A síndrome do túnel do carpo, uma condição médica caracterizada pela compressão do nervo mediano no punho, é a neuropatia compressiva mais frequente do membro superior, afetando principalmente mulheres acima de 40 anos. Descrita pela primeira vez em 1854, essa síndrome manifesta-se por meio de formigamento, dor na mão e antebraço, e pode avançar para dificuldades motoras nos estágios mais severos.
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Leonardo Kurebayashi, ortopedista cirurgião de mão e punho, descreve os sintomas comuns como formigamento nos dedos, sensação de queimação ou coceira na mão e dificuldades em tarefas do dia a dia como a fazer “pinça” com os dedos. “Um sintoma importante é a parestesia noturna, que é a queixa de despertar durante o sono devido ao formigamento na mão”, explica o médico. Ele destaca que essa condição interfere significativamente na qualidade do sono e no descanso adequado.
As causas tradicionalmente reconhecidas incluem espessamento do ligamento carpal transverso, tenossinovites, fraturas e doenças metabólicas, além da gestação. Porém, uma pesquisa científica publicada em dezembro de 2023 trouxe à tona a discussão sobre a influência de fatores ocupacionais e não ocupacionais na incidência da síndrome.
Segundo o estudo, longas horas de trabalho com computador, condições ergonômicas inadequadas e a falta de pausas durante a jornada de trabalho podem contribuir para o desenvolvimento da síndrome. Além disso, fatores como idade, sexo feminino, obesidade, tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo e condições como diabetes e hipertensão também foram associados ao aumento do risco.
A relevância deste debate é amplificada no Brasil, onde existe uma quantidade considerável de ações trabalhistas buscando compensação por condições de saúde alegadamente ligadas ao ambiente de trabalho. Kurebayashi salienta, no entanto, que dores no punho são resultado de uma combinação de fatores e que mais pesquisas são necessárias para isolar o impacto específico do uso do computador.
Tratamento e diagnóstico
O diagnóstico, embora baseado principalmente em critérios clínicos, pode ser apoiado por exames como eletroneuromiografia, radiografias, tomografia computadorizada e ressonância magnética do punho. “Existem dois tipos principais de tratamento: o conservador e o cirúrgico”, esclarece Kurebayashi, enfatizando que a escolha do tratamento depende de vários fatores, incluindo a fase da doença e a experiência pessoal do médico.
No início da doença, o tratamento pode envolver o uso de órteses, medicamentos e sessões de reabilitação, como fisioterapia ou terapia ocupacional.
“Em casos diagnosticados tardiamente ou quando o tratamento conservador não for eficaz, a intervenção cirúrgica poderá ser necessária. O cirurgião levará inúmeros fatores em conta para decisão de tratamento: idade do paciente, risco cirúrgico, tempo de retorno às atividades, intensidade e duração dos sintomas e, principalmente, a experiência pessoal quanto às formas de tratamento”, explica o ortopedista.
Para mitigar ou prevenir os sintomas, medidas como o controle de doenças concomitantes, redução do tabagismo e do consumo de álcool, prática de atividade física regular e ajustes ergonômicos no local de trabalho são recomendadas. “Pausas periódicas são fundamentais para aqueles que executam atividades repetitivas com os membros superiores”, destaca o médico, sublinhando a importância da prevenção e das mudanças no estilo de vida no manejo da síndrome do túnel do carpo.
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