Thelma e Louise, pegam o velho Karmann-Ghia do jardineiro (interpretado por Lima Duarte), fogem da instituição onde vivem e partem em busca de três sonhos: Stalone (Ariel Goldenberg) quer ver o mar, Aninha (Rita Pokk) quer se casar e Márcio (Breno Viola) precisa voar.

Ariel e Rita, que são casados na vida real, fazem parte da trajetória de Colegas há cerca de cinco anos, enquanto Breno foi uma agradável descoberta durante o casting. “O Ariel e a Rita eu conheci através da Marilia Gabriela, que é minha amiga e os entrevistou. O Breno eu encontrei no Rio, depois de mais de 300 garotos testados. Foi por causa da televisão também, porque ele é faixa preta de judô e estava em um programa de esportes. E ele mandou super bem, vi que era muito eloquente, engraçado”, conta o diretor.

Experiência

“Gostei muito da experiência que eu tive com o Marcelo e com toda a equipe. É meu primeiro longa e eu quero muito continuar sendo ator. Quero continuar fazendo cinema, e seriados, caso tenha uma oportunidade. Se o Marcelo ou algum outro diretor me chamar para fazer outro filme, vou aceitar de braços abertos”, comemora Ariel, empolgado.

O ator, que começou a interpretar ainda em peças na escola e já tem passagens pela TV, vem chamando a atenção também pelo sucesso nas redes sociais da campanha Vem Sean Penn, na qual pede que seu ídolo venha ao Brasil para assistir à estreia de Colegas. Ariel não sabe se o ator norte-americano virá, mas está otimista. “Ainda é fevereiro, né? Até 1º de março tem tempo”, calcula ele, que diz ter ficado “de queixo caído” com a repercussão da campanha (assista ao vídeo abaixo).

Juliana Didone, que faz o papel de Patrícia, uma repórter sensacionalista, também está bastante feliz por estrear no cinema em Colegas. “É meu primeiro filme e as coisas realmente acontecem no momento certo. Eu já queria trabalhar com o Marcelo e quando soube o que era o filme, quando li o roteiro, quis muito fazer. Falei que só tivesse o papel da árvore eu já aceitaria”, brinca.

“Fico muito feliz por ter começado fazendo justamente esse filme. Tive um cunhado com síndrome de Down, o Paulinho, com o qual convivi por uns dois anos. E eles têm uma autenticidade que a gente vai perdendo. É como se eles não perdessem isso durante o crescimento. Nós vamos colocando umas máscaras e eles não”, analisa a atriz.

Mega produção

O período tão longo entre a concepção e a realização do filme se explica pelas dificuldades em obter recursos, especialmente por se tratar de um filme caro. “Fazer um filme é difícil em qualquer lugar do mundo, no Brasil a gente até que ainda tem leis de incentivo. Mas, este, em particular, eu achei que fosse ser mais fácil. Porque é uma comédia, um filme divertido, de entretenimento, não é um filme pessoal. E é também um projeto de inclusão social, então agrega muito valor a uma marca se associar a isso. Mas existe muito preconceito, gente de cabeça pequena que não entendeu dessa forma e não quis investir”, lamenta o diretor.

Mas, por outro lado, a paciência garantiu que o projeto fosse executado exatamente como planejado. “É um filme grande pra caramba, é uma mega produção, que se passa no Brasil e na Argentina, tem cenas aéreas, uma figuração enorme e um elenco convidado super de primeira linha. É um filme caro e nada faltou nele. Desde o roteiro eu queria filmar um Karmann-Ghia entrando em uma plantação de girassol, sempre imaginei (uma cena) nas falésias de Torres, e isso está lá. Teve tudo que a gente queria”, garante.

Assista abaixo ao trailer de Colegas, que tem ainda participações de Leonardo Miggiorin, Marco Luque, Christiano Cochrane, Daniele Valente, Otavio Mesquita, Germano Pereira, Nill Marcondes e Thogun, entre outros.

Trailer de Colegas

Vídeo da campanha Vem Sean Penn, do filme Colegas


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'Queria comédia leve e divertida, não um filme sobre síndrome de Down', diz diretor de Colegas