Oscar 2013: conheça 25 curiosidades sobre os indicados
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Entre os nove filmes indicados ao grande prêmio da noite da 85ª edição do Oscar – o de melhor filme -, dois longas se destacam como grande favoritos: Argo e Lincoln, mas a disputa não acaba por aí.
AMOR, uma realidade mais dura do que a ficção
A dolorosa e íntima obra de Michael Haneke surpreendeu a todos ao receber cinco indicações aos prêmios Oscar: melhor filme, melhor diretor, melhor atriz (Emmanuelle Riva), melhor roteiro original (Haneke) e melhor filme estrangeiro.
O longa, baseado em uma experiência pessoal de Haneke, reflete a situação dos octogenários Georges e Anne (interpretados por Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva, respectivamente), um casal de professores de música aposentados que desfrutam a vida em Paris até que uma paralisia muda radicalmente seus cotidianos.
Tal situação os obriga a enfrentar o desafio de forma íntima e que põe em xeque o amor, a resistência e a paciência entre duas pessoas que passaram a vida inteira juntos.
O filme, ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes, também conquistou nas últimas semanas o Globo de Ouro e o Bafta de melhor filme de língua não inglesa.
ARGO, a aposta que cresceu na última hora
Com sete indicações ao Oscar – a maioria em categorias técnicas -, Argo não conseguiu situar Ben Affleck entre os indicados ao prêmio de melhor diretor, algo que foi entendido como um duro golpe às aspirações do filme na festa do próximo domingo.
Entretanto, os sucessos obtidos nas últimas semanas acabaram reforçando as chances do filme, que, segundo muitos especialistas, pode aparecer como surpresa e levar o grande prêmio da academia de Hollywood.
As estatuetas alcançadas no Bafta e no Globo de Ouro como melhor filme do ano respaldam essa ideia, enquanto o ator Bradley Cooper, indicado ao prêmio de melhor ator pelo O Lado Bom da Vida, afirmou que “Ben Affleck foi roubado” ao saber dos indicados aos prêmios Oscar.
“Para mim é uma honra incrível ser indicado como produtor. São nove filmes e qualquer um pode ganhar. Não me preocupo com o resto. Passei muitos anos vendo a festa em casa”, afirmou Affleck no início do mês, quando foi perguntado sobre a percepção existente de que seu filme possui grandes possibilidades nesta categoria.
Na trama, Argo esmiúça o histórico resgate de seis funcionários da embaixada dos Estados Unidos em Teerã em 1980, durante a famosa crise dos reféns, fazendo-os passar por membros de uma equipe de filmagem de um filme de ficção científica no estilo de Guerra nas Estrelas para enganar o regime do aiatolá Khomeini.
INDOMÁVEL SONHADORA, o reconhecimento à joia “indie”
A joia independente nesta edição dos prêmios Oscar é candidata a quatro estatuetas: melhor filme, melhor diretor (Benh Zeitlin), melhor atriz (Quvenzhané Wallis, a mais jovem da história a ser indicada nesta categoria) e melhor roteiro adaptado (Zeitlin e Lucy Alibar).
Trata-se de um longa-metragem filmado há três anos e que estreou em junho no território americano, onde, desde então, arrecadou mais de US$ 12 milhões graças a estes reconhecimentos, mas também devido à boa aceitação do longa na penúltima edição do festival de Sundance, onde foi exibido pela primeira vez.
A história, ambientada em uma esquecida comunidade de uma região pantanosa do Mississipi e separada do mundo por um dique, tem como protagonista absoluta a menina Hushpuppy (Quvenzhané Wallis), que vive em perfeita sintonia com a natureza que a rodeia sem saber que está a ponto de ficar órfã.
A partir deste argumento, baseado na obra Juicy and Delicious, de Lucy Alibar, Zeitlin compõe uma paisagem angustiante com pessoas tão deterioradas quanto à natureza do lugar onde vivem.
DJANGO LIVRE, uma “tarantinesca” revisão da escravidão
Quentin Tarantino está de parabéns pelas cinco indicações de sua última obra: melhor filme, melhor ator coadjuvante (Christoph Waltz, que volta a ser indicado após Bastardos Inglórios), melhor roteiro original (Tarantino), melhor edição de som e melhor fotografia.
Tarantino, ganhador do Globo de Ouro e do Bafta de melhor roteiro original pelo filme, explora um novo território em sua filmografia, mas sem se afastar de seus característicos argumentos, como a sede de vingança e a busca da fortuna através do uso da pistola, embora tenha adotado um toque de “spaghetti western” nesta ocasião.
Jamie Foxx, Leonardo di Caprio, Waltz, Don Johnson, Samuel L. Jackson, Jonah Hill e Kerry Washington embarcam em uma aventura no velho oeste liderada por Django, um escravo que recruta um mercenário para localizar assassinos racistas.
O diretor esteve envolvido em brigas constantes com a imprensa de meio mundo por conta da violência em seus filmes, principalmente pelo fato de ter coincidido com os massacres registrados nos últimos tempos nos Estados Unidos, o que abriu um grande debate social sobre a violência no cinema.
OS MISERÁVEIS, um “doce” para os amantes de musicais
O filme de Tom Hooper é um dos três grandes favoritos ao grande prêmio Oscar, ficando logo atrás de Lincoln e As Aventuras de Pi, com oito indicações, entre elas a de melhor filme, melhor ator (Hugh Jackman), melhor atriz coadjuvante (a favorita Anne Hathaway) e o melhor figurino.
Cento e cinquenta anos depois de VIctor Hugo ter escrito Os Miseráveis, o musical baseado em sua obra prima chega aos cinemas com um elenco, no mínimo, estelar, que inclui Hugh Jackman, Russell Crowe, Amanda Seyfried, Eddie Redmayne, Sacha Baron Cohen e Helena Bonham Carter.
