A 17ª edição do Big Brother Brasil 17 tem sido questionada desde o início. O programa teve altos e baixos, momentos de calmaria além do normal, falsas acusações e, agora, um caso de agressão totalmente diminuído pela produção do programa.
Era a chance do BBB 17 provar sua credibilidade e mostrar um caso recorrente na sociedade, como bem disse Tiago Leifert neste domingo (9), que deveria ser punido e denunciado. Nada, porém, foi feito.
Estamos falando da briga entre Emilly e Marcos na noite de sábado (8) para ontem. O cirurgião encurralou a moça na parede da cozinha, gritou, encostou seu nariz contra o dela e pressionou o dedo indicador em riste contra sua boca.
Em outro momento, agarrou o pulso da namorada, a jogou no chão e, chorando, bateu levemente sua cabeça contra o gramado da mansão. Ainda assim, tudo acabou passando praticamente batido e nenhuma punição foi decretada.
Assim, o BBB 17 finaliza uma trajetória deprimente, que pode ter consequências em edições futuras do programa. Nós listamos 5 fatos que comprovam essa tese.
1. A “relação” entre Marcos e Emilly
Não é necessária a existência de uma agressão física considerável para se configurar um relacionamento violento e abusivo. Quando exibido em rede nacional, então, o tema deve ser tratado com profunda delicadeza, cuidado e, acima de tudo, rigidez. Marcos agrediu Emilly de diversas formas durante o programa, emocionalmente e fisicamente. A gaúcha tem um hematoma no braço esquerdo que, em conversa que Ieda, disse que foi consequência de um beliscão que Marcos deu nela por conta de ciúmes. Emilly já reclamou de dores no pulso, nos braços, tudo em decorrência de atitudes agressivas do parceiro.
A produção, ao invés de tomar as rédeas da situação, jogou a responsabilidade nas costas de Emilly. Chamou-a no confessionário e disse que ela deveria informá-los caso estivesse passando por problemas. Evidencia uma total falta de conhecimento do conceito de relacionamento abusivo para acreditar que a vítima não se sentirá intimidada pelo agressor ao pensar em fazer uma denúncia. Pra dizer o mínimo.
Leifert disse neste domingo (8) que o que aconteceu na casa acontece na vida real, só que sem câmeras. Mas são elas, as câmeras, a garantia que a emissora tem para, ao contrário da vida real, conseguir evitar que algo pior ocorra.
2. Tiago Leifert
Substituir Pedro Bial no BBB é algo que, para muitos, foi sempre visto como uma missão quase impossível. Por isso, Leifert merece créditos, especialmente por ter imprimido uma nova forma de participar do programa, sendo uma espécie de jogador de videogame. O apresentador interviu por diversas vezes no jogo, deu dicas, broncas e tentou manejar a situação de uma forma que ela sempre seguisse da forma que desejava. Só que estamos falando de pessoas, não de um personagem virtual. Faltou pulso para Leifert lidar com as situações difíceis da casa.
3. A escolha dos participantes
Talvez essa parte não seja exatamente culpa da produção. Os participantes pareciam interessantes quando anunciado o elenco final, mas foram todos caindo com o passar do tempo. Roberta perdeu o encanto e fez pouco perto do que prometia; Rômulo foi o verdadeiro cemitério do entretenimento; Gabriela Flor claramente se arrependeu de ter ido ao programa; e Mayara não teve tempo de mostrar a que veio.
4. O público
Mais uma vez, o público foi vilão de um BBB. Tirou participantes interessantes cedo demais, como Mayara e Elis, se fechou em torno de Marcos e Emilly e, de certa forma, é parte responsável pelos casos abusivos de violência ocorridos nas últimas semanas. Além disso, a eliminação de Ilmar, logo após este ter sido falsamente acusado de estar sendo perseguido pela polícia por falta de pagamento de pensão, mostrou que os conceitos básicos de ética social não faziam parte da mente de quem votava.
5. Falta de punição
Todo mundo que assiste um programa como o BBB gosta de confusão. As brigas e discussões são o que dão vida a esse tipo de entretenimento.
Mas tudo tem limite.
É necessário garantir a segurança dos brothers, além de tomar cuidado para não passar a mensagem errada. O BBB é visto por milhões e estes milhões podem achar que, se uma atitude errada não é punida nem na televisão, que dirá no mundo real.
Se a situação estivesse sob controle, a produção não teria omitido do grande público que uma psicóloga entrou na casa no dia 4 de abril, logo após o surto de Marcos, para conversar e acalmar os participantes. Também não teria escondido que, naquela noite, Ilmar colocou uma caneca no quarto para ouvir caso o cirurgião invadisse o cômodo. Ele, inclusive, chegou a sonhar com esse cenário.
Agora, a família de Ieda cogita acionar a Justiça para retirar a veterana da casa. Ieda tem pressão alta e, nas últimas horas, foi ao confessionário pedir mais medicação, pois estaria nervosa e assustada com o que tem acontecido.
Estou tentando a meia hora conseguir contato com a produção do @bbb! @bbbsentinela @boninho @TiagoLeifert se n tomarem uma medida urgente(+)
— Ieda Wobeto (@iedawobetoreal) 9 de abril de 2017
.@bbb @bbbsentinela @boninho @TiagoLeifert Contra o participante Marcos, amanhã entraremos com um representação contra o programa e um pedido de liminar p o afastamento da Ieda! — Ieda Wobeto (@iedawobetoreal) 9 de abril de 2017
Assim, o BBB 17 arriscou jogar fora a credibilidade construída nos últimos 15 anos por um receio inexplicável de punir um participante que nem na casa deveria estar mais.