Uma nova série favorita do público Netflix está no pedaço. Adaptada por Brian Yorkey e dirigida por Tom McCarthy, 13 Reasons Why ganhou o carinho dos telespectadores e tem avaliação acima da expectativa nos sites especializados.
O seriado é uma adaptação do livro Os Treze Porquês, lançado em 2007 por Jay Asher, e conta a história de Clay (Dylan Minnette), um adolescente de 17 anos que está no terceiro ano do colegial e acaba de perder sua amiga/paquera, Hannah Baker (Katherine Langford), que, sem muitas explicações, resolveu tirar a própria vida.
A confusão de Clay se transforma em angústia e espírito de vingança quando ele começa a ouvir os 13 lados de fitas cassetes gravadas por Hannah explicando porque se suicidou, isso porque cada um dos capítulos traz um colega de escola como culpado.
A produção, que tem ninguém menos que Selena Gomez como uma de suas colaboradoras, fala de bullying, assédio moral, sexual, sexismo e objetificação do corpo da mulher, tudo isso ambientado em um clima escolar típico das produções high school americanas.
Ou seja, é absolutamente necessária.
Abaixo, nós listamos os acertos e erros da trama, que está disponível na Netflix, com 13 episódios, desde sexta-feira (31).
Primeiro, os acertos:
1. Christian Navarro
O ator é um dos pontos altos de 13 Reasons Why. Como Tony, Navarro dá ao personagem o clima nebuloso e misterioso que ele pede. Assim, desde as primeiras cenas, mesmo quando ele ainda não mostrou ao que veio, o telespectador já percebe que há algo diferente naquele cara pelo seu jeito de falar e olhar.
2. O tema
Quando saiu, 13 Reasons foi chamada como uma série sobre suicídio. Nas primeiras campanhas, muita gente chegou a acreditar que ela explicaria como uma pessoa deve se suicidar, quando, na verdade, não tem nada a ver com isso e vai muito além da tragédia. De forma bastante didática, o seriado transita entre assuntos absolutamente relevantes na sociedade atual, como cyberbullying, bullying, assédio moral, sexual, objetificação do corpo da mulher, sexismo e negligência.
Um dado da Organização Mundial da Saúde de 2015 mostrou que, nos dias de hoje, o suicídio faz mais vítimas entre adolescentes que o vírus HIV. Tirar a própria vida, segundo o órgão, já é a segunda principal causa de morte em todo mundo para pessoas de 15 a 29 anos de idade.
3. Transição entre flashback e atualidade
Transitar entre flashback e atualidade é sempre um desafio para produções que utilizam desse recurso, especialmente porque a chance de causar confusão e dispersão no espectador é grande. Em 13 Reasons Why, o estilo é utilizado de forma exemplar. O posicionamento de Hannah como um espírito nas cenas atuais casa perfeitamente com a postura e sentimento de Clay, além de se relacionar completamente com o conteúdo da fita que ele está ouvindo no momento.
4. Selena Gomez
Pegar a atenção do público adolescente com uma série repleta de atores desconhecidos é uma tarefa bem difícil. Por isso, ter uma pessoa popular como Selena Gomez na produção é fundamental. A cantora chamou seus fãs para acompanharem o seriado e fez uma campanha pesada para fazê-la dar certo. Além disso, Selena acertou ao preferir ficar atrás das câmeras, evitando que a curiosidade por vê-la atuar fosse maior do que a importância do tema, que é – e merece ser – o protagonista.
5. Trilha sonora
Em tempos de redes sociais e internet, uma trilha sonora bastante popular é fundamental para cativar um público como o que é alvo da série. Na lista, duas canções são interpretadas por Selena: Only You e Kill Em With Kindness. Além disso, temos hits de Joy Division, The Cure e Billie Eilish.
6. Mensagem direta para o espectador
Em diversos momentos, Hannah dialoga diretamente com o telespectador, seja ele agressor ou agredido. Considerando que a maioria do público-alvo ainda está na escola, a série não tem medo de retratar esse ambiente como absolutamente perigoso e prejudicial aos jovens atualmente. Hannah deixa claro que sua morte foi causada por seus colegas, o que faz com que todos – estando nessa fase da vida ou não – repensemos sobre nossas atitudes enquanto sociedade. Não só como agressores, mas como propagadores de agressões disfarçadas de brincadeira.
7. Kate Walsh
Se você é fã de Grey’s Anatomy e Private Pratice, muito provavelmente morreu na frente da TV ao ver Kate Walsh em ação novamente. A eterna Addison Montgomery vive Olivia Baker, mãe de Hannah e uma das mais determinadas a descobrir o que realmente causou a morte de sua filha. Abusando da dramatização de sua personagem, Walsh mostrou que os estudos antes da série valeram a pena. A atriz visitou famílias que sofreram perdas traumatizantes nos últimos anos e até uma em especial que passou por uma situação muito parecida com a retrata em 13 Reasons.
E agora, os erros:
1. Todas as atuações são muito parecidas
Exceção feita a Christian Navarro, todas as atuações são muito parecidas. Os estudantes utilizam as mesmas expressões, gírias e formas de falar, mesmo que tenham histórias, criações e missões na série completamente diferentes. Já entre os adultos, todos rumam para o mesmo caminho: a relação de casal do pai ou rígido ou desinteressado contra a mãe instável ou invasiva.
2. Brandon Flynn
Brandon Flynn parece ter tido sérias dificuldades em entender que a principal função de Justin não é ser galã. O ator tinha um papel absolutamente interessante em mãos, sendo um personagem fundamental para se entender a história como um todo, mas pouco consegue desenvolver além daquilo que está no roteiro. Brandon não traz o olhar perturbado que Justin implora para ter durante o desenvolvimento da história, tendo alguns bons momentos, mas longe daquilo que poderia ser alcançado em um trabalho com tantas possibilidades.
3. Clichês
Muito mais por culpa do livro do que da série em si, são vários clichês em que 13 Reasons Why esbarra. O grande protagonista da história é o garoto antissocial e desajeitado, os vilões são os fortões, populares e esportistas com ótimo desempenho escolar, o cara estranho toca em uma banda e o enigmático é um perseguidor apaixonado por fotografias. Quantas vezes não vimos isso em produções high school americanas, não é mesmo?
4. Algumas partes são meio arrastadas
Muita gente reclamou que 13 Reasons Why é um tanto arrastada. São 13 episódios, sendo um para cada lado das fitas ouvidas por Clay. Só que nem todas as histórias merecem um episódio inteiro de quase 1 hora. Algumas – que não vamos citar aqui por motivos de spoiler – poderiam ser casadas com outras no mesmo capítulo. O fato de cada parte ter seu episódio faz com que a narração de Hannah acabe sendo um pouco repetitiva em alguns trechos, com ela chegando até a repetir a mesma coisa algumas vezes e de forma desnecessária.