Amor à vida, novela das 9 da TV Globo
Créditos: TV GLOBO /
Kiko Pissolato interpreta o motorista Maciel em Amor à Vida (Globo). Antes de dar vida ao imoral empregado de Pilar (Susana Vieira), o ator fez Manolo, o comparsa de Léo (Gabriel Braga Nunes) em Insensato Coração, e Jair, namorado violento de Tessália (Débora Nascimento) em Avenida Brasil. Entendido de vilões, o artista falou ao Virgula Diversão sobre sua participação no folhetim das nove e elogiou o colega de maldades Mateus Solano, que interpreta o grande vilão Félix. Ele disse, ainda, que sonha em viver um “mocinho rural” na TV.
“Eu acho que contracenar com os dois feras da novela, a Tatá [Werneck] e o Mateus, que estão arrebentando, me ajudou a ter essa repercussão tão positiva das pessoas”, disse. “Acho que o Félix já entrou para a galeria de grandes vilões da teledramaturgia, assim como recentemente aconteceu com a Carminha (Adriana Esteves) em Avenida Brasil“, acrescentou.
Apesar da fama de mau, Kiko, um apreciador da vida no campo, diz que gostaria muito de viver um mocinho na televisão: “Tenho vontade de fazer uma novela rural. Andar a cavalo, todo sujo, de bota, com barba e cabelo compridos. Se possível, quero ser o mocinho”. Leia, a seguir, a entrevista com Kiko Pissolato:
Você não fica com medo de ser marcado por papéis de vilão?
Não. Eu tenho vontade de fazer coisas diferentes, de explorar meu potencial ao máximo, mas não me incomodo em fazer vilões. Os atores são escolhidos de acordo com o biótipo, a energia, o tipo de voz e o olhar. Acho que o fato de ser uma pessoa mais contida, mais séria, me coloca naturalmente para fazer personagens mais densos. E a densidade em uma novela muitas vezes está no vilão. Acho que vou ter a possibilidade de fazer outros tipos de personagens com o tempo. A princípio, vejo como normal ser colocado naquilo que você se adequa mais à primeira vista.
Estar sempre no papel de vilão não é estressante?
Não dá para ser. Se for por aí, o ator tem de repensar o método que utiliza. Nossa profissão é um grande faz de conta. Da mesma forma que eu não posso me envolver em uma cena de amor, eu não posso me envolver em cena de ódio. O físico acaba cansando um pouco. É um cansaço não só corporal, mas também emocional. Você acessa, em seu cérebro, áreas de raiva, de angústia, de medo. Mas isso também dá prazer. O ator tem a possibilidade de transformar isso em uma rede de segurança; eu não saio para a rua e brigo com alguém no trânsito, mas coloco no meu trabalho.
Na televisão, qual seria um papel bacana de fazer?
Eu tenho vontade de fazer uma novela rural. Andar a cavalo, todo sujo, de bota, com barba e cabelo compridos. E, se possível, quero fazer um mocinho. Acho que dá para fazer um mocinho com complexidade. Tenho muita vontade de fazer um personagem que lute pelo bem, ainda que tenha traços de vilania.
Quais são seus vilões preferidos de novelas?
Hoje, eu sou muito fã do Mateus e adoro trabalhar com ele. Acho que o Félix já entrou para a galeria de grandes vilões da teledramaturgia, assim como, recentemente, a Carminha. Mas eu não posso deixar de lembrar do trabalho da Glória Pires em Vale Tudo, que foi um excepcional. Gosto muito do Ravengar (Antonio Abujamra) de Que Rei Sou Eu, que é mais caricato. Mas um personagem que foi muito importante para essa virada na teledramaturgia, no sentido de humanizar o vilão, foi o Renato Mendes (Fábio Assunção), em Celebridade. Ele foi um dos primeiros vilões que falam suave, que são gentis e que, ao mesmo tempo, fazem manipulações. Na sequência, veio Olavo, do Wagner Moura. Esses dois personagens abriram a possibilidade de explorar a vilania com mais sutileza.
Você acha que seu personagem na novela deve crescer?
É uma incógnita. Desejo muito que ele continue crescendo. Já sou muito agradecido por esse sucesso inicial, de poder trabalhar com o Mateus e de ter esse envolvimento com a Tatá. Acho que essa história com a Valdirene ainda vai ter um desfecho porque os núcleos estão se aproximando. Uma hora ela vai me ver. Acho que o Maciel vai ficar ao lado do Félix até o fim da novela. Em algum momento, o Félix vai precisar dele.
Você disse que Maciel seria capaz de fazer sexo com Félix por interesse. Você gostaria que o seu personagem tivesse um envolvimento com o vilão?
Acho que tudo que é novo e que explora novas possibilidades acaba sendo interessante para o artista. Fala-se muito na coisa do beijo gay, e eu acho que a novela tem de retratar o que existe no mundo real. Para mim, seria muito interessante. Um relacionamento com a Pilar também seria interessante. Ela está sendo traída e o motorista está lá.
Como é trabalhar com a Tatá Werneck?
A Tatá é um amor de pessoa. Rolou uma afinidade pessoal. Somos amigos. Tenho saudade dela, da Elizabeth Savala e do Luis Melo. Foi gostoso gravar com aquele núcleo. A Tatá interpreta com muita vida. Ela faz isso com tanta naturalidade que parece que está improvisando.
Depois de fazer Amor à Vida, quais são seus planos profissionais?
Meu plano é sempre trabalhar. O que não gosto é de ficar em casa sem fazer nada. A princípio, minha ideia é voltar ao teatro. Já tenho me movimentado em torno de escolhas de textos. Na TV, não tenho como garantir que vou fazer outra novela, mas espero fazer várias outras coisas na televisão. É meu sexto trabalho na Globo e espero fazer outros.
Dividir um flat no Rio com o Felipe Titto (que vive Wagner em Amor à Vida) ajuda? É uma pessoa com quem você passa texto, por exemplo?
No trabalho, especificamente, não tem muita influência. Mas ele me ajuda e eu o ajudo. Ainda não existe muita interação direta entre eu e ele na novela ainda, mas desejamos que aconteça. A ajuda acontece em termos de convivência. É bom ter um amigo que compartilhe de vários objetivos. Falamos sobre carreira em geral, de perspectivas…
Como poderia ser esse encontro de Maciel e Wagner?
A gente brinca com possibilidades e criamos várias histórias. Tiramos sarro um do outro. Eu falo, “Qualquer dia, o Félix vai descobrir que você está traindo ele com a Edith, e o Maciel vai te dar uma surra”. E eu digo que vou gravar com o maior gosto (risos). Mas o que ainda não foi explicado é de onde vieram esses caras. Por que a família contratou esses caras? Isso abre possibilidades. Eles podem se unir para conseguir algo da família, afinal são dois pobretões em uma casa de milionários. Tudo pode acontecer. Confio muito no Walcyr Carrasco [autor da novela]. Espero que o carinho que nossos personagens têm recebido possam alimentar a mente dele.