As tensões entre tradição e modernidade que começam a abrir fendas de liberdade na sociedade afegã são o cenário do filme Wajma, do diretor Barmak Akram, o primeiro feito totalmente por cidadãos desse país desde a guerra iniciada em 2001.
“Espero pôr a primeira semente e que a sociedade evolua em direção a algo positivo”, assegurou Akram à Agência Efe durante uma entrevista concedida após a exibição de seu filme no Festival de Cinema do Amazonas realizado nesta semana em Manaus e no qual seu trabalho obteve menção especial do júri.
O filme, que narra a história de uma mulher afegã que fica grávida antes do casamento, mostra o problema social que ainda hoje pode ser produzido por questões de honra em uma sociedade na qual, segundo Akram, “a lei permanece muda” diante de uma situação que costuma terminar com a morte da mulher.
A história transpassa a tela e afeta diretamente os atores que a protagonizam, já que o mais difícil da produção, segundo o diretor, foi encontrar uma jovem que aceitasse interpretar a protagonista.
O ponto de partida, que serviu como inspiração para Akram, foi uma visita a um hospital da cidade afegã de Herat, a terceira mais populosa do Afeganistão, no qual o diretor se deparou com 260 casos de mulheres que atearam fogo em seu próprio corpo.
Durante as filmagens, Akram teve que enfrentar inúmeras dificuldades, além de lutar para conseguir um elenco 100% afegão, teve que esconder o roteiro das autoridades, pois segundo ele, se soubessem do conteúdo da história não o teriam autorizado filmar. Por isso, teve que se desdobrar em diretor, roteirista e responsável por som, gravação, trilha sonora e edição.