Hitchcock, com Anthony Hopkins
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Hitchcock, filme que estreou no Brasil nessa sexta-feira (1º), não é uma biografia do genial diretor. É um episódio de sua vida, importante, sim, mas não chega a ser um elogio às virtudes de Alfred Hitchcock, e sim às de sua esposa, a roteirista Alma Reville, e às de Helen Mirren, que a interpreta – mais que às de Anthony Hopkins.
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Se a ideia era dar protagonismo a Alfred Hitchcock, – e a julgar pelo título, era essa a intenção – a produção teve efeito contrário ao que esperava o diretor Sacha Gervasi.
A excessiva caracterização de Anthony Hopkins como Hitchcock foi mais um empecilho que um benefício para o ator galês, cuja interpretação ficou muito condicionada pelo aspecto físico característico do diretor de Psicose.
Sua voz impostada e a sensação que sempre se vê o ator acima do personagem fazem com que seja ainda mais evidente a sutileza da interpretação de Helen Mirren em seu papel de esposa à sombra – mas não abnegada, do grande diretor.
Alma Reville é sem dúvida a revelação do filme. Tanto pelo pouco que se sabe de sua pessoa como pela força de uma personalidade que, apesar de tudo, soube entender melhor que ninguém a grandeza e as fragilidades de Hitchcock.
O filme se concentra em um episódio central da vida profissional do diretor: seu empenho pessoal em levar ao cinema a história de Psicose, um projeto em que ninguém parecia apostar na Hollywood de 1960.
Ninguém exceto Hitch e sua fiel escudeira, Alma, responsável por escrever e reescrever a maioria dos roteiros de seus filmes.
O filme não deixou de fora nenhum aspecto, abordando o prazer de Hitchcock pela comida, sua adoração por loiras de aspecto frio, a obsessão pelos detalhes, seu egocentrismo, seu gênio difícil e a dependência a sua mulher.
Scarlett Johansson interpreta Janet Leigh, a protagonista de Psicose, e personifica todas as loiras que obcecavam o cineasta – de Tippi Hedren a Grace Kelly, passando por Kim Novak.
Mas além dos tópicos, o filme mostra o diretor pelos olhos de Alma, uma mulher equilibrada, inteligente, forte e que amava e respeitava profundamente o marido.
É esse personagem, de Helen Mirren, que prende o espectador e protagoniza os melhores momentos do filme que chega em março aos cinemas brasileiros, mas que não correspondeu em sua estreia nos Estados Unidos às expectativas que havia gerado.