
Por que ainda aceitamos tentativa e erro na saúde mental? Médico explica (Foto: Divulgação)
Por Dr. Guido Boabaid*
No Brasil, milhões de pessoas convivem diariamente com transtornos como ansiedade e depressão, condições que exigem tratamentos eficazes e rápidos. Mas, mesmo com toda a evolução da medicina, por que ainda aceitamos um modelo de tratamento baseado em “tentativa e erro”, onde pacientes passam semanas, meses ou até anos sofrendo até que o(s) remédio(s) certo(s) seja(m) encontrado(s)? Segundo pesquisa do Covitel em 2024, 26,8% dos brasileiros – cerca de 56 milhões – enfrentam algum grau de transtorno de ansiedade, e a depressão é a principal causa de incapacidade no país. No entanto, cerca de 86% dos pacientes com depressão já precisaram trocar de medicamento pelo menos uma vez, enfrentando efeitos colaterais e riscos durante esse processo.
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O termo “tentativa e erro” já se naturalizou no vocabulário clínico para descrever o método tradicional de prescrição medicamentosa. Porém, esse modelo custa caro — não só em tempo, mas também em saúde e esperança. Vejo pacientes enfrentando ciclos prolongados de sofrimento, incluindo insônia, perda de apetite, crises emocionais, efeitos adversos severos e, em alguns casos, risco de suicídio.
Diante dessa realidade, minha equipe e eu, na GnTech — pioneira em farmacogenética no Brasil — lançamos a campanha “Tentativa e erro não é o melhor caminho!”, com o objetivo de provocar uma reflexão profunda sobre a forma como os tratamentos são conduzidos. Quero mostrar que existe um caminho mais seguro, eficaz e, acima de tudo, respeitoso com a individualidade biológica de cada pessoa.
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O maior estudo sobre farmacogenética já realizado no mundo que analisou o DNA de 487.409 pessoas demonstraram que 99,5% delas, possuem ao menos uma variante genética capaz de atrapalhar a resposta a medicamentos. Isso pode explicar em parte por que 50% dos pacientes com depressão não respondem ao primeiro antidepressivo prescrito, e apenas 30% alcançam remissão total logo no primeiro tratamento. Na prática, muitos passam por até cinco trocas de medicamentos, e cada troca demora, em média, entre seis a doze semanas para apresentar resultado. Além disso, estudos indicam que até 60% dos pacientes abandonam o tratamento com antipsicóticos nos primeiros 12 meses.
No ambiente corporativo, também observo que a compatibilidade medicamentosa faz enorme diferença: colaboradores que utilizam medicamentos adequados ao seu perfil genético faltam 78% menos ao trabalho, aumentando produtividade e reduzindo custos. Então, se esse modelo baseado em tentativa e erro seria inaceitável em outras áreas da vida — transporte, alimentação, segurança —, por que ele ainda é tolerado na saúde mental?
A farmacogenética oferece a solução. Ela permite personalizar tratamentos com base no DNA, identificando variantes que influenciam o metabolismo e a resposta a medicamentos, possibilitando decisões mais precisas e seguras. Estudos mostram que o uso do teste farmacogenético aumenta em 50% a taxa de remissão e em 30% a taxa de resposta já na oitava semana, comparado ao método tradicional, e reduz em até 30% os efeitos colaterais.
Com mais de 36 mil artigos científicos já publicados, a farmacogenética é um campo consolidado. No longo prazo, pacientes tratados com base em testes genéticos apresentam taxa de remissão de 60,99%, enquanto aqueles tratados pelo método convencional alcançam 36,35%. Também há uma economia estimada de até R$24 mil para o paciente, redução de 58% nas internações hospitalares e 40% nas visitas a emergências.
No Brasil, tenho orgulho de dizer que a GnTech já impactou mais de 20 mil vidas e mantém o maior banco de dados de farmacogenética da nossa população, tornando a Medicina de Precisão uma realidade acessível. Para mim, saúde mental não é loteria nem jogo de azar. Não podemos aceitar a tentativa e erro. É fundamental que cada paciente receba um tratamento que respeite sua individualidade, sua genética e seu direito a uma vida com qualidade e esperança.
*Guido Boabaid May é médico psiquiatra, fundador e CEO da GnTech, empresa de biotecnologia pioneira e líder em farmacogenética no Brasil. Médico do Corpo Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, formado pela UFSC, com especialização em Psiquiatria pela UFRGS, Guido é referência em saúde mental para executivos de alta performance, Medicina de Precisão e bem-estar sustentável.
Sobre Guido Boabaid May
Guido Boabaid May é médico psiquiatra, fundador e CEO da GnTech, empresa de biotecnologia pioneira e líder em farmacogenética no Brasil. Médico do Corpo Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, formado pela UFSC, com especialização em Psiquiatria pela UFRGS, Guido é referência em saúde mental para executivos de alta performance, Medicina de Precisão e bem-estar sustentável.
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