Rodrigo Fonseca, de Cannes, especial para o Virgula
Aos 26 anos, a ruiva (muitas vezes loira) Emma Stone alcançou vitórias em Hollywood com as quais muitas atrizes veteranas sequer esbarraram, c0mo ter no currículo uma penca de blockbusters (vide a franquia Homem-Aranha), uma indicação ao Oscar (por Birdman) e a fama de ser uma das estrelas mais rentáveis do cinema na atualidade.
Mas de todas as conquistas da atriz a que mais salta aos olhos, em sua passagem pelo 68° Festival de Cannes, é ser a nova musa do diretor Woody Allen. E, claro, a Croisette em peso se rendeu ao trabalho de Emma em O homem irracional, o novo longa-metragem no cineasta nova-iorquino, exibido na tarde de sexta-feira (15) fora de competição.
“Tem sido mais fácil fazer os longas de Woody do que filmes de super-herói”, conta a atriz, que viveu a namorada do Homem-Aranha, Gwen Stacy, nos dois últimos longas da franquia do Escalador de Paredes. ” Os filmes de Woody usam menos locações, são mais rápidos de fazer”, disse ela. Emma mexe com a libido do personagem de Joaquin Phoenix no filme, que estreia em agosto no Brasil.
Première e coletiva de O Homem Irracional em Cannes
Ele interpreta um professor de Filosofia, Abe Lucas. Ela é uma de suas alunas, a mais provocativa. Abe perdeu a fé na vida, faz roleta-russa para justificar sua descrença na esperança. Mas a estudante Jill (Emma) faz de tudo para ele melhorar. Mas o progresso na rotina insossa de Abe vai ocorrer de modo mórbido: quando ele passa a planejar um assassinato, justificado por suas teorias filosóficas, o prazer bate à sua porta. Eis que a beleza de Emma ganha a tela com mais destaque.
“A gente pensa que num set do Woody tudo é muito falado, discutido, analisado. Mas, não. Tudo é simples ação, com pouca conversa e confiança”, diz a atriz, que volta às telas este ano ao lado de Bradley Cooper e Rachel McAdams na love story Sob o mesmo céu, de Cameron Crowe, prevista para julho.
Esse é o segundo trabalho dela com o diretor de 79 anos, antecedido por Magia ao luar (2014). A bajulação em torno dela no balneário da Côte d’Azur vai além de seu talento. A multidão de fotógrafos ao redor da jovem quer flagrar sua a beleza, sempre em vestidos pretos justíssimos, para fazer Cannes salivar.
Segundo Emma, a experiência em Magia ao luar deu ela tempo para pegar intimidade com as metodologia de trabalho de Allen. “Estava no set de Magia, e la havia um grupo de atores discutindo de onde ele tirou os sobrenomes pitorescos dos personagens. Era um papo muito reflexivo, cheio de teorias. Eis que Woody chegou e disse: ‘Gente, isto é apenas um filme. Essas pessoas não existem. Tudo é simples’. Este é Woody”, revela a atriz, que espera filmar com o mestre de novo. “Não tem ainda convite para um terceiro filme com Woody, mas adoraria estar com ele mais uma vez, para aprender”.
Com a comédia adolescente A mentira (2010), que virou um sucesso inesperado de bilheteria nos EUA, Emma caiu no gosto dos executivos de Hollywood. Participou na sequência do também fenômeno popular “Historias cruzadas” (2011), chegando na sequência ao universo dos gibis da Marvel, ao lado do Homem-Aranha encarnado por Andrew Garfield. Foi na TV, zapeando um dos filmes estrelados por Emma nos últimos cinco anos, que Woody Allen se encantou com seu talento.
“Um dia, eu estava fazendo ginástica em casa, quando vi Emma, de relance, num filme que passava na TV. Eu fiquei encantado com a maneira que ela tem de fazer humor . No set, filmando com ela por duas vezes, percebi que ela consegue ir além das minhas expectativas”, elogiou Allen, durante coletiva em Cannes.