“O sonho de todo português é de que Brasil e Portugal façam a final da Copa do Mundo de 2014”, disse Cesar Cunha Moreno, um dos taxistas mais experientes de Lisboa, ao iniciar a corrida do Estádio da Luz rumo a Porto Salvo, um freguesia portuguesa do concelho de Oeiras, e descobrir que a viagem seria feita com um brasileiro no banco do passageiro. Aos 65 anos de idade, o popular Bigode é conhecido na capital portuguesa por sua semelhança com Felipão.

Fã do futebol brasileiro e torcedor do Sporting, de Lisboa, Cesar Moreno, em um bate-papo rápido com a reportagem do Top Of The Pops, usou a experiência vivida na Eurocopa de 2004, e também na final da Champions League deste ano, para citar os problemas que o Brasil terá na Copa.

“Lisboa é uma cidade com menos de um milhão de habitantes, temos uma frota de quase quatro mil taxistas, metrô e ônibus nas proximidades de estádio e mesmo assim não comportamos o excesso de pessoas. Imagina em São Paulo ou no Rio? Na Euro, por exemplo, tivemos grandes problemas, mas estávamos passando por um momento de transição e graças a Deus deu tudo certo. Torço para que no Brasil seja assim também”, explicou.

Moreno lembra ainda da grande quantidade de dinheiro gasta nos 12 estádios do Mundial do Brasil e lamenta o que foi feito no Maracanã durante a reforma para a Copa.

“O povo está protestando pelos altos valores investidos nas arenas e pelo esquecimento de outras prioridades, como saúde e transporte. Eles estão certos, tem que reivindicar. Além disso, o que fizeram com o Maracanã é um absurdo. Destruíram um patrimônio da humanidade com essa reforma”, opinou.

Leonel João Barros Goncalves, outro experiente taxista de Lisboa, de 44 anos, também sonha  com uma final caseira entre Brasil e Portugal na Copa de 2014, mas adota cautela ao falar do assunto.

“Seria o ápice para nós ver algo desse tipo, mas sabemos de nossas limitações e das dificuldades que teremos já na fase de grupos. Será um Mundial duríssimo e dependemos demais do Cristiano Ronaldo”, afirmou o português, em uma rápida corrida até o Castelo de São Jorge, ao falar dos confrontos do Grupo G contra Alemanha, Estados Unidos e Gana, respectivamente.

Sobre a situação do Brasil, com atrasos e obras inacabadas, Leonel fez uma breve comparação a Portugal de 10 anos atrás.

“A Copa trará coisas boas e coisas ruins para o Brasil. Sabemos disso. A Euro de 2004 foi assim também, conseguimos superar alguns problemas, mas temos estádios que custaram muito e não estão sendo mais usados”, explicou.

Vale lembrar que a Eurocopa 2004 foi realizada em meio a um sentimento de boom em Portugal. E, assim como aconteceu entre Fifa e Brasil, a Uefa não pediu, mas os portugueses decidiram realizar o evento em oito cidades, com um total de dez estádios, o que consumiu, na época, cerca de 1,1 bilhão de euros.

O Estádio da Luz, do Benfica, foi um dos palcos da Eurocopa de 2004

Já no Brasil, segundo o último levantamento feito pelo próprio Governo Federal, por meio do Portal da Copa, os custos do Mundial estão batendo a casa dos R$ 10 bilhões.


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Portugueses lamentam ‘destruição’ do Maracanã para a Copa e sonham com final caseira

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