Atenção: essa matéria pode conter trechos e imagens alarmantes para quem sofre com algum distúrbio alimentar.
Aos 20 anos, Christie Begnell conheceu “Ana” pela primeira vez. Para quem não sabe, trata-se de um código para falar sobre anorexia, um distúrbio alimentar que deixa a pessoa completamente obcecada pelo próprio peso e por aquilo que come. Entre os sintomas clássicos, estão perda de peso por meio do jejum e prática excessiva de exercícios físicos, tudo em nome de um ideal de beleza que não corresponde à realidade.
O sofrimento de Christie durou 4 anos. Aos 24, ela resolveu transformar sua batalha contra os distúrbios alimentares em arte, com ilustrações que abordam os pensamentos, angústias e temores de quem passa pelo mesmo. Além disso, a ilustradora reuniu uma série bem divertida com “motivos para você se recuperar”, como um lembrete de que a vida pode ser linda e incrível longe da balança.
“Quando eu desenho, com calma e tranquilidade, consigo ver meus pensamentos com uma mente focada e concentrada. Desenhar é cuidar do meu estado mental e emocional. Grande parte do meu processo de recuperação deve-se à arte”, conta a jovem em entrevista ao Huffington Post.
Todos esses desenhos emocionantes estão reunidos no livro “Eu e Meu Distúrbio Alimentar”. Nele, Christie explica como tudo começou: um término de relacionamento, crises de ansiedade e depressão, ganho de peso e a tentativa desesperada de recuperar o controle por meio de dietas restritivas e longos períodos de jejum.
“Eu considerei isso como uma boa distração para tudo o que estava acontecendo na minha vida, naquele momento. Em um cenário de descontrole, recuperei o poder sobre os números e sobre o meu peso”, lembra ela. Esse comportamento tornou-se obsessivo e Christie logo se viu em meio à espiral de culpa e sofrimento da anorexia.
Quando esse diagnóstico ficou claro, a jovem começou um tratamento com psicoterapia e passou a anotar todos os sentimentos e emoções numa espécie de diário. As coisas pioraram e Christie tentou buscar ajuda em um hospital público, que rejeitou seu caso com base no valor do IMC. Eles acreditavam que ela estava apenas “muito saudável”. O caminho foi buscar ajuda em uma clínica particular e continuar com o diário, que logo se transformou em um caderno de desenhos.
Ela ainda está em recuperação. “É o meu melhor momento. Ainda tenho dias em que escuto a Ana com mais força, mas tenho sorte por contar com uma rede de apoio que reconhece essas armadilhas e me ajuda a superá-la. Hoje, posto fotos do meu corpo com as dobrinhas da barriga justamente por saber que é algo que a Ana não gostaria que eu fizesse”, assume.
O trabalho de Christie nos lembra que somos muito mais do que números, medidas e o reflexo distorcido do espelho – aliás, você pode acompanhá-la lá no Instagram.
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Ilustrações sobre a luta contra a anorexia
Créditos: Instagram