“Qual deles?”, é assim que o chef-celebridade Jamie Oliver responde ao ser convidado para falar sobre seu 13º livro que está sendo lançado no Brasil. São tantos que até o próprio autor fica confuso!

Mas rapidamente, a tradutora que o acompanhava na coletiva de imprensa nesta terça-feira (6), em São Paulo, lhe avisa que o novo título se chama “Clássicos para a Família”. O material é uma reunião de receitas divididas em três tipos: saudáveis, médio saudáveis e “vamos nos permitir”.

O chef inglês, um dos mais famosos militantes da alimentação saudável no mundo, diz que também tem seus momentos de gula. Nestas horas, só um belo sorvete, batatas fritas bem feitas e tequila salvam.

Se estiver no Brasil? Então, o menu vai ser moqueca, farofa e cachaça. Esta combinação foi a escolhida como seu cardápio brasileiro preferido. Bem mais simples e uma boa redenção diante de sua primeira passagem pelo País. Há mais de dois anos, ele se envolveu em uma polêmica ao criticar o brigadeiro e chamar este doce – quase sagrado! – de “porcaria”.

Tirando a saia justa, Jamie confirma a fama de simpático que muita gente vê na TV. Bom de papo, ele fica na capital paulista até domingo e visita escolas e restaurantes com iniciativas pelo combate à obesidade. Para quem se preocupa com um mundo melhor, é bom ficar de olho em alguns de seus passos:

1) Food Revolution
A campanha encabeçada por Jamie Oliver completa seis anos e, depois de envolver mais de 1,6 bilhões de pessoas no processo de educação por uma alimentação mais consciente, finalmente inclui o Brasil no grupo formado por mais de 120 países.

Tentar reduzir o imenso desequilíbrio entre obesidade e fome da população mundial, ensinar crianças a cultivar e entender de onde vem as alimentos. Depois, encher o prato com escolhas mais saudáveis para o corpo e o planeta são os pilares do projeto #FoodRevolution.

“A campanha não é nada romântica, ela existe basicamente para tentar criar uma conversa e melhorar como organizamos a alimentação. Acreditamos que um país próspero tem criança saudável e que sabe se alimentar bem com pouco dinheiro”, ele diz.

2) Menos gourmetização
Quando diz pouco dinheiro, ele quer realmente dizer ter o suficiente e necessário para a sobrevivência. “O que aprendi em 20 anos viajando e conhecendo a culinário do mundo é que as comidas mais deliciosas que já provei foram em comunidades mais pobres. Isso porque elas mantinham o conhecimento”, explica o chef.

Por isso, a base da campanha está na educação e em saber toda a cadeia produtiva do que vai parar na mesa. Envolve empresas, governos, famílias e, principalmente, escolas. Porque é aí que as crianças vão ser atingidas. Para Jamie, são elas as grandes responsáveis por aprenderem a forma ideal e menos nociva de como devíamos encarar o consumo de comida.

“Temos que empoderar crianças e adolescentes a entenderem que comer também é uma decisão política”.

3) Qualquer avanço é bem-vindo!
E, ao que tudo indica, Jamie também amadureceu sua relação entre cozinha e política nos últimos tempos . Se há quase 10 anos, ele brigava na justiça com a maior rede de fast food do mundo pela qualidade dos seus hambúrgueres, hoje ele comemora os avanços e se enxerga mais próximo do “inimigo”.

Segundo o nutricionista, o McDonald’s lhe prometeu mudanças e cumpriu. “Hoje, eles têm carne boa, ovos bons, é a companhia que mais vende frutas e verduras no Reino Unido e emprega muita gente. Ainda é fast food? Sim! Mas está melhor do que antes, então temos que comemorar”, diz.

4) Comece a cozinhar 
Na mesma página em que o chef mudou sua postura sobre como lidar com as gigantes empresas alimentícias, ele também adotou novas decisões de parcerias. Segundo Jamie, há cinco anos, ele pensava em ser um fabricante pequeno, independente e ativista somente num círculo menor e em seus livros e programas de TV. Mas, ao ver que a empreitada exigia mais, se aliou a grandes companhias para levar sua mensagem adiante.

É também por isso que ele está no Brasil. Veio acertar os últimos detalhes de sua linha de frangos que será lançada em setembro pela Sadia. Para a ideia sair do papel, a empresa investiu, em média, R$ 50 milhões para dar expertise britânica controlada pela equipe do chef a 183 aviários nacionais. Outra exigência é levar educação sobre culinária a 500 mil alunos brasileiros nos próximos três anos.

“Vamos ensiná-las a celebrar a comida de modo geral porque se você ensina a criança de onde vem o alimento, ela entende e come melhor”, explica Jamie. E, para os adultos que não entendem nada de fogão, os pratos congelados com tempero do famoso chef inglês pretendem dar um passo a passo e um empurrão rumo a refeições mais conscientes.


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Fã de farofa brasileira, Jamie Oliver indica 4 passos para alimentação saudável

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