Gabriela: Compare os personagens da novela original com os do remake
Créditos: Reprodução e divulgação/ Globo
A ingênua sensualidade de Gabriela, uma das mais sedutoras mulheres nascidas da imaginação do escritor Jorge Amado, retorna à televisão brasileira nesta segunda-feira (17). A estreia da novela Gabriela (Globo), adaptada por Walcyr Carrasco, se une, desse modo, às comemorações do centenário de Jorge Amado, que nasceu em 1912 e morreu em 2001.
“Gabriela cheira a amor, Gabriela tem cor de canela”, declarou há 15 anos o escritor, nascido no dia 10 de agosto de 1912, sobre a personagem principal de um dos mais bem-sucedidos de seus 36 livros, editado em 1958 e traduzido para 35 idiomas.
A história do livro Gabriela, Cravo e Canela transcorre na década de 1920 em Ilhéus, uma pequena cidade do sul do estado da Bahia, e se situa no meio dos tempos dourados que essa região viveu quando chegou a ser uma das grandes produtoras de cacau do mundo.
Amado recria a chegada da ferrovia à cidade através da prosperidade nascida do cacau, que leva negócios, bancos e até bordéis a florescer, e mostra a cara mais corrupta, ambiciosa e insensível dos coronéis da região.
Nesse universo surge Gabriela, uma jovem que chega vinda da miséria profunda do campo, buscando trabalho como empregada doméstica ou cozinheira, uma arte que conhece como poucas, figura sempre presente na prolífica literatura de Amado, que durante sua própria vida fez da boa mesa um culto.
Nacib, um sessentão de origem síria que a contrata como garçonete, depois como cozinheira de seu bar “Vesúvio”, se transforma em seu amante e depois em seu marido, embora o casamento acabe quando ele descobre que Gabriela o trai com outro homem.
A traição escandaliza a pacata Ilhéus, mas não impede que Nacib desafie a moral da época para voltar a ser amante de Gabriela.
A tórrida paixão de Gabriela e Nacib foi levada à televisão em 1960 e em 1975, mas nenhuma dessas versões teve o impacto do filme dirigido por Bruno Barreto e protagonizado por Sônia Braga e Marcello Mastroianni em 1983.
Aos 59 anos, o intérprete dos delírios cinematográficos de Federico Fellini, se entregou ao realismo mágico de Jorge Amado e deu vida junto a Sônia Braga a um dos casais mais amorosos do cinema.
A versão para TV coloca Juliana Paes na pele de Gabriela. A escolha da atriz para o papel foi posta em xeque por parte da crítica, porque apesar de ela ter a mesma cor de pele da personagem, não tem seus 20 anos.
No papel de Nacib estará Humberto Martins, ator de 51 anos com longa trajetória na televisão, e em alguns dos papéis secundários aparecerão velhas figuras ilustres da dramaturgia brasileira, como Antônio Fagundes e José Wilker.
Fagundes é parte da história das telenovelas e protagonizou alguns dos grandes sucessos mundiais de Globo, como O Rei do Gado (1996) e Dancin’Days (1978).
Wilker também se tornou famoso em dramalhões, como Roque Santeiro (1985), mas conseguiu projeção internacional em seu papel de Vadinho, o marido que volta da morte para atormentar Sônia Braga em Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), outro filme de Bruno Barreto baseado na obra de Jorge Amado.
Na telenovela que começa nesta segunda-feira na Globo estreará, além disso, como atriz a famosa cantora Ivete Sangalo, que fará o papel de Maria Machadão, dona do bordel Bataclan, lugar de encontro dos políticos mais influentes do sul da Bahia na década de 20.
A telenovela terá 76 capítulos, com um custo de produção médio de R$ 400 mil cada um, e será rodada quase na totalidade em cenários que reproduzem a Ilhéus daquela época, construídos no Projac, no Rio de Janeiro.