O documentário Do Pó da Terra vai mostrar as contradições do Vale do Jequitinhonha, mítica região do estado de Minas Gerais. Conhecida por sua natureza espetacular, a região sofre com graves problemas sociais e de infraestrutura. Gravado em julho deste ano sob direção do fotógrafo Maurício Nahas, o longa-metragem tem a vida das mulheres do lugar como fio condutor de suas histórias.

“Fizemos um extenso trabalho de pesquisa em toda região, conhecemos suas obras, suas motivações com a arte, as relações de suas famílias com a atividade, as dificuldades e conquistas pessoais”, explica o diretor em entrevista ao Virgula. Questões como agressões domésticas, alcoolismo e condições precárias de vida precária são abordados por meio das matricarcas.

Entre os depoimentos, destaca-se o de Izabel Mendes da Cunha, 89, pioneira do artesanato e cerimônia no município de Santa do Araçuí, em Minas. “Ela lutou contra o preconceito numa época em que a principal atividade era a agrícola, ensinou a técnica através de oficinas à dezenas de mulher do município que hoje também são artesãs”, explica Maurício.

Izabel, que já ganhou um prêmio da Unesco, tem obras expostas no Memorial da América Latina, em São Paulo, e na fundação Cartier, em Paris – além de já ter sido recebida pelo ex-presidente Lula e pela presidente Dilma em Brasília.

Outras historias narradas no filme, como a do artesão Amaury Ferreira e da matriarca e empreendedora Deuzani Gomes, deixam clara a dicotomia entre a riqueza da vida artística da região e a extrema pobreza de suas cidades. “A cada dia de gravação conhecíamos novas pessoas com histórias mais emocionantes”, diz Maurício.

Do Pó da Terra tem estreia prevista para 2014 e foi produzido pela Notorius Films.


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Documentário sobre Vale do Jequitinhonha contrapõe beleza extrema e condições de vida precárias

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