The Artist, com Jean Dujardin e Bérénice Bejo
Sob o lema de No risk, no Prize (sem risco, não há prêmio), os prêmios Independent Spirit de cinema também sucumbiram ao encantamento de O Artista, que parece abrir seu caminho para os prêmios Oscar deste domingo, apenas algumas horas depois de arrasar nos César.
Michel Hazanavicius chegou no final da cerimônia na qual seu filme ganhou quatro prêmios – melhor filme, diretor, ator (Jean Dujardin) e fotografia -, já que acabava de aterrissar nos Estados Unidos depois de participar da cerimônia dos César, na França.
Com Globos de Ouro, Baftas, prêmios da crítica e melhor interpretação em Cannes em sua vitrine, o filme francês que homenageia sem palavras o início da indústria americana de cinema, deixou no vazio o outro grande favorito, o excepcional Take Shelter, de Jeff Nichols, que também tinha cinco indicações.
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Os Independent Spirit voltaram a deixar em suspenso justamente seu espírito independente em relação aos prêmios Oscar, para os quais O Artista também é um dos favoritos, apesar de ser certo que o filme francês, apadrinhado por Harvey Weinstein, foi sucesso praticamente milagroso de um diretor que demorou sete anos para encontrar financiamento para seu projeto.
Por via das dúvidas, o aceno ao alternativo, ao marginal e à arte acima da indústria foram a força motriz da festa: desde o prêmio de melhor atriz a uma musa do independente, Michelle Williams por Sete Dias com Marilyn, a um palco mais centrado em Nova York que em Hollywood e à presença de John Waters, irreverente e barroco em sua precariedade de Baltimore.
“Vim há dez anos com minha própria roupa e meu próprio penteado, mas neste lugar não me sentia tão mal”, disse a atriz, que se mimetiza de maneira espetacular com Marilyn Monroe no filme.
Mas neste sábado havia altas doses de glamour corrompendo essa personalidade minimalista dos prêmios. Com as estrelas mais relaxadas, mas estrelas afinal de contas. Com modelos mais curtos e cômodos, mas também dos melhores estilistas. E com patrocinadores como Piaget e Audi.
Em cerimônia mais breve que a do Oscar, brincou-se sobre os temas de pouca esperança dos filmes finalistas – câncer, esquizofrenia, suicídios, depressão, crise econômica – mas finalmente o espírito otimista e zombador de O Artista foi premiado.
Em segundo plano ficaram Os Descendentes, de Alexander Payne – melhor roteiro e melhor atriz coadjuvante, para Shailene Woodley – e Margin Call – O Dia Antes do Fim, o único filme que se atreveu a abordar a crise econômica, que levou os prêmios de melhor elenco e melhor diretor novato, J.C. Chandor.
O primeiro a subir ao palco, além do mestre de cerimônias (um desbocado Seth Rogen), foi o venerável Christopher Plummer, que continua arrasando na pré-temporada do Oscar com sua interpretação vitalmente crepuscular em Toda Forma de Amor, pelo qual levou o prêmio de melhor ator coadjuvante.
Rogen se alegrou especialmente com o prêmio de melhor roteiro, pois foi para um filme no qual ele atuou, 50% e os Independent Spirit também não mudaram excessivamente o roteiro ao dar ao iraniano A Separação o prêmio de melhor filme estrangeiro.
Seu diretor, Asghar Farhadi, quis destacar o caráter informal dos prêmios. “Nunca pensei que receberia um prêmio em uma tenda de praia”, disse, em referência à localização desta cerimônia, em plena praia de Santa Mônica, onde patinadores e ciclistas pararam para observar seu tapete violeta.
O quadro de honra foi completado pelo melhor documentário, que foi The Interrupters, de Steve James.