Por ocasião do Dia Internacional da Mulher, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) lançou neste sábado, 8 de março, “Elle”, o terceiro de seus filmes sobre o Haiti, um documentário dirigido pelo espanhol Raúl de la Fuente, informou o organismo à Agência Efe.
Após ter sido premiado na última edição dos Goya, De la Fuente construiu uma obra cuja grandeza não está apenas em sua qualidade, mas na forma como trata a integração da mulher, sua luta cotidiana como pessoa, como mãe, como cidadã e como trabalhadora, demonstrando um instinto de sobrevivência infatigável.
Segundo o PNUD no Haiti, o que mais chama a atenção é o contexto no qual este filme foi rodada: o Haiti na etapa da recuperação após o terremoto de 12 de janeiro de 2010.
A realidade mostrada em “Elle” é muito distinta à qual estamos acostumados: a alegria do povo, seu espírito lutador, sua dignidade, sua vontade de superação, o charme de suas mulheres – todos estes elementos confrontam os preconceitos aos que estamos acostumados: compaixão, miséria, indiferença e dependência.
Apesar de o filme se centrar no dia a dia em Porto Príncipe e isso abarcar vários temas, a sutileza com a qual são tratados oferece grande liberdade de interpretação ao espectador: as consequências de viver em um Estado carente de um sistema de proteção social, o impacto ampliado que tem um imprevisto nesse contexto, a relação entre falta de oportunidades e migração e os sonhos de um futuro promissor.
Segundo o PNUD, a produção, que foi duramente criticada por alguns meios de comunicação, embarca o público em uma reflexão mais profunda, convidando o espectador a compreender a complexidade de um país e que o dia 12 de janeiro não é a fonte dos grandes desafios do Haiti; e que o terremoto apenas os evidenciou.
“Esperamos com ansiedade os outros dois filmes também dirigidas por Raúl de la Fuente”, destacou o PNUD, lembrando que o cineasta dirigiu o aclamado “Nömadak Tx”, premiado em vários festivais do mundo todo.
De acordo com o PNUD no Haiti, os outros dois filmes que compõem esta trilogia tratam a realidade econômica de um país que depende das remessas, assim como o dia a dia em um bairro precário da capital Porto Príncipe.
