Brian de Palma disse, em entrevista ao The Guardian, que não se interessa por filmes de super-heróis e que quer fazer apenas o que interessa a ele. O cineasta afirmou, ainda, estar “perfeitamente feliz” com o seu trabalho.
“Recebo ofertas para fazer um monte de coisas que eu não estou interessado em fazer. Posso trabalhar em grandes projetos ou em pequenos. Eu estou apenas interessado em fazer o que me interessa”, disse. E suspira: “Eu só gosto de filmar mulheres bonitas, o mais elegantemente possível”.
“Quando eu olho para esses grandes filmes digitais, eu penso ‘A vida é muito curta’, e eu não tenho tempo para gastar três ou quatro anos pra ter certeza que tudo está certo. E eu não estou interessado nesses filmes de história em quadrinhos. Por que eu deveria estar? Eu tenho 72 anos de idade!”, desabafou o diretor.
“Eu estou perfeitamente feliz com o meu nível de trabalho. Eu já trabalhei com praticamente todos os gêneros. Além do mais, quando você faz esses filmes grandes, caros, você tem um monte de reuniões com o pessoal dos estúdios. E cara, isso é chato”, disse.
Será lançado no Brasil, em 23 de agosto, o filme Passion, mais recente projeto do diretor. A história é baseada no filme Crime de Amor, de Alain Corneau, lançado em 2010. Passion retrata Rachel McAdams como Christine, uma jovem que explora a sua companheira de trabalho Isabelle (Noomi Rapace) e então é assassinada por alguém mascarado. As suspeitas caem sobre Isabelle, mas não fica claro se é ela que fez isso.
De Palma fala sobre as diferenças entre a sua versão e a do diretor francês. “O filme de Corneau era sobre uma mulher mais velha e uma mais jovem. E eu também mudei o esquema da investigação policial. Todos nós vemos isso na TV o tempo todo, e é por isso que eu pus tudo em uma sequencia de sonho, então você não tem certeza se aquilo está acontecendo ou não”, disse.
Outra coisa diferente é a sequencia do assassinato, onde De Palma divide a tela em duas, uma parte mostrando o assassinato e a outra mostrando dois bailarinos dançando Afternon of a Faun, de Vaslav Nijinsky, olhando diretamente para a câmera. “Eu estive fascinado por essa performance por anos. Eu amei a ideia, os bailarinos interagindo um com o outro e se olhando todo o tempo. Isso foi chocante quando foi feito porque era tão explicitamente sexual. “Então eu queria usar isso. E quando eu vi o filme de Corneau tinha uma cena que o detetive perguntava para a suspeita ‘Onde você estava?’ e ela respondia ‘Eu estava no balé’. Então eu pensei ‘Uau! Agora eu tenho um lugar pra colocar isso”, revelou.
Sobre uma possível aposentadoria, o diretor brinca: “Meu diretor de fotografia é mais velho que eu. Ele tem 74. E eu o vejo em pé o tempo todo e digo ‘Por que você não senta um pouco?’ e ele diz ‘Se eu sentar eu durmo’. Eu penso que é isso que está esperando por mim.”
Passion estreia nos cinemas do Brasil em 23 de agosto.
