PMMA: saiba as indicações, benefícios e porque o produto é seguro (Foto: Divulgação)

Material médico usado em preenchedores para tratamento reparador e corretivo, o PMMA é biocompatível com o corpo humano e autorizado pela Anvisa. Suas vantagens são explicadas por Carlos Cunha, farmacêutico e diretor da Garantia da Qualidade do Biossimetric, preenchedor a base de PMMA.

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Você certamente já ouviu falar em PMMA. O material tem um histórico na Medicina de longa data, mas nos últimos anos surgiram campanhas contra o uso dele em preenchedores. Porém, o que é mentira e o que é verdade? O polimetilmetacrilato (PMMA) é utilizado em preenchedores como o Biossimetric. Ele foi introduzido ao mercado com o objetivo de fornecer tratamentos imediatos e duradouros.  De acordo com Carlos Cunha, farmacêutico e diretor da Garantia da Qualidade do Biossimetric, as partículas inertes e biocompatíveis do PMMA tornam o produto estável por décadas após sua aplicação.

“A biocompatibilidade do PMMA é reconhecida em diversos estudos científicos, que comprovaram que ele é um material que não será rejeitado pelo organismo, e, sem eventos adversos não previstos em literatura. Sua utilização só aconteceu após autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”, e de vários testes de segurança, eficácia e qualidade”, explica.

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Para liberar um material médico para utilização da população, a Anvisa tem vários critérios de avaliação que envolvem tanto a capacidade técnica do fabricante quanto o produto (biocompatibilidade, riscos, segurança e eficácia).

“A Anvisa exige a apresentação de uma série de documentos comprobatórios, que passam por uma checagem rigorosa. Somente, após essa análise, o produto será atestado e seu registro sanitário emitido. Isso ocorreu com o PMMA enquanto material médico aprovado pela Anvisa, que também passou por essa rigorosa avaliação e segue sendo monitorado”, comenta.

Carlos Cunha ressalta ainda que o PMMA tem seu uso consagrado há muitas décadas, e nas mais diversas áreas, como por exemplo: Oftalmologia, Ortopedia, Odontologia, entre outras. Segundo ele, “até o presente momento, não há registro na literatura científica de casos de rejeição do PMMA pelo organismo, o que reafirma a sua biocompatibilidade com o corpo humano. Tanto que, nas últimas décadas, o PMMA (como preenchedor) ganhou destaque internacional como a opção segura e eficaz em tratamentos reparadores, desde que, seja respeitada as orientações do fabricante”, destaca.

A segurança e o uso do PMMA

Segundo Carlos Cunha, apesar de ser seguro, o produto é, constantemente, alvo de fake news. “Mesmo com a autorização da Anvisa e com o reconhecimento da segurança do PMMA pelo Ministério da Saúde, que é um órgão científico, regulador e fiscalizador, que cuida da saúde, as notícias falsas falam que o produto é uma bomba-relógio. Interessante que isso ocorre apenas quando se trata da área de preenchedores, que mexe com a parte reparadora, corretiva. Por quê? Porque há um interesse comercial muito forte em torno disso. E quem menos ganha é a população. Por quê? Numa iminente proibição do PMMA, não existe um produto e um procedimento que substitua com a mesma eficácia, qualidade e segurança”.

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Cunha lembra ainda que o próprio Ministério da Saúde publicou no final do ano passado a Nota Técnica 037/2024 que reconhece a segurança do PMMA e apresenta diversas evidências da eficácia do produto. O profissional detalha que, nos estudos científicos existentes, observa-se que as complicações em virtude do PMMA são muito simples e, previstas já na instrução de uso do fabricante. “Exemplo disso está no artigo publicado pela Revista Plastic and Reconstructive Surgery – Global Open, que foi atestado até pelo Food and DrugAdministration (FDA). Nesse artigo, foi analisada a aplicação de 922.776 ml de PMMA em 2.801 pacientes (2.666 mulheres e 135 homens; ou seja, 95,1% e 4,9%, respectivamente). Ao todo foram 4.725 injeções de preenchimento glúteo. No estudo verificou-se que os eventos adversos encontrados foram: seroma, granuloma, nódulo, coisas simples, coisas tratáveis. Se ele fosse um produto inseguro, jamais seria autorizado para uso”, destaca o farmacêutico responsável pelo Biossimetric.