Ambientado na França do século XIX, Os Miseráveis narra a trajetória de um grupo de estudantes revolucionários que recorre às armas para lutar contra a corrupção do governo e a pobreza que assola a população em pleno coração de Paris.
No entanto, a origem da história vem à tona através de Jean Valjean (Hugh Jackman), um homem procurado pela justiça que consegue refazer sua vida como prefeito e proprietário de uma fábrica, onde uma de suas empregadas lhe responsabilizará pelos cuidados de sua filha.
AS AVENTURAS DE PI, o triunfo da emoção em 3D
É o único filme em 3D entre os indicados e o segundo com mais indicações – 11 no total -, ficando atrás somente de Lincoln. No entanto, o destaque de “As Aventuras de Pi” deve se restringir mesmo às categorias técnicas, como, por exemplo, fotografia e montagem.
Baseada no livro homônimo do canadense Yann Martel, o longa narra a aventura de um jovem que sobrevive a um desastre no meio do oceano e estabelece uma conexão incomum com outro sobrevivente – um tigre de bengala – em um bote salva-vidas. O elenco é formado por Suraj Sharma, Irrfan Khan e Adil Hussain.
A obra do diretor Ang Lee, segundo a crítica especializada, é um dos melhores exemplos até agora de filmes feitos em 3D, de modo que não perturba a visão do espectador e também abre as portas para a experimentação de novas sensações, confessou o próprio cineasta, que retorna aos prêmios Oscar após O Tigre e o Dragão (2000) e O Segredo de Brokeback Mountain (2005).
O chileno Claudio Miranda, responsável pela fotografia do filme, pode conseguir seu primeiro Oscar após ter sido indicado por O Curioso Caso de Benjamin Button (2008).
LINCOLN, uma lição de história narrada de forma esmagadora
É o grande favorito e possui chances de levar as 12 estatuetas que concorre, incluindo a de melhor filme, melhor diretor (Steven Spielberg), melhor ator (Daniel Day-Lewis) e melhor atriz (Sally Field). Apesar do impulso de Argo, Lincoln conseguiu convencer os acadêmicos através de uma história que fala sobre a origem das liberdades nos Estados Unidos.
O filme não se saiu bem em prêmios como o Globo de Ouro e o Bafta, já que o único prêmio de peso, como melhor filme, foi o da Associação de Críticos de Dallas-Fort Worth. Além do sucesso de indicações, o novo filme de Spielberg já arrecadou, até o momento, mais de US$ 220 milhões em bilheteria no mundo todo.
A fita se baseia no livro Team of Rivals, da ganhadora do prêmio Pulitzer Doris Kearns, e conta com um roteiro, assinado por Tony Kushner, focado no choque político enfrentado pelo 16º presidente americano rumo à abolição da escravidão e ao fim da Guerra Civil.
Apesar de seu ritmo lento e da ambientação e cenografia estarem muito próximas da representação teatral em muitas cenas, o que representa um desafio para alguns espectadores, a qualidade das interpretações, a profundidade e o rigor com que cada detalhe é tratado transforma o filme em uma valiosa joia da carreira de Spielberg.
O LADO BOM DA VIDA, quando o amor cura a doença
Suas oito indicações respaldam a qualidade de uma obra que foi a primeira a ser indicado como melhor filme, melhor diretor (David O. Russell), melhor roteiro adaptado (Russell), além das quatro categorias interpretativas (Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert De Niro e Jacki Weaver), desde o longa Reds (1981), de Warren Beatty.
Cooper interpreta Pat, um jovem com transtorno bipolar que, após agredir o amante de sua mulher, sai do centro psiquiátrico disposto a se recuperar e é acolhido por seus pais. Nessa situação, ele conhece Tiffany (Lawrence), uma mulher que também é mentalmente instável.
A fita se beneficiou de uma potente campanha publicitária, obra da The Weinstein Company, empresa que lançou o filme de forma limitada em meados de novembro e que, pouco a pouco, foi aumentando o número de cópias nos EUA coincidindo com os prêmios recebidos durante as últimas semanas. Desta forma, o filme arrecadou mais de US$ 130 milhões no país.
Russell afirmou em mais de uma ocasião que o projeto era interessante principalmente para que seu filho, que sofre um transtorno bipolar assim como o protagonista, se visse refletido na história e encarasse sua situação com otimismo. O jovem, inclusive, chegou a ganhar um pequeno papel no filme.
A HORA MAIS ESCURA, a polêmica caçada a Bin Laden
Tida como a obra mais polêmica do ano, A Hora Mais Escura acabou tendo sua ousadia recompensada com cinco indicações ao Oscar: melhor filme, melhor atriz (Jessica Chastain), melhor roteiro original (Mark Boal), melhor edição e melhor edição de som.
Centrado na caçada e captura de Osama Bin Laden, o filme começa com gravações reais de ligações telefônicas efetuadas pelas vítimas do atentado de 11 de setembro de 2001 e também narra os eventos posteriores que culminam na morte de Bin Laden, em maio de 2011, sem cortar as polêmicas cenas, como a tortura de um detido da Al Qaeda.
Kathryn Bigelow, a única diretora na história a ganhar o Oscar (Guerra ao Terror), filma a história com pulso firme e empregando um tom que se divide entre a reportagem e o documentário, aproveitando a meticulosidade do roteiro de Boal, baseado em entrevistas com as pessoas envolvidas na operação e em uma exaustiva documentação.
A seu favor, o longa já alcançou os prêmios de melhor filme concedidos pela National Board of Review, as associações de críticos de Nova York, Boston, Chicago, Las Vegas e Washington, assim como o do Festival de Cinema de Hollywood.