Fotos de Corações Sujos, filme de Vicente Amorim


Créditos: Divulgação/ Corações Sujos

Corações Sujos, filme brasileiro que estreia nesta sexta-feira (17), resgata um capítulo sangrento da Imigração Japonesa no País. Na década de 40, alguns grupos da comunidade nipônica no interior de São Paulo se recusaram a crer na derrota do Japão na 2ª Guerra Mundial e passaram a reprimir, com violência, compatriotas que acreditavam na veracidade da rendição. Baseado no livro jornalístico Corações Sujos, de Fernando Morais, sobre esses episódios, o diretor Vicente Amorim produziu um thriller que aborda os temas universais “amor” e “identidade”.

Para contar sua história, Amorim reuniu um elenco misto de consagrados atores japoneses – que inclui Eiji Okuda, Tsuyoshi Ihara (Cartas de Iwo Jima), Shun Sugata (O Último Samurai e Kill Bill), Kimiko Yo (A Partida) e a estrela de TV Takako Tokiwa – com artistas brasileiros descendentes de japoneses e, ainda, atores que tinham pouco contato com a cultura nipônica. Esse foi o caso de Du Moscovis, que interpretou um subdelegado brasileiro responsável por deter a onda de violência dentro da comunidade japonesa.

Moscovis conta que aprendeu muito ao trabalhar com os colegas asiáticos. “Foi revolucionário para mim. Esses atores são um absurdo de bons. A disponibilidade deles é uma coisa muito emocionante. Era um clima de trabalho muito respeitoso, mas não cerimonioso. O Eiji Okuda, que é um ator premiado e conceituado mundialmente, sempre estava nos ensaios e nas gravações, mesmo quando não precisava, para ajudar com opiniões. São experiências que levo para outros trabalhos”, afirmou.

O processo de seleção de atores japoneses começou um ano antes do início das gravações e teve a colaboração de um produtor de elenco japonês, como conta o diretor Vicente Amorim. “Foi um processo longo e heterodoxo. Eu não tinha orçamento para passar meses no Japão fazendo testes, então fizemos muitas audições por Skype. E funcionou”, afirmou o cineasta. “A grande maioria dos japoneses não sabe muito sobre a Imigração Japonesa no Brasil. Muitos atores aceitaram fazer o filme por uma grana menor, um cachê que podíamos pagar, justamente por causa da missão de levar essa história para lá”, acrescentou. O filme estreou no Japão no dia 21 de julho.

A linha narrativa de Corações Sujos segue o drama do imigrante japonês Takahashi (Tsuyoshi Ihara), dono de uma pequena loja de fotografia, casado com Miyuki (Takako Tokiwa), uma professora primária. Levado pelo nacionalismo, o imigrante torna-se um assassino, enquanto sua mulher tenta salvar o amor no casamento, em meio à violência.

“Tudo começou com uma ideia que eu tinha de fazer um filme sobre identidade. Ao me deparar com o livro do Fernando Morais, me dei conta de que o livro possuía ao menos uma história muito boa, que poderia ser, ao mesmo tempo, um conto de amor, um thriller de guerra e um filme emocionante sobre intolerância e identidade”, contou Amorim.

Fernando Morais, autor do livro jornalístico que inspirou o filme, não participou diretamente da produção do roteiro, mas garante que ficou satisfeito com a adaptação. “Eu não colaborei. Prefiro não me meter. O Vicente até me chamava para ir ao set, mas eu sempre dava uma desculpa e não ia. Fui ver o filme só na pré-estreia, em Paulínia, pois queria vê-lo com os olhos de espectador. E fiquei emocionado. Ele conseguiu transformar uma história extremamente misógina, que é o meu livro, em pano de fundo para uma história de amor, narrada por uma mulher”, disse o escritor.

“Para mim, é um grande motivo de orgulho saber que Corações Sujos está sendo visto também no Japão. Adoro o país e fico grato em contribuir para que o próprio povo japonês entenda a si mesmo”, concluiu Morais.

Confira o trailer de Corações Sujos:



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Du Moscovis, sobre atuar com elenco japonês em Corações Sujos: "Foi revolucionário para mim"