Atualmente, a Anvisa estabelece que o PMMA é autorizado para tratamento reparador em duas situações: correção volumétrica facial e corporal; e correção de lipodistrofia.

“A Anvisa afirma que o PMMA não é indicado para procedimentos com fins estéticos, sendo aprovado para fins corretivos. Por exemplo, quando uma pessoa tem uma assimetria, ou uma flacidez, é um caso de finalidade corretiva. Afinal, está sendo corrigida uma situação que afeta diretamente o corpo. A Anvisa entende que a indicação do PMMA deve ser para os casos que existam uma necessidade corretiva e nesses casos, haverá uma melhora estética, diferente dos procedimentos tidos como estéticos”, aponta.

Carlos Cunha complementa que, “ao ser aplicado com a indicação reconstrutiva, o PMMA tornou-se uma revolução. Ele passou a entregar o que nenhum outro procedimento consegue. E, isso ocorreu com eficácia, qualidade e segurança. Por isso, o PMMA tornou-se alvo de sociedades médicas que buscam a reserva de mercado e da big farma. É exatamente a eficácia, com segurança, do PMMA, que incomoda e faz com que ele seja combatido por esses grupos”.

Tipos de preenchedores e tratamentos reparadores

Há duas categorias de preenchedores: os definitivos, que é o caso do PMMA e os absorvíveis, a exemplo do ácido hialurônico, hidroxiapatita cálcica, ácido polilático, entre outros. O único que é de longa duração, realmente, é o PMMA. Aliás, a diferença entre eles envolve a durabilidade e a exposição a riscos que envolvem os procedimentos. Afinal, cada vez que você faz um procedimento está se expondo a um risco. Quanto mais procedimentos, mais você se expõe a riscos. “Por ser aplicado uma única vez, o PMMA reduz a exposição do paciente aos riscos. Assim como, contribui para o crescimento tecidual na região em que foi aplicado, já que é o maior bioestimulador de colágeno”, pontua Carlos.

Segundo o profissional, vários estudos científicos evidenciam que todos os preenchedores classificados como absorvíveis apresentam uma taxa de complicações significativamente superior àquela associada ao polimetilmetacrilato (PMMA).

“Os implantes absorvíveis demandam reaplicações periódicas, o que implica a realização de múltiplos procedimentos ao longo do tempo. Cada intervenção adicional eleva o risco de eventos adversos ao qual o paciente é exposto. O PMMA é o único produto aprovado que permite aplicações em volumes elevados, desde que respeitadas as condições de segurança e eficácia descritas em sua instrução de uso. Segundo o Food and Drug Administration (FDA), a agência governamental dos Estados Unidos que regula produtos de saúde e alimentos, o PMMA é o preenchedor com a menor taxa de complicações de longo prazo”, ressalta.

Em relação aos tratamentos reparadores, Carlos Cunha explica que há três tipos, sendo eles: lipoenxertia (retira a gordura de uma região e implanta em outra); prótese de silicone; o terceiro procedimento é o PMMA. “Dos três, apenas o procedimento com PMMA é minimamente invasivo. A lipoenxertia é reconhecida, pela Ciência, como o procedimento estético mais perigoso do mundo e a prótese de silicone possui complicações mais complexas e uma taxa maior do que a do PMMA”.

Carlos Cunha comenta ainda que, do ponto de vista fabril, o custo de produção do PMMA é similar ao dos produtos absorvíveis. Contudo, o PMMA se destaca por sua acessibilidade, permitindo que seja utilizado por um número muito maior de pacientes em comparação com os produtos absorvíveis, cuja aplicação é limitada a uma parcela reduzida da população devido ao elevado custo. Ele afirma que a substituição do PMMA por produtos absorvíveis inviabilizaria o acesso de grande parte da população brasileira a tratamentos seguros e eficazes, o que, por consequência, incentivaria o aumento do uso de produtos clandestinos.

