“Preto tá na Moda”: Cleissa Martins lança série inédita no Canal Futura (Foto: Estevam Avellar)

Prêmio Next Generation, um estimulador de jovens a trabalhar em prol de uma sociedade aberta e inclusiva por meio das artes e da cultura. Foi assim, através desse prêmio promovido pelo Prince Claus Fund, que tem como missão apoiar, honrar e conectar artistas e praticantes culturais em África, Ásia, América Latina, Caribe e Leste Europeu, que Cleissa Regina Martins conseguiu o apoio para finalmente mostrar ao mundo seu mais novo projeto: “Preto Tá Na Moda / Black is Fashionable”.

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No ar a partir do dia 04/07, no canal Futura, a série traz a cada episódio um designer de moda negro falando sobre seu trabalho, processo criativo e trajetória navegando a indústria da moda brasileira. Durante a temporada, foram ouvidos estilistas com diferentes características, vindos de diferentes locais do Brasil e do continente africano e com diferentes processos criativos e visões sobre moda.

Ainda em desenvolvimento, o projeto foi apresentado num encontro de cineastas ibero-americanos na Guatemala. Onde, para a roteirista, foi incrível ver o interesse das pessoas de outros países latinos na série, mesmo em países onde a população negra é bem menor do que no Brasil. Cleissa viu de perto pessoas interessadas em conteúdo com diversidade.

“Eu sempre gostei bastante de moda. É uma área na qual é bem difícil para pessoas negras entrarem e se manterem. Então me interessou saber quem está conseguindo furar essa bolha e como estão fazendo isso. A ideia surgiu quando comecei a conhecer alguns designers negros brasileiros que estavam ficando conhecidos na cena e quis muito saber o processo deles, entender como criavam e como tinham chegado ali. Apesar de achar importante falar sobre as dificuldades em entrar nessa estrutura, minha intenção foi ouvir os entrevistados como artistas, entender o que é único nas criações deles. Acho que moda é arte e é política também e busquei na série equilibrar esses dois pontos.”, explica a roteirista.

Cleissa é o nome responsável pela criação e roteirização dos Especiais de Natal “Juntos a Magia Acontece” (2019) e “Juntos a Magia Acontece 2” (2021), o primeiro a ter uma família negra como protagonista, e, através desse trabalho, se tornou a primeira roteirista negra a ter um projeto autoral na TV Globo. Atualmente, é colaboradora em Terra e Paixão, novela das 21h de Walcyr Carrasco (TV Globo, 2023). Nesta nova série documental, além de roteirista, Cleissa faz estreia também como diretora.

“Eu dirigi e produzi a série, então foi um desafio muito grande, mas também muito gratificante ver o resultado agora. Aprendi muito com esse projeto e acho que pude experimentar algumas coisas que não conseguiria se a série não fosse totalmente autoral. Vemos agora uma pressão por mais profissionais negros no mercado, mas na maioria das vezes para ocuparmos esses espaços não conseguimos arriscar, experimentar, temos que entregar algo num formato já pré-concebido. Acho importante fazer algo diferente, mesmo que seja pra fazer melhor aquilo que é o comum.”, conta.

Trazendo no próprio nome a referência ao tema da moda, a série também se propõe a fazer uma brincadeira com a ideia de que os negros estão em evidência. “Agora todo mundo precisa estar próximo dos temas das negritudes, mas a verdade é que não somos esse bloco homogêneo que tem sido pintado. Apesar dos personagens terem questões similares, são todos muito diferentes. Cada episódio é muito diferente do outro pela singularidade dos entrevistados. Tem personagem que diz que não viveria se a moda acabasse amanhã, tem personagem que diz que acharia ótimo. Não à toa, o título do último episódio diz que moda é individualidade e a personagem traz com força essa ideia de que pessoas negras não são iguais, somos indivíduos”, explica Cleissa.

Com uma equipe majoritariamente negra e jovem e com um bom balanço de gênero, esse também é primeiro projeto de Cleissa realizado pela sua própria produtora, a Gêmeos Filmes, localizada na periferia do Rio, em Magalhães Bastos. Giulia Santos, designer da zona norte do Rio, responsável pela identidade visual da série e Rodrigo Caê, músico e produtor de Belford Roxo, compositor da trilha sonora original, são alguns dos outros jovens negros que compõem a equipe.

“O financiamento era direcionado a pessoas jovens, mas também fiz questão de trazer jovens negros para a equipe, porque por mais que hoje em dia algumas portas estejam se abrindo, muitas vezes os ambientes de trabalho são bem difíceis, ainda majoritariamente brancos, masculinos e onde a gente não consegue se expressar por completo. Uma das coisas mais legais da produção da série foi que a gente conseguiu criar um ambiente acolhedor, justamente por estarmos numa maioria jovem e negra. Fez diferença também para os personagens, que sabiam que a gente entendia os desafios que eles estavam abordando”, ressalta Cleissa.

Ao todo são 8 episódios, sendo exibido um por semana no Canal Futura, às 21h, que também serão disponibilizados no Globoplay. Integram o elenco Hisan Silva e Pedro Batalha (Moda pra Todos os Corpos); Jal Vieira (Moda Feita de Gente); Isaac Silva (Moda com Axé); Tenka Dara (Moda que Conecta); Diego Gama (Moda é Forma); Izabella Suzart (Moda nos Pés); Weider Silveiro (Moda é Paixão); e Angela Brito (Moda é Individualidade).


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"Preto tá na Moda": Cleissa Martins lança série inédita no Canal Futura

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