Tudo acaba, dizem os pôsteres de As Relíquias da Morte: Parte 2. A frase já vem com um tom doloroso para os fãs e simpatizantes do rico universo criado por J.K. Rowling. Após 10 anos, não teremos mais o Harry Potter do ano. E é impossível dizer que a própria Warner Bros., responsável pela franquia, tenha se envolvido apenas financeiramente. Assistindo à segunda parte, é que nos damos conta da importância da divisão do último livro em dois filmes. O retorno financeiro será assustadoramente maior, mas na mesma proporção da alegria dos fãs em verem detalhes explorados na telona.

Após a intacta aventura da Parte 1, muito bem divida entre o corre-corre e os conflitos psicológicos, a segunda parte peca ao deixar um pouco a peteca cair no grande final. É difícil criticar uma franquia (tão duradoura) quando ela está no fim. Somos tomados completamente pela emoção e corremos o risco de deixar escapar o que ficou insatisfatório. Ainda assim, há sequências de tirar o fôlego e atuações que nos levam à comoção. (A partir do próximo parágrafo começam os spoilers, se você não quiser saber o que vai acontecer pare aqui).

O “começo do fim” mostra Harry (Daniel Radcliffe), Hermione (Emma Watson) e Rony (Rupert Grint) persuadindo Grampo (Warwick Davis) a levá-los ao cofre de Bellatriz Lestrange, no Banco Gringottes. Em troca, o ganancioso duende pede a Espada de Gryffindor. Negociação fechada, eles partem para a arriscada tarefa: passar da entrada. Com certeza uma das melhores partes do filme. Para isso, Hermione toma forma de Lestrange e Rony frisa o cabelo e se veste como um autêntico Comensal da Morte – Harry vai escondido sob uma capa de invisibilidade com Grampo. Antes de toda essa tensão, é divertido ver Helena Bonham Carter imitando os trejeitos da adolescente e sendo educada com um guardião ao dizer “bom dia” – algo que ela jamais faria. É uma tarefa difícil para a atriz, já que precisa simular Hermione tentando ser Bellatriz. Toda a sequência em Gringottes, para resgatar a taça (uma das Horcruxes), até a saída do dragão é de tirar o fôlego.

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Há outros vários pontos positivos. A direção impecável de David Yates, a fotografia do português Eduardo Serra e a trilha de Alexandre Desplat. Além disso, como já havia dito aqui no Brasil no ano passado durante visita, Matthew Lewis com seu Neville Longbottom tem um papel importantíssimo na trama final: é ele quem mata a cobra Nagini, um das horcruxes, a última, e enfraquece o até então poderoso Voldemort. O ator mostra todo o seu potencial durante a batalha final e vinga o público, que se compadece ao vê-lo sendo ridicularizado após saber da “morte” de Harry e não querer se unir ao grupo d’Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado.  A cena em que Harry, Hermione e Rony encontra Neville, após conversa com o irmão de Dumbledore (Ciarán Hinds), e consequente reencontro com os amigos de Hogwarts é ótima também.

Por falar em atuação, é de Alan Rickman a melhor do filme. É sob a memória de seu personagem, Severo Snape, que está guardado o segredo da penúltima horcrux e de toda a existência de Harry Potter. Um momento chave no filme, que, quem não leu os livros, vai ficar surpreso com os fatos. As expressões do ator ao dar vazão a história de sua paixão por Lillian Potter, a mãe de Harry, é comovente, tanto quanto seu destino trágico nas mãos de Voldemort. Mais detalhes da sequência não serão contados para não estragar o impacto da cena. Fique de olho também em Maggie Smith (Minerva McGonagall) e Julie Walters (Molly Weasley, mãe de Rony), que aqui têm seus grandes momentos. A exibição para a imprensa incluia também membros de fã-clubes, como @Potterish, @ScarPotter e @Oclumencia, que choravam de soluçar nos momentos citados acima – como testemunhou o site Oclumência AQUI.

Apesar de acompanharem toda a perigosa aventura de Harry, Weasley e Granger tem os seus melhores momentos na formação do casal. Mesmo com um beijo insosso (a câmera não favorece o enlace), o público vibra a cada vez que eles se aproximam. Diferente do amor de Harry por Ginny. Quando ele volta a Hogwarts, é recebido calorosamente por ela, mas não esboça nenhuma emoção – digamos que não seja um ponto negativo, já que no livro também não há um grande amor entre os dois. Os fãs torcem muito mais por Hermione e Rony, claro, devido a história do casal pelos últimos filmes. Rony, inclusive, deixam de lado o papel de alívio cômico para amadurecer seu personagem.

Entre os pontos negativos, está a tão esperada morte da odiada Bellatriz, que embora dê o gostinho de vingança por meio de Molly, é muito rápida e se perde no conturbado caminho para o lance final. Poderia ter sido estendida para aproveitar não só a atuação das ótimas Helena e Julie, como também para vingar todas os males que a guardiã de Voldemort causou, entre a morte de Sirius Black até o elfo (livre) Dobby. Outra coisa não necessariamente ruim, mas dispensável, é o 3D do filme. A saga sobreviveu durante 10 anos sem esse artíficio, não era agora que ia virar dependente dele. A única parte legal em relação a isso é receber um óculos 3D no formato do óculos de Harry Potter.

Vale lembrar que, diante de todos os problemas, o filme mostra como o tema foi amadurecendo durante esses anos todos nas mãos dos produtores, diretores e roteirista. O grande final emociona qualquer pessoa, mesmo que não tenha acompanhado todos os livros ou lido todos os livros. Agora, a sensação para os fãs beira o fenomenal. A sensação deles pode ser definida por uma das últimas frases de Neville Longbottom, ao ver o corpo “morto” de Harry na frente de toda Hogwarts e exército de Voldemort: “Harry não morreu. Ele está em cada um de nós (apontando a mão na direção do coração)”. Alguém ainda acredita que ele vai morrer?


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Crítica: Mesmo com falhas, Harry Potter e as Relíquias da Morte 2 encerra franquia com louvor