Werner Herzog, cineasta premiado no Festival de Cinema de Cannes como Melhor Diretor (Fitzcarraldo) e indicado ao Oscar de Melhor Documentário (Encontros no Fim do Mundo), tem uma relação curiosa com… taxistas brasileiros. Werner esteve no Brasil em 2012, para o Festival de Cinema 4+1, no Rio de Janeiro.
Em entrevista ao site especializado em cinema IndieWire, o diretor revelou que já foi reconhecido por motoristas brasileiros e que tem uma enorme curiosidade em relação à forma como seu trabalho é percebido no país. “Quero saber porque os brasileiros acham o filme O Enigma de Kaspar Hauser extraordinário; é um mistério. Eu penso que os brasileiros, eles são maravilhosos, são tatéis, e neste país de contato físico, subitamente, um filme silencioso e profundo como esse é amado pelos brasileiros”, conta.
“Taxistas brasileiros me falam sobre esse filme. Eles me reconhecem porque viram a minha foto em algum lugar e sabem que eu fiz O Enigma de Kaspar Hauser“, relembra. “É um mistério.” O filme de 1974 teve o título inspirado em Macunaíma, de Mário de Andrade – a tradução literal do nome em alemão quer dizer “Cada um por si e Deus contra todos”. Na trama, um homem adulto isolado da sociedade é deixado em uma cidade, mas tem dificuldade em se adaptar às convenções da sociedade alemã do século 19.
A entrevista ocorreu por causa do lançamento do box Herzog: the Collection, que reúne 16 dos 57 filmes do alemão em Blu-Ray e com comentários inéditos.
Durante a conversa, Werner relembrou ainda as gravações do filme Fitzcarraldo, um ambicioso projeto rodado no meio da Amazônia com figurantes indígenas. Durante as gravações, em cima das cenas Werner dirigiu cinco mil figurantes ao mesmo tempo – sem ao menos um megafone. Estrelado por Klaus Kinski, Fitzcarraldo é um épico de 1982 sobre um homem que deseja construir uma ópera em plena Amazônia.
“Eu corria como um cachorro pastor”, explica. “É algo físico. Corria por entre milhares de pessoas gritando que iríamos rodar em 20 segundos, para eles prestarem atenção; tirava a camisa e acenava para que soubessem que o filme estava rodando”, explica.