Justiça, série de 20 episódios da TV Globo, é um sucesso absoluto, um gigante acerto da TV Globo. É difícil superar tudo o que nos é apresentado em cada história, cada ligação e cada tapa na cara que a gente leva assistindo aos capítulos, que vão ao ar após Velho Chico, às segundas, terças, quintas e sextas. É daquelas histórias que trazem questionamentos e fazem você demorar para dormir, de tanto que as cenas incomodam – para o bem e para o mal.
A série também surpreendeu o público com seu formato: cada dia da semana uma história de um personagem é contada, cada uma com seu ponto de vista. Agora, quem é a mente por trás dessa maravilha? Bem, você já deve ter reparado no nome dela, no topo da tela, toda vez que aparece a abertura da série. Manuela Dias, 39 anos, 20 anos de Rede Globo, e uma filha recém-nascida, a pequena Helena, de 3 meses, fruto da relação com o cineasta Caio Sóh.
Engana-se quem pensa que provavelmente ela só esteve nas novelas, sendo que já escreveu programa da Xuxa e até Zorra Total. Em entrevista ao jornal O Globo, ela contou que o bordão Tô Pagando!, da personagem Lady Kate (Katiuscia Canoro), foi inventado por ela. Manuela colaborou na adaptação de Os Maias e Hoje É Dia de Maria, de Luiz Fernando Carvalho, de Grande Sertão – Veredas, dirigida por Walter Avancini, Você decide, de Geraldo Carneiro, e de Cordel Encantado e Joia Rara, de Duca Rachid e Thelma Guedes. Tudo isso até chegar a vez de Ligações Perigosas, série baseada na obra de Choderlos de Laclos, a primeira que assinou como autora principal.
Manuela Dias também teve aula de roteiro com um gênio da literatura mundial: Gabriel García Márquez. Passou um mês tendo aulas diárias com o escritor em Cuba, numa turma pequena, de apenas nove pessoas dos mais variados países. “O Gabo, assim todos o chamavam, era e segue sendo, apesar de ter morrido, uma figura inspiradora. Aprendi com ele a não perder tempo com o que não faz o meu coração vibrar. O coração é o alvo de um contador de história e não a cabeça”, contou ao jornal Diário de Pernambuco.
A história por trás de Justiça
Agora, sua nova história a encantar completamente o público é Justiça, que está firmando a autora como um dos principais nomes da dramaturgia da Globo. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, Manuela Dias, contou que ficou impressionada quando sua empregada doméstica veio pedir ajuda para o marido, que estava preso por depois de matar um cachorro que invadira a casa deles. Ele só saiu da cadeia depois que a escritora ajudou a arrumar um advogado.
Segundo ela, foi ali que começou a pensar “não na Justiça em si, mas na forma como ela interfere ou repercute nas pessoas, a dimensão pessoal das leis. O público e o íntimo. O certo e o errado, o que é justo ou não”. “Nessa minissérie, forma é conteúdo. A ideia do formato e a ideia das histórias nasceram juntas. O que é justo depende do ponto de vista em que vemos a questão, por isso, contar a história sob diversos pontos de vista é uma questão estrutural que explora o conteúdo trazendo uma nova forma narrativa”, contou ao site oficial da minissérie.
Para escrever Justiça, ela teve ajuda, é claro. Tem colaboração de Mariana Mesquita, Lucas Paraizo e Roberto Vitorino. A direção artística é de José Luiz Villamarim, que também tem ajuda na direção de Luisa Lima, Walter Carvalho e Isabella Teixeira. Um time e tanto. “Ela tem a capacidade de transformar algo cotidiano e próximo de todos nós em roteiro. E, no caso de Justiça, você acredita no roteiro, que tem uma pegada documental. Essa é a grande qualidade dela”, diz Villamarim em entrevista ao site oficial da série.
Veja 8 provas de que a Globo está mais "moderninha"
Créditos: TV Globo/Divulgação