A segunda temporada de ‘O Mecanismo’ estreou na Netflix nesta sexta-feira (10). Os novos episódios inspirados na Operação Lava Jato possuem “discussões mais amplas”, segundo Selton Mello. Mas uma cena em particular promete impactar e constranger uma parcela do público. Caso você ainda não tenha visto a temporada completa, cuidado, spoilers à vista!
Bom, agora que já estão avisados, precisamos conversar sobre o encontro de Vander (Jonathan Haagensen) e o ex-presidente João Higino (Arthur Kohl). O policial federal é o responsável por acompanhar o político numa condução coercitiva aprovada pelo juiz Paulo Rigo (Otto Jr.).
Porém, ao descobrir a operação, Vander relata a Verena: “o que Gino fez por esse país ninguém nunca tinha feito antes. Isso não tem como negar.” Porém, a conversa mostra porque o policial está tão dividido: “eu sou o único filho da minha mãe formado em uma faculdade. Meus irmãos mais velhos não tiveram nem a chance de sonhar com isso. Na casa da minha mãe tem mais foto do Gino do que da gente. Se ela souber o que eu estou fazendo, Verena… Ela vai ficar decepcionada comigo.”
Na coletiva de imprensa da segunda temporada, na última terça-feira (7), Jonathan Haagensen comentou como foi fazer a cena da condução coercitiva, que mostra um Vander visivelmente sem jeito e dividido.
“Quando veio essa cena fiquei empolgado por ter esse conflito, pois imagino que as pessoas que trabalham nessas instituições também viveram isso”, explicou.
O ator relembra que, antes de chegar a uma posição de poder, o personagem precisou enfrentar diversos desafios: “família humilde, negra, de favela… Um histórico quase impossível para ele estar naquele lugar”. É daí que surge o conflito: “o governo que garantiu seu acesso à faculdade, deu essa possibilidade dele exercer um sonho de se formar, ele tem que abordar o cara (Gino) que proporcionou isso dentro da ótica política.”
Jonathan chegou a conversar com Otto Jr., o responsável na série por autorizar a operação, para criar uma cena mais complexa. “Falei que as camadas são muito mais profundas, na verdade, essa condução é um pano de fundo para as relações, mostrar como todos os personagens têm esse conflito na vida pessoal”. “Eu achei importante mostrar o impacto que a corrupção gera na vida de cada um, do presidente ao policial. Achei simbólica essa cena”, completou.
Jonathan comparou a postura de seu personagem da primeira para a segunda temporada. Começando como um policial ingênuo, a carreira o obriga a criar uma “casca grossa”. “Ele começa muito ingênuo nessa investigação, com sede de justiça. Quando ele se depara com todo esse sistema reverso, genocida, começa a ficar meio assustador. Ele percebe que tem que se posicionar”. “Ele percebe que tem que ser quase que uma Verena, um Ruffo”, reflete.