Pôsteres marcam os 75 anos da primeira aparição de Batman
Ele nasceu em uma história em quadrinhos, voou para as séries de televisão e se transformou em filme. O homem-morcego completa nesta quarta-feira 75 anos, e a empresa que o criou, a DC Entertainment, definiu 23 de julho como “Batman Day”.
Antagonistas lendários como o Coringa, Duas-Caras, Mulher-Gato e Charada. Amantes como Vicki Vale, Linda Page e Julie Madison. Um mordomo fiel, Alfred, um carro muito polivalente, o batmóvel, e um companheiro de luta contra o crime no qual alguns enxergam tinturas homoeróticas, Robin.
Batman, em 75 anos, teve tempo para tudo e mudou conforme o mundo mudava, mesmo nunca tendo saído de sua cidade, Gotham, uma versão tenebrosa de Nova York.
O homem-morcego, Bruce Wayne quando não está “em serviço”, nasceu da mente de Bob Kane e Bill Finger como resposta ao sucesso do Superman, mas com uma peculiaridade em relação a ele: não havia nenhum superpoder, mas um desdobramento de engenharia e uma disciplina ferrenha.
Além disso, seu percurso psicanalítico e suas dúvidas morais ao lutar contra a corrupção eram mais problemáticas que as crises ocasionadas pela kriptonita e a relação paterno-filial extraplanetária de Clark Kent.
Batman assistiu ao assassinato de seus pais e vive em uma caverna. Foi gestado no ano em que começou a Segunda Guerra Mundial, em 1939, na edição número 27 da história em quadrinhos “Detetive Comics” com a trama de “The Case of the Chemical Syndicate” e durante anos esteve atravessado pela escuridão de uma humanidade com tendência à autodestruição.
Mas agora é o momento de comemorar que, três quartos de século depois, a franquia continua em plena forma comercial: a DC Comics lançou uma oferta especial, a edição digital de 750 histórias em quadrinhos por US$ 0,99 o exemplar, disponíveis durante uma semana e a edição física de dez de seus melhores títulos por US$ 2,99 cada.
A feira da história em quadrinhos Comic-Con em San Diego organizou várias atividades para celebrar o “Batman Day” e a indústria do cinema ainda sorri ao lembrar dos quase US$ 2,4 bilhões que a trilogia de Christopher Nolan sobre o super-herói arrecadou, com a qual, também ganhou o prestígio da crítica e descreveu de maneira quase mitológica o caos interno do homem-morcego.
Era a enésima reinterpretação de um herói que nas páginas da história em quadrinhos começou obscuro, mas nos anos 60 se adaptou à psicodelia que reinava.
Batman chegou a ser assassinado por seus criadores por causa das baixas vendas, mas decidiram dar a ele uma última chance e um toque mais “kitsch”: como protagonista de uma bem-sucedida série de televisão, com um uniforme composto por um maiô, uma companheira, a Batgirl, e com sua logo em um fundo amarelo. E seu colega de aventuras, Robin, viveu seu momento de auge.
Mas chegaram os anos 80, acabou o mundo ideal e o grande desenhista de história em quadrinhos Frank Miller o devolveu a suas origens, e o vislumbrou como protagonista da idade adulta: 55 anos.
De novo, Batman era “O Cavaleiro das Trevas”, um vigilante obscuro, traumatizado e pouco falante, e de novo um meio audiovisual ajudou a promover as vendas, desta vez o cinema.
Com a estética de horror gótico de Tim Burton, um genial Coringa interpretado por Jack Nicholson, música de Prince e com um taciturno Michael Keaton como o herói, o mundo da fantasia melancólica burtoniana e o universo do homem-morcego se encaixaram à perfeição e como resultado foi rodada uma sequência, “Batman – O Retorno” com Michelle Pfeiffer como a inesquecível Mulher-Gato.
Após versões nos anos 90, dirigidas por Joel Schumacher e a ressurreição de Christopher Nolan, as vendas das novas edições de história em quadrinhos foram oscilando, mas o hábito de colecioná-las aumentou com o passar dos anos.
Agora, que ainda falta para o Batman fazer? A corrupção, como é bem sabido, nunca acaba, e as sessões de psicanálises também não. Enquanto a DC continuar a publicar regularmente novas edições da saga, o cinema se prepara para adaptar finalmente o que é uma realidade nos quadrinhos há décadas: o confronto tête-à-tête entre Superman e Batman.
“Batman v Superman: Dawn of Justice”, dirigido pelo sempre excessivo Zack Snyder, apresentará o novo homem-morcego, Ben Affleck, que terá a difícil tarefa de pegar o bastão de Christian Bale e dividir a tela com um Superman muito mais musculoso, Henry Cavill, mas que também se tornou agora mais reflexivo. Quem vencerá?