Alinne Moraes lança a peça Doroteia em SP


Créditos: Danilo Carvalho/Ag. Fio Condutor!

Alinne Moraes, 29 anos, sente que é o momento de dedicar-se ao teatro. A atriz abriu mão de participar de três projetos da Globo, entre eles o remake da novela Guerra dos Sexos, para poder encenar a peça Doroteia, que estreia em São Paulo no próximo sábado (28). Em coletiva de imprensa realizada na capital paulista, na segunda-feira (23), a atriz disse que viu a necessidade de “respirar coisas novas” fora da Globo em benefício de sua carreira.

“Eu amo fazer TV, mas eu precisava respirar coisas novas e levar isso para uma próxima personagem”, afirmou a atriz, que, antes de Doroteia, havia feito apenas uma peça de teatro em sua carreira, Dhrama – O incrível diálogo entre Krishna e Arjuna, em 2007.

Com direção de João Fonseca, Doroteia é uma montagem da obra de Nelson Rodrigues, realizada em homenagem ao centenário do autor. A peça acompanha a história da personagem Doroteia (Alinne Moraes), uma jovem atraente que abandona a prostituição e vai morar com suas primas, três mulheres feias e religiosas que veem a beleza da moça como um pecado.

Confira, a seguir, a entrevista com Alinne Moraes, em que ela falou sobre o desafio de retornar aos palcos e sobre seus projetos como atriz.

O que você busca com essa nova fase no teatro?
Minha única formação é a prática. Eu comecei com televisão, fiz cinema e essa é a minha segunda peça. Acho que cinema, teatro e televisão são muito ligados. Por mais que sejam formatos diferentes, eles se conversam. E o teatro é a arte do improviso. Cada dia é uma apresentação diferente, cada vez você se aprofunda mais no texto. Isso traz muitos benefícios para uma atriz. Acho que eu tenho muita coisa pra aprender no teatro.

Você chegou a recusar um papel na novela Guerra dos Sexos, de Silvio Abreu, para se dedicar à peça…
Na verdade, tive de recusar três trabalhos, entre eles a novela de Silvio Abreu. Eu realmente precisava fazer teatro. Sentia muita falta disso. Lá na Globo, a gente fica muito preso àquela vida. Dependendo da personagem, você tem um dia de folga na semana e, às vezes, nem tem. Eu amo fazer TV, amo essa loucura, mas precisava respirar coisas novas e levar isso para uma próxima personagem. Eu e a Globo temos um casamento muito bom de 12 anos. Poder sentar com eles, fazê-los entender e receber essa força tão grande é muito gratificante. Eu fiquei mais de um ano tentando fazer essa peça, e só agora deu certo.

Você costuma viver personagens complexas, como a paraplégica Luciana, de Viver a Vida, a desequilibrada Silvia, de Duas Caras, e agora Doroteia. São escolhas deliberadas?
Olha, foi muito sem querer. A Doroteia foi a primeira personagem que tive a oportunidade de escolher. Primeiro, interpretei uma mãe solteira, depois uma paraplégica… Foi acontecendo. Nunca pensei que fosse trabalhar com essas personagens tão profundas e diferentes. É uma grande responsabilidade, como atriz, levar essas questões para a TV.

Você chegou a falar sobre sua própria identificação com a personagem Doroteia. Como foi seu primeiro contato com esse texto de Nelson Rodrigues?
Meu empresário e professor Antônio Amâncio me apresentou o texto há dois anos, e me identifiquei muito. A Doroteia é uma personagem que passa por tudo na vida. Ela é uma mulher que larga a prostituição e quer se redimir adequando-se a um grupo. Ela tem de prestar contas por ser bonita e sente-se culpada. Eu mesma, quando trabalhava como modelo, aos 14 ou 15 anos, tentava ficar feia. Colocava boné para andar de ônibus e passar despercebida. Eu sentia que os pedreiros ficavam me olhando. Assim como a Doroteia, não queria chamar atenção.

A beleza chegou a ser um problema para você, então?
Ao mesmo tempo em que eu tentava passar despercebida, percebi muito cedo que tudo na vida tem dois lados da moeda. Eu trabalho com moda desde os 12 anos e, graças à minha beleza, tive a oportunidade de viajar, o que foi uma experiência muito positiva. Na televisão, a beleza me abriu portas. A sinopse da minha primeira novela (Coração de Estudante) dizia que minha personagem, Rosana, era uma mãe solteira muito bela. Sei que o fato de eu ser bonita me ajudou, mas também sei que não posso ficar só nisso. A beleza um dia vai passar.

A intérprete original de Doroteia foi a atriz Eleonor Bruno, para quem Nelson escreveu a peça. Você pesquisou essa montagem para construir sua personagem?
Eu não fiz pesquisas sobre o que foi feito anteriormente. Eu queria ser um papel em branco para que o João escrevesse nele. Também emprestei algumas das minhas experiências para a personagem.

Você sentiu a pressão por, em sua segunda peça de teatro, já fazer Nelson Rodrigues no ano em que ele completaria 100 anos?
Não senti pressão alguma. Eu me divirto à beça. Acho que eu nunca posso parar para pensar nisso, ou as coisas ficam complicadas.

Na peça, sua personagem perde um filho. Qual é sua referência para reproduzir o sentimento de luto, já que nunca teve um filho?
O ator é um tubo por onde passam emoções. Eu não sou mãe, mas já me peguei pensando na morte da minha cachorra golden retriever, que morreu eletrocutada. Você tem de trazer à tona coisas que te inspiram, que trazem um estímulo de alguma forma.

Qual foi o seu maior desafio em Doroteia?
Acho que foi a última parte, em que eu tenho de me tornar feia. Não dá para se colocar na frente do espelho e, de uma hora para a outra, ficar feia. Tem de vir de dentro para fora; você tem de se sentir feia. Tive de mudar toda a expressão corporal e facial da personagem.

 

SERVIÇO – DOROTEIA EM SÃO PAULO

Local: Teatro Raul Cortez (Rua Doutor Plínio Barreto, 285, Bela Vista)
Temporada:
28 de julho a 14 de outubro
Horários:
sextas às 21h30, sábados às 21h; domingos às 19h
Ingressos:
R$60,00 (sexta-feira e domingo) e R$ 70,00 (sábado)
Bilheteria:
De terça a quinta-feira. Das 14h às 20 horas. Sexta-feira a domingo, das 14h até o início do espetáculo. Os ingressos também estarão disponíveis pela internet: www.ingressorapido.com.br, telefone: 4003-1212.
Estacionamento Valet:
R$20
Classificação etária:
14 anos


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Com peça em cartaz, Alinne Moraes explica recusa de papel em novela: "Precisava respirar coisas novas"

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