O Dr. Drauzio Varella se opôs ao que o prefeito de São Paulo, João Dória, e o governador do Estado, Geraldo Alckmin, fizeram na Cracolândia, região no centro da capital historicamente conhecida pelo consumo exposto de crack, no domingo (21). Segundo ele, o problema é de saúde e social, não policial.
Dória e Alckmin convocaram um efetivo de 976 policiais para, segundo as próprias palavras do prefeito, acabar com o consumo de drogas na região, algo que ele chegou a confirmar ter conseguido no final do dia. 38 traficantes foram presos. Alguns imóveis foram demolidos, como o Hotel Laid, local histórico que a administração pública nega ter derrubado. Houve registros de locais destruídos com pessoas ainda dentro, outros que foram lacrados com pertences do proprietário em seu interior e sem notificação, o que seria contra a lei. Nesta quinta-feira (25), porém, registros mostram que dezenas de usuários instalaram uma “nova Cracolândia” na Praça Princesa Isabel, também no centro.
“Eu, infelizmente, conheço bem a Cracolândia”, disse Drauzio no programa Saia Justa, do canal GNT. “Você não acaba com a Cracolândia, é impossível acabar. Não acaba porque, pra acabar com ela, com o que você tem que acabar primeiro? A miséria. A Cracolândia não é a causa de nada, é a consequência de uma ordem social que pega as pessoas que estão perdidas completamente. Começaram a fumar maconha, cheirar cocaína e começaram a fumar o crack. Alguns fumaram e conseguiram sair e outros ficaram dependentes. Esses que ficaram dependentes perderam tudo já, se afastaram da família. Eles não têm mais nada”, completou.
O médico seguiu: “é devastador. Eles estão ali jogados e o que querem é fumar. Estão dominados pela compulsão, e não é que estão assim porque são más pessoas, são dominados. Se eu começar a fumar crack e ficar dependente, vou acabar nessa situação. Agora, você chega lá e diz ‘vamos resolver esse problema’. Não tem solução mágica”, finalizou. “É uma questão de saúde, não de polícia”, completou a cantora Pitty, uma das apresentadoras da atração.