30 anos depois de seu lançamento, RoboCop continua tendo uma mensagem bastante atual. Um filme sempre lembrado pelo excesso de violência e carnificina, a obra de Paul Verhoeven é frequentemente incompreendida. Aqui fizemos uma pequena lista provando que a mensagem forte de RoboCop é perfeita ainda nos dias de hoje:
– Filme mais incompreendido da história?
Quando falamos sobre RoboCop, sempre vem à mente um filme cheio de cenas de ação frenética e muita violência. Lembramos de um robô assustador feito em stop motion com a missão de parar RoboCop e de um dos bandidos derretendo depois de cair num tanque de lixo tóxico. Pouco se fala do seu humor cínico, de sua crítica à brutalidade policial e ao sistema que escraviza a classe trabalhadora.
– Manipulação da mídia
Sempre são mostrados flashes de telejornais, nos quais os ancôras falam de cara lavada e com um sorriso na cara sobre o apocalipse nuclear e antigos presidentes sendo assassinados. Os programa de TV do mundo de RoboCop são exageradamente cômicos e feito sob medida para um país em pedaços. A ironia de Paul Verhoeven é tão absurda nesses trechos que fica difícil acreditar que alguém não entendeu a mensagem do filme.
– Exploração da classe trabalhadora
No futuro distópico de Paul Verhoeven, a classe trabalhadora não tem nome e apenas serve aos interesses dos patrões. Detroit é dominada pela violência e quando se fala sobre a construção de “Delta City” nos lembram que serão milhares de trabalhadores vivendo em trailers, o que significa mais oportunidade de lucrar com jogo, tráfico e contrabando.
RoboCop é uma máquina sem sentimentos, feita para destruir de maneira brutal qualquer coisa que atrapalhe o caminho da lei. De maneira fria, ele lida com as crianças (“stay out of trouble”) e com uma mulher que acaba de ser vítima de um estupro, dizendo que ela acabou de sofrer um choque emocional e que vai encaminhá-la a um centro especializado. Ele é chamado apenas de “RoboCop” e quando alguém tenta relembrá-lo de quem ele realmente é, “Murphy”, seus criadores entram em pânico.
– Crítica a favor do desarmamento
Em uma das cenas mais loucas do filme, os bandidos empunham armas de tamanho absurdo e explodem carros e vitrines ao seu redor. Não existe nenhuma vontade de fazer melhorias sociais ou estruturais na cidade, o que importa é a força bruta e destruir tudo que estiver “contra a lei”.
– Número considerável de mulheres na força policial
Lewis, a companheira de Murphy no momento em que ele é despedaçado antes de se transformar no RoboCop, faz aquele que é praticamente o único papel de um ser humano com alguma humanidade no filme.
Apesar de dar a entender que a agente policial desenvolve sentimentos pelo ex-companheiro meio máquina, meio homem, não existe nada perto de um romance para desvirtuar a mensagem forte de RoboCop.
E em tempos cada vez mais sombrios, a mensagem de RoboCop é mais atual do que nunca.