O 30° aniversário da morte de Julio Cortázar marca na Argentina o começo de um ano de homenagens pelo centenário do nascimento do autor de O Jogo da Amarelinha, uma das figuras mais emblemáticas do boom da literatura latino-americana.
Desta quarta-feira (12), quando se completa o aniversário de sua morte e durante os próximos seis meses, haverá em Buenos Aires um amplo programa de atividades, que terão especial relevância em agosto, pois no dia 26 desse mês o escritor completaria 100 anos.
“O maior festejo faremos em seu nascimento porque gostamos mais festejar os nascimentos do que as mortes”, explicou a Agência Efe Rodolfo Hamawi, diretor de Indústrias Culturais do governo argentino.
Sobre sua morte em Paris, em 12 de fevereiro de 1984, Hamawi lembrou que nesse dia, contou o escritor argentino Carlos Polimeli na biografia “Cortázar para principiantes”, houve uma invasão de borboletas coloridas sobre Buenos Aires.
“Era um domingo e foi um fato excepcional que nunca se repetiu. É algo simbólico, mas não cabe a qualquer autor essa analogia, que no dia da morte as borboletas invadam Buenos Aires”, disse o responsável pelas celebrações do “Ano Cortázar”.
A capital argentina, onde o escritor passou boa parte de sua vida e com a qual teve uma contraditória relação, assim como com Chivilcoy, onde viveu por cinco anos como professor de literatura, sediarão as principais homenagens.
A Secretaria de Cultura da presidente argentina, a Televisão Pública argentina, o Museu Nacional de Belas Artes, a Biblioteca Nacional, o Museu do Livro e da Língua, e a prefeitura de Chivilcoy, trabalharam na elaboração das atividades que homenagearão o autor nascido em Bruxelas, na Bélgica.
No Salão do Livro de Paris, em março, a Argentina é o país convidado de honra.
O evento literário francês será palco de uma mostra fotográfica com 15 imagens inéditas realizadas por Sara Facio, autora dos retratos mais conhecidos de Cortázar, e de outros personagens ilustres da cultura argentina.
Também no Salão do Livro de Paris, o desenhista Miguel Rep pintará um mural, ao vivo por dois dias, em que ilustrará a linha de tempo da vida e da obra de Cortázar.
Em agosto, coincidindo com o centenário de seu nascimento, acadêmicos e escritores argentinos e internacionais tratarão de desentranhar o universo literário do autor de Bestiário nas jornadas Leituras e releituras de Cortázar, na Biblioteca Nacional de Buenos Aires.
O Museu Nacional de Belas Artes da capital argentina receberá pela primeira vez, a partir de junho, uma coleção pessoal do escritor, integrada por mais de cinco mil peças fotográficas, documentação em papel e vários filmes em super 8.
Já o Museu do Livro e da Língua exibirá até outubro “Rayuela: uma mostra para armar”, uma proposta interativa e lúdica sobre uma das obras mais relevantes da literatura latino-americana, que marcou um ponto de inflexão na narrativa em espanhol.
Na Casa Nacional do Bicentenário a relação de Córtazar com o cinema e a música será revisitada com uma mostra de historias baseadas em sua obra.
Os fãs poderão participar de um concurso de roteiros em que o vencedor realizará um curta, entre quatro e sete minutos, que será transmitido pela Televisão Pública, em plataformas digitais e pelo celular.
O roteiro e a obra ganhadora servirão também de argumento para desenvolver um videogame.
Fora da capital argentina, na cidade na província de Buenos Aires de Chivilcoy, onde o autor de “Rayuela” viveu de 1939 a 1944, será aberto o Museu Cortázar, um espaço cultural que receberá mostras permanentes e oficinas e cursos relacionadas a sua obra.
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