O nome do diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul é tão complicado como seu estilo de fazer cinema, que com um tempo mais lento e belíssima espiritualidade conquistou a Palma de Ouro em Cannes com Uncle Boonmee Who Can Recall His Past Lives (Tio Boome que Consegue Lembrar das Suas Vidas Passadas, em livre tradução), um filme que reabre o debate sobre o que é cinema.
Segundo Peter Greenaway, o cinema é uma arte que andava sem rumo tentando encontrar sua expressão definitiva, até que chegou Weerasethakul.
Agora, diante de um filme como Uncle Boonmee Who Can Recall His Past Lives, é possível voltar a se perguntar: o filme é o que vemos nas telas?
“Uncle Boonmee” talvez requeira um manual de instruções para ser interpretado, porque pode ser muito intenso, mas é indubitável que contém altas doses de beleza, de qualidade do autor e de transgressão criativa.
Seu prêmio em Cannes foi uma aposta pela proposta. Um respaldo aos recursos inesperados de uma técnica que, contra o que diria Greenaway, às vezes dá a impressão de ter esgotado suas possibilidades.
Weerasethakul opta por recursos como criar experiências sensoriais sem seguir os padrões do intelectual. Mas é difícil saber se tudo isso funcionaria com a mesma eficácia se fossem tirados alguns minutos aparentemente supérfluos.
O tailandês utiliza o cinema para abordar temas diferentes ou talvez o mesmo, mas da sua maneira.