Pina 3D, homenagem de Wim Wenders à coreógrafa e dançarina Pina Bausch


Créditos: divulgacao

Se o 3D veio realmente para ficar, que apareçam mais obras concebidas e executadas no formato e tragam ao espectador não só uma noção tridimensional, mas um envolvimento maior com o filme e a história a ser contada. Que venham então mais filmes como Pina 3D, um espetáculo visual e sensorial sobre a coreógrafa e dançarina Pina Bausch, oferecido por um Wim Wenders inspirado. O documentário estreia nos cinemas nesta sexta-feira (23) e pode ser considerado o primeiro longa-metragem de arte em 3D.

Com seu sério envolvimento com o formato – o diretor já afirmou que só fará filmes 3D após Pina, inclusive um documentário sobre arquitetura e uma ficção sobre família – Wenders conseguiu vislumbrar a obra de Bausch, se distanciando da formalidade das narrativas documentais e focando na maior mensagem do trabalho da coreógrafa: a dança. Ele revelou em entrevista, inclusive, que foi necessário “desaparecer” como cineasta e deixar dança falar por si mesma.

E teria um objeto melhor para utilizar o 3D do que esse? O cineasta alemão conseguiu captar sua essência em trechos de espetáculos filmados no metrô, lago, fábrica e até no topo de uma colina e depoimentos emocionados de alunos (de todos os cantos do mundo, inclusive falando em suas línguas nativas) e pessoas que conviveram com a profissional. Wender convida o espectador a dançar junto (com a ajuda do formato tridimensional). “Dance, se não estaremos perdidos”, diz a célebre frase de Pina que estampa o cartaz do filme e dá o tom da viagem experimental.

A primeira pergunta de quem não é familiarizado com dança contemporânea é “o filme vai agradar até aqueles que não gostam de dança?”. A resposta é positiva, se o espectador tiver o mínimo interesse e sensibilidade para entendar a linguagem de Pina Bausch sem conhecer sua história, mas o poder de seu trabalho por meio da dança e a experiência que ela queria trazer aos seus pupilos e plateia. É o que interessa e é nisso que foca o diretor.

O envolvimento de Wenders com seu objeto foi tão grande, que partiu do próprio a idealização da homenagem, a escolha do formato e uso da influência da amizade que teve com a coreógrafa e dançarina. Em entrevista ao jornal O Globo, o cineasta revelou que nunca foi próximo da dança até ver o trabalho de Pina. “Dança não era meu negócio, por assim dizer. Mas ela entrou na minha vida com força e convicção. Fiz o filme para todos aqueles que, como eu, ainda não tinham afinidade com dança”, comentou.

A julgar pelas consequências de seus outros trabalhos – Buena Vista Social Club popularizou o ritmo cubano, The Soul of a Man difundiu o blues norte-americano de Skip James, Blind Willie Johnson e J. B. Lenoir e Tokyo-Ga revelou a obra do mestre do cinema Yasujiro Ozu -, Pina pode chegar a um nível ainda maior de admiração e respeito. Em certo momento do filme, Bausch aparece dando um conselho a um de seus alunos para uma performance. “Me assuste!”, diz ela. Se você sair assim da sessão, assustado no melhor sentido possível, o objetivo de Wenders foi alcançado. Com louvor.

Assista ao trailer:




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Crítica: Wim Wenders coloca o espectador no meio da dança em Pina 3D e emociona