A organização do Festival de Cannes declarou nesta quinta-feira o cineasta dinamarquês Lars von Trier “persona non grata”, após ter feito comentários de apoio a Adolf Hitler na quarta-feira durante a entrevista coletiva de apresentação de seu filme Melancolia.

Por meio de um comunicado, o Festival detalhou que a declaração tem “efeitos imediatos”, mas uma porta-voz explicou à Agência Efe que o filme de Von Trier seguirá na competição. Os organizadores pediram discrição ao diretor e solicitaram que no caso de seu filme ser premiado, não compareça para receber o prêmio, segundo a mesma fonte.

A decisão foi tomada após o cineasta dinamarquês ter declarado na quarta-feira (18) sua simpatia por Adolf Hitler. “Eu entendo Hitler, embora saiba que ele fez coisas erradas, sei disso. Só estou dizendo que entendo o homem, não é o que eu chamaria de um bom homem, mas simpatizo um pouco com ele”, disse Von Trier, embora depois tenha pedido desculpas e declarado que não é antissemita.

“Se feri a alguém (…) me desculpo sinceramente. Não sou antissemita, nem tenho preconceitos raciais de nenhuma classe, nem sou nazista”, manifestou Von Trier em comunicado.

O Festival lembrou nesta quinta-feira em sua nota que “oferece aos artistas de todo o mundo uma tribuna excepcional para apresentar suas obras e defender a liberdade de expressão e de criação”.

No entanto, o Conselho de Administração, reunido nesta quinta-feira em sessão extraordinária, ressaltou que “lamenta profundamente que esta tribuna tenha sido utilizada por Lars Von Trier para pronunciar palavras inaceitáveis, intoleráveis, contrárias aos ideais de humanidade e generosidade que presidem a própria existência do Festival”.

Por fim, o órgão afirmou que “condena de maneira muito firme essas palavras e declara Lars Von Trier ‘persona non grata’ no Festival de Cannes, com efeitos imediatos”.


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Festival de Cannes declara Lars von Trier 'persona non grata'