Chegamos a uma unidade da academia JustFit, no Morumbi, debaixo de um temporal que quase virou São Paulo do avesso. O cenário não era muito favorável a aventuras jornalísticas e aulas experimentais, confesso; semáforos quebrados, tráfego carregado, guarda-chuvas em colisão e uma conveniente queda de energia pareciam tentar derrubar a nossa pauta, a qualquer custo.
Apesar do atraso caótico, fomos recebidos por Audrea Lara com sorriso e entusiasmo. O instituto de ensino que leva o seu nome oferece aulas de ballet pilates, entre outras modalidades, para mulheres, crianças e idosas, profissionais da área ou meramente curiosas. “Homens não podem fazer?”, questiona o nosso cinegrafista. Audrea explica que poder, pode; o problema é que eles não se sentem muito “confortáveis” no ambiente.
Precisaria fazer uma aula para entender o que Audrea queria dizer. Como uma preguiçosa adepta de exercícios aeróbicos na academia (corridinha de, no máximo, dois minutos, na esteira), concluí que a brincadeira no ballet pilates seria simples. Nem me dei ao trabalho de alongar as pernas, braços e outros músculos menos importantes. Senti o resultado no dia seguinte, com relaxantes musculares.
A atividade, porém, nada tem a ver com uma sessão tranquila de esteira ou musculação. É uma metodologia do pilates com mais movimentos em pé, o que garante um dinamismo interessante às aulas. “Não fica chato ou cansativo”, afirma Audrea. E, ao contrário das práticas citadas ali em cima, o ballet pilates vai além da superfície dos músculos e trabalha partes que estão adormecidas, por assim dizer.
É o caso do assoalho pélvico, por exemplo, musculatura que sustenta órgãos como útero, bexiga e intestino. Audrea explica que a pelve é estimulada com alguns passos clássicos do ballet, como os pliés, elevés e movimentos de quadril. Cabe dizer que tive a postura corrigida a todo instante – algo que minha mãe faz com frequência quando vou visitá-la, aliás.
Essa “ginástica íntima” é feita, também, com a ajuda do pilates. Por alguns instantes, precisávamos exercitar o interior das coxas com uma bola de borracha na altura dos joelhos. É bem mais difícil do que parece, principalmente porque esses músculos não estão acostumados a realizar nenhum tipo de esforço físico. Trabalhá-los tem uma série de vantagens, que vai de prevenção da incontinência urinária a um melhor desempenho sexual.
Em poucos minutos de aula, os batimentos cardíacos vão lá para o alto. Essa frequência tão intensa é, em parte, responsável pelo surpreendente gasto calórico da atividade: em aproximadamente 50 minutos de aula, você pode perder até 600 calorias.
Cansa, é verdade, e começamos a suar logo no primeiro exercício proposto por Audrea. O sofrimento dura pouco, claro, já que a troca de “brincadeiras” acontece muitas vezes. Começamos com a FitaFit, como aquelas usadas em aulas de ginástica rítmica. Depois, é a vez dos bambolês coloridos, seguidos por bolas de pilates, halteres, elásticos para as pernas, tecido de circo e, por fim, o Stick, um bastão de madeira com alças elásticas que melhora a mobilidade articular.
Ofegante, mal percebi quando a aula chegou ao fim. Não sei se as 600 calorias ficaram por lá, mas os músculos certamente sentiram o poder do ballet pilates no dia seguinte, sem brincadeira. Para entender melhor como funciona, assista à aula que fizemos no vídeo abaixo: