Bryan Ferry no Coachella 2014
Créditos: Getty Images
A palavra que irá te ajudar a sair do Coachella com a cabeça erguida é desapego. Sim, por mais que você tenha feito planos, tabelas, esquemas mirabolantes, você vai perder shows incríveis. E isso é, sim, parte do jogo
Significa? Que você foi esperto o bastante para estar num evento em que para assistir Bryan Ferry você tinha que abrir mão de The Replacements e Solomun. Que, para ver Haim, tinha que não ver Jon Spencer Blues Explosion. E quem escolhesse Broken Bells ia ficar sem Nicolas Jaar e Bonobo.
Com tanta coisa legal que eu vi, e muitas que perdi, é hora de listar um top 10 antes de desmaiar na cama e sentir o efeito do deserto literalmente na pele. Vamos à minha lista, não necessariamente nesta ordem de preferência.
Bryan Ferry
Como dar uma aula de elegância e bom gosto num show de uma hora? Se alguém já se viu diante desse dilema, recorra a Bryan Ferry. Diante de uma plateia, em sua maioria, entre os 20 e 30 anos, Mr. Ferry entrou abalando com seu terno bordado de dândi e logo de cara descartou clássicos que a molecada já deve ter ouvido na rádio rock preferida de seus pais. Nem bem subiu ao palco, acompanhado de uma banda recheada de mulheres, o eterno Roxy Music tocou More Than This, Slave to Love e Avalon. E ainda veio Love Is The Drug, uma das músicas favoritas desta que vos escreve, para deixar o deserto ainda mais quente. Aula de música.
Damian Lazarus e a tenda Yuma
As tendas de música eletrônica costumam sofrer em festivais grandes, com vazamento de som e com a claridade dos eventos diurnos. No Coachella, a tenda Yuma é na verdade uma enorme boate, com portas de isolamento acústico e iluminação de clube. Sou muito fã do inglês Damian Lazarus e por isso fui até lá ver qual era. Ele mesmo ficou bem surpreso com a animação do povo, apesar do horário (15h) e do fato de não venderem bebida na tenda (no Coachella há lugares determinados onde pode se consumir álcool). Veja na entrevista que ele deu ao Virgula minutos depois de tocar.
Haim
As meninas são fofas e é realmente impossível ficar parada no show delas. O povo cantava, ou melhor, gritava as letras, e elas estavam superfelizes e à vontade, tocando num dos palcos principais do festival que elas costumavam frequentar como pagantes. Veja um pouquinho do show aí embaixo.
Broken Bells
Ah, quem não gosta de um som bonito, quase fofo, especialmente para servir de trilha sonora para você descansar os pés um pouquinho? Curti muito o som desses californianos, é quase uma versão menos coxinha do Coldplay.
Woodkid
O francês, que esteve há pouco no Brasil, é um mega-ídolo aqui nos EUA. Não é à toa, sua voz é linda, os arranjos são apoteóticos e tudo fica mais poético ainda com a iluminação do palco e a presença de um trio de sopros. Veja aqui como foi linda a performance de The Golden Age. O povo pirou.
The Cult
Seus cabelos não são mais aqueles, mas a sua voz, continua a mesma. Essa propaganda das antigas cabe como uma luva para Ian Astbury, que já foi frontman galã do The Cult e hoje prefere não deixar fotógrafos chegarem muito perto. Mas, que se dane, a banda continua com o punch rock’n’roll e o espírito provocativo em dia. Fora que o guitarrista Billy Duffy ficou mais charmoso com a idade, minha gente.
Kate Nash
A moça é um furacão: canta bem, é bonita e tem atitude. No palco do Coachella, ela apontou para uma instalação em seu palco e perguntou, “e aí, gostaram da minha enorme vagina?”. Que mais?
Moda Coachella
Sério que vi uma menina vestindo somente penas, coladas sobre os seios e as partes íntimas. Sapucaí, perdeu, gata. E o povo que passou por ela fazendo a linha “nada demais, estamos no Coachella”. Os looks têm uma pegada hippie e também inspirada nos índios americanos. E a bendita guirlanda de flores da Lana Del Rey continua em alta. O mais legal é que o povo adora se montar, alguns looks são simplesmente inexplicáveis, como esse visual Clóvis Bornai-encontra-Chewbacca do rapaz aí em cima. Classe.
Outkast
Não vou mentir, saí bem no começo do show do Outkast, morrendo de medo das filas pra pegar as vans de volta pra a cidade. Mas o pouco que vi foi bem divertido. Fora que curti o fato de escalarem uma atração meio throwback de uns anos atrás como headliner.
Educação do povo
Sabe o que é um festival em que as pessoas se oferecem para pagar a sua água porque você está com uma nota de US$ 50 e a vendedora está sem troco? Pra mim foi inédito, mas o Coachella é assim. Aliás, o povo é até meio over com essa felicidade, não estranhe se alguém passar por você e disser: “happy Coachella”. Será que é alguma coisa que eles botam na água do deserto? A investigar.
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