Desconhecimento e clandestinidade

Está cada vez mais comum, notícias sobre casos de complicações em procedimentos reparadores e estéticos. Muitos deles, o PMMA aparece. Carlos Cunha garante que, isso ocorre porque alguns produtos são erroneamente confundidos com PMMA e quando se fala em complicações, as informações compartilhadas pela imprensa, em sua grande maioria, são informações baseadas em fontes que sequer apresentam evidência científica e que não tiveram a comprovação necessária de que era realmente o PMMA. Exemplo disso são três casos midiáticos ocorridos recentemente, sendo eles: Andressa Urach, Lygia Fazio e Aline Ferreira.

“A própria Andressa Urach declarou, para a imprensa e em suas redes sociais, que o produto que causou complicações nela foi o hidrogel, aplicado 200 vezes a mais, que a quantidade recomendada na instrução de uso do fabricante. Apesar da confirmação de que o produto utilizado era o hidrogel, toda grande mídia veiculou a notícia associando, a internação e as complicações, ao PMMA. Mas a verdade era outra: Andressa Urach recebeu 200 vezes mais hidrogel do que o permitido na época”.

Outro caso comentado pelo profissional é sobre a modelo e jornalista Lygia Fazio, que faleceu em maio de 2024, aos 40 anos. “Toda a grande mídia veiculou a notícia associando a morte da modelo ao uso de PMMA. Porém, ela mesma declarou em entrevista: ‘Eu, teimosa, com todo mundo colocando, peguei um clandestino, que eu nem sabia e ele foi e colocou silicone industrial. Nunca ele falou que era silicone industrial. Ele falava sempre que era PMMA”.

Um outro caso relatado pela mídia é o da influenciadora Aline Ferreira, que morreu o ano passado, em Brasília após realizar um procedimento em uma clínica em Goiânia. As investigações mostraram que o procedimento foi realizado por uma pessoa sem qualificação profissional, em uma clínica sem alvará de funcionamento e registro sanitário, em condições impróprias e sem observar os cuidados necessários e inerentes ao procedimento.

“No inquérito policial, a família de Aline declarou que, um produto foi retirado da bolsa da falsa biomédica e aspirado utilizando uma seringa conectada a uma agulha, demonstrando, portanto, manipulação do conteúdo injetado. Fato este que evidencia a clandestinidade do produto utilizado.  Nas investigações realizadas pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor – DECON foi comprovado que a falsa biomédica, Grazielly da Silva Barbosa, utilizava produtos clandestinos nos procedimentos estéticos que realizava”.

Para Carlos Cunha, o PMMA desempenha um papel crucial na redução da utilização de substâncias ilícitas, como silicone industrial, óleo mineral e outras substâncias não regulamentadas. “A eventual proibição do PMMA resultaria no aumento do mercado clandestino, expondo os pacientes a riscos significativos de complicações graves, incluindo infecções, reações adversas severas e óbitos. Por fim, é fundamental que qualquer deliberação sobre o status regulatório do PMMA seja embasada em análise científica rigorosa e isenta de pressões externas. A retirada desse produto do mercado não apenas limitaria o acesso a um tratamento seguro e economicamente viável, mas também poderia acarretar o retorno a um cenário pandêmico de complicações graves e mortes, similar ao que ocorria antes da aprovação do PMMA pela agência reguladora”.

O farmacêutico também lembra que, “o tratamento com PMMA é um procedimento seguro, minimamente invasivo e precisa ser feito por um profissional médico capacitado. É importante que o paciente peça a nota fiscal do produto aplicado e a embalagem para verificação da origem por meio da etiqueta de rastreabilidade. Também é primordial confirmar se o estabelecimento de saúde possui a documentação obrigatória para o funcionamento e se o profissional é um médico habilitado para utilizar o produto. Lembre-se: procedimento seguro requer um profissional médico treinado e um produto registrado na Anvisa”, conclui.


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PMMA: saiba as indicações, benefícios e porque o produto é seguro

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