A ansiedade é um grande mal-estar físico e psíquico, que gera aflição e agonia. Até certo ponto, é considerada uma reação natural e, de certa forma, até valorizada no processo de adaptação a diversas situações cotidianas da vida. Mas e quando isso deixa de ser um aspecto natural? E quando a ansiedade passa a atrapalhar sua rotina, trazer preocupações irreais e até chega a te impedir de ir aos lugares? Se você já se viu em situações como essas, talvez seja a hora de procurar ajuda médica. O Transtorno de Ansiedade é sério e pode atrapalhar e muito o andamento da sua vida como um todo.
A ansiedade se torna patológica e os transtornos de ansiedades mais comuns são: síndrome do pânico, fobias, fobia social, agorafobia, transtorno de estrese pós-traumático e transtorno de ansiedade generalizada, esse o tipo mais amplo que pode atingir as pessoas. “A ansiedade ‘normal’, em geral, ocorre de modo intermitente, ocasional, intercalada com períodos de tranquilidade e está ligada a algum fato da vida. No Transtorno de Ansiedade Generalizada, por exemplo, se caracteriza essencialmente por uma ansiedade intensa e constante ao longo do tempo e sem um motivo específico. Muitas vezes, a pessoa é ansiosa o tempo todo, mesmo que não haja motivo para isso. Além da ansiedade propriamente dita, o paciente apresenta irritabilidade, insônia, apreensão, expectativa e, eventualmente, sintomas físicos como tremores, tensão muscular, sudorese, falta de ar”, explica o Prof. Dr. Mario Louzã, psiquiatra especialista no assunto.
Um exemplo disso foi o que aconteceu com o cantor Zayn Malik, ex-integrante do One Direction, que deixou de fazer um show importante, que marcaria seu retorno aos palcos, porque sofreu um ataque de ansiedade. No Twitter, ele escreveu: “Infelizmente, minha ansiedade tem me apavorado nos últimos meses quanto a performances ao vivo e dar o melhor de mim. Com a magnitude do evento, sofri o pior ataque de ansiedade da minha carreira. […] Sei que aqueles que sofrem de ansiedade vão me entender e espero que os que não sofrem possam ter empatia com minha situação”. Zayn recebeu apoio, mas ainda não voltou aos palcos.
A youtuber Karol Pinheiro, que tem mais de meio milhão de inscritos em seu canal, gravou um vídeo para compartilhar sua experiência e como foi seu tratamento. “Sempre fui muito ansiosa, rola um medo, a gente trabalha com um mercado novo e inexplorado ainda, são muitas dúvidas que rodeiam a sua cabeça e sua vida. Então, eu, que sempre tive esse perfil ansioso, que nunca lidei com isso, explodi e tratei do melhor jeito: procurando ajuda profissional”, disse em entrevista ao Virgula.
“Demorei muito tempo para falar desse assunto na internet e aconteceu porque eu senti uma necessidade do público. Falei: ‘caramba, acho que faz parte do meu trabalho, acho que agora que eu já superei, entendo um pouco melhor do assunto’. Procurei muito respaldo profissional para poder fazer aquele vídeo, falei com muitos psicólogos para entender qual era a melhor forma de dizer isso. Não fui para frente da câmera crua, sabe? Então, eu acho que esse momento de expor isso, foi muito importante. Eu recebo e-mails e, presencialmente, as pessoas falam obrigada por você ter feito isso”, contou.
Quais os sintomas e como tratar?
Se você aí está se perguntando quais os sintomas que a doença traz, o psiquiatra Mario Louzã explica:“sensação de expectativa, preocupação excessiva, inquietação, dificuldade de concentração, fadiga, irritabilidade, tensão muscular, alterações do sono – especialmente insônia -, sensação de opressão no peito, às vezes, falta de ar, sensação de ‘aperto na garganta’, boca seca, sudorese excessiva, entre outros”. Ou seja, se você passa por isso frequentemente, é interessante buscar ajuda de um psiquiatra ou psicoterapeuta. Se fica ansioso por situações cotidianas, muitas vezes e isso te impede de fazer alguma coisas, também procure ajuda. Sem vergonha nenhuma, hein?!
Vale lembrar que esses sintomas podem ser comuns em várias doenças diferentes, como TOC e síndrome do pânico, por exemplo. Consultando um especialista, você descobre qual o diagnóstico da sua condição. Além disso, é importante saber que o TAG pode afetar todas as idades, homens e mulheres, sendo que o sexo feminino é mais vulnerável a esse tipo de condição.
“O transtorno de ansiedade generalizada é sempre sério. Há prejuízos no funcionamento pessoal e social da pessoa, no rendimento geral da vida do paciente. Há estudos associando a ansiedade crônica a doenças cardiovasculares, gastrointestinais, dermatológica. De certo modo, a ansiedade é ‘descarregada’ nos diversos órgãos do corpo e estes adoecem, como expressão da ansiedade. Muitos pacientes com ansiedade generalizada acabam fazendo uso abusivo de drogas ilícitas e álcool, tornando-se, eventualmente, dependentes e necessitando de tratamento para ambas as doenças”, afirma ainda o psiquiatra.
O tratamento para a doença envolve o uso de medicações para redução da ansiedade e psicoterapia. As medicações mais utilizadas são os antidepressivos, inibidores seletivos de receptação da serotonina, eventualmente, associados aos ansiolíticos, que são usados por prazo limitado. A psicoterapia ajuda o paciente a lidar melhor com as situações que podem aumentar a ansiedade, para que em situações mais complicadas, a pessoa supere e não caia de novo nesse transtorno.
A youtuber Karol Pinheiro, ainda faz um alerta para quem acha que tratamentos psicológicos ou psiquiátricos são coisas irrelevantes. “Venho de uma família que não tinha nenhuma noção disso. Sempre tive TOC, a minha infância inteira e meus pais falavam: bobagem, deixa pra lá. Hoje, sei o que é, entendo que tudo isso culminou em uma síndrome do pânico, por exemplo, que eu nunca imaginei que eu ia ter na vida, que, talvez, se eu tivesse um tratamento adequado antes eu não tivesse chegado nesse pico de ansiedade. Acho que as pessoas não tem noção, acho que as pessoas ainda acham que tratamento psicológico é segundo plano, sabe? Elas não entendem que isso é tão importante quanto tratar seu coração, seu rim, seu pulmão, quanto ir ao médico fazer exame de sangue. É muito importante”, opina.