Sem um grande sucesso na carreira desde a trilogia “Matrix” (1999) e ausente das superproduções de Hollywood desde 2008, Keanu Reeves confessa sua satisfação por voltar ao cinema com “47 Ronins “, um épico que fala sobre honra ambientado no Japão do século XVII que chega ao cinema americano no Natal e em 31 de janeiro no Brasil.

“Não estava fugindo dos estúdios. Simplesmente, não acontece. É bom estar de volta”, reconheceu Keanu Reeves em entrevista à Agência Efe. Neste filme ele interpreta o pária mestiço Kai, um dos 47 homens deserdados da tradição samurai nesta história clássica da cultura japonesa.

No filme, que teve um orçamento de mais de US$ 200 milhões, Reeves luta na tela para recuperar a honra de seu amo traído, mas também volta simbolicamente para lutar por sua honra no olimpo de Hollywood.

O ator procura se reconciliar com estrelato do qual saía pelo tangente com sua banda, com suas corridas de moto, e também com filmes alternativos como “Garotos de Programa” (1991), “Impulsividade” (2005) ou com o documentário que ele mesmo dirigiu, “Man of Tai Chi” (sem título em português, 2012).

“Sempre quis fazer histórias independentes e filmes de estúdio. Os grandes estúdios te dão a oportunidade de criar mundos e alcançar dimensões que evidentemente não são possíveis no cinema independente”, explicou.

“Mas os filmes independentes são capazes de contar histórias menos populares. Espero ter sido capaz de apresentar algo nesses filmes não tão populares”.

“47 Ronins”, para ele, combina ambas as tendências. “Este filme cria um mundo e tem uma escala e um objetivo de fantasia, mas ao mesmo tempo fala de lutar por seu lugar, sua casa, por quem somos, e isso é universal. É ação e fantasia, mas também intimidade”.

Dirigido pelo mestre visual Carl Rinsch e que conta com as estrelas do cinema japonês Rinko Kikuchi (conhecida por “Babel”) e Hiroyuki Sanada (o Shingen de “Wolverine: Imortal “), combina, efetivamente, cenas de espada samurai com o drama e o conflito da diáspora e da mestiçagem que afeta Reeves também na vida real.

Nascido em 1964 em Beirute, com uma carreira na qual passou pelas mãos de Bernardo Bertolucci, Francis Ford Coppola, Gus Van Sant, Kathryn Bigelow, os irmãos Wachowski e Rebecca Miller, Reeves é de todo lugar, e de lugar nenhum.

“Sou chinês, havaiano e inglês, cresci no Canadá. Quando às vezes vou ao Havaí para ver meus primos me chamam ‘hapa’, que significa que é algo intermediário, o que fazia de mim um ‘outsider’ ali. E depois fui a diferentes escolas e também era um ‘outsider’. Tenho esse sentimento de isolamento do personagem. É só o princípio, não necessariamente define o personagem, mas é um lugar no qual começar”, explicou.

E assim, o ator de sucessos comerciais como “Advogado do Diabo” (1997) e “Velocidade Máxima” (1995), ídolo geracional graças a “Matrix”, explora de novo seus traços orientais (que já utilizou para se transformar no príncipe Sidarta em “O Pequeno Buda” 1993) e se envolve em um mundo de fantástico, cheio de feitiços, trânsito de almas e iconografia japonesa, para uma história global.

“Nós sempre falamos de morrer por amor a nosso país. É verdade que uma parte desse conceito de honra é unicamente japonesa. Sua cultura do sacrifício próprio e como está ritualizado o suicídio são definitivamente únicos. Mas a ideia da honra ao nome, ao lugar, ao país e para as gerações posteriores é totalmente universal”.


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Keanu Reeves volta às superproduções em "47 Ronins"

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