“Meus pais moravam em frente a uma casa onde vivia um casal que enfrentava a infertilidade. Foram eles que levaram minha mãe, grávida de mim, ao hospital quando ela entrou em trabalho de parto e meu pai não estava em casa. Eu cresci vivenciando a dor e o sofrimento daquele casal, que não conseguia ter um filho”.
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É assim, com um relato em primeira pessoa, que o médico Alfonso Massaguer começa o livro “A espera: O guia definitivo para a saúde reprodutiva e o sucesso da gestação”, de autoria dele, ao lado da médica Paula Fettback.
Formado na Universidade de São Paulo e com especialização na Espanha, o diretor-médico das clínicas MAE (Medicina de Atendimento Especializado) e da Engravida, ambas na capital paulista, lembra que a infertilidade do casal vizinho acabou despertando nele um interesse especial pela ginecologia e pela obstetrícia.
Uma história cheia de esperança
O que Massaguer não esperava era que ele mesmo enfrentaria esse desafio anos mais tarde. Sua esposa, Patrícia, tinha ovários policísticos, amenorreia central (ausência de menstruação causada pelo hipotálamo ou pela hipófise), endométrio fino e um útero inapto para receber um embrião.
O casal decidiu, então, realizar a fertilização in vitro (FIV), para que ela conseguisse engravidar – o que aconteceu após a terceira tentativa. A partir daí, foram vários desafios. Patrícia teve que passar por uma cirurgia para a costura do colo de útero, e o bebê acabou nascendo prematuro, com 31 semanas e 5 dias.
Para piorar, o recém-nascido teve uma infecção logo nos primeiros dias de vida, o que o levou a perder 500 gramas. Foram 38 dias entre UTI e semi-UTI, para a angústia dos seus pais.
“A resiliência e, principalmente, a esperança foram fundamentais para que Patrícia e eu conseguíssemos atravessar essa fase juntos, fortalecendo ainda mais nossa parceria em prol da saúde do nosso filho”, conta Massaguer.
Apesar de todos os desafios, Nicolas, hoje com cinco anos, é um garoto lindo, saudável – e até ganhou um irmãozinho. Marc, para o alívio dos pais, nasceu com 40 semanas.
“Após passar por duas experiências tão distintas, mas ao mesmo tempo tão complementares e importantes, posso afirmar que meus papéis de homem, marido, médico, pai e paciente se misturaram, e eu pude sentir a angústia que as pessoas sentem diariamente ao lidar com complicações nas diferentes etapas da gestação – antes, durante e depois dela”, reflete o médico.