A aparição de uma série de palhaços assustadores nas ruas de diversas cidades pelo mundo tem levantado mais assiduamente o debate sobre coulrofobia, a síndrome que atinge pessoas que possuem um medo traumatizante desses personagens.
A mania começou nos Estados Unidos e virou até caso de polícia. O que poderia ser uma brincadeira, acabou se tornando risco a partir do momento que palhaços armados com canivetes e machados passaram a atrair crianças em portas de escolas para o meio do mato, além de alguns casos envolvendo agressão física. A “pegadinha” foi parar no Reino Unido, Austrália e até no Brasil.
Ter medo desses palhaços, porém, não significa que você tem coulrofobia. Isso de acordo com a psicóloga Priscilla Figueiredo, do site Psicologia para Curiosos. “Há a presença de coulrofobia quando há o medo excessivo e infundado de palhaços ou imagens de palhaços, de forma a prejudicar a vida da pessoa. Ter certo desconforto ao se deparar com palhaços assustadores criados pela ficção – e os que estão aparecendo nas ruas por aí – é natural, até mesmo saudável já que é um instinto de proteção. Esse seria um medo saudável”, explica ela.
Ou seja, a fobia não se caracteriza somente por medo de versões horripilantes do personagem de circo. “A síndrome coulrofobica se mostra presente quando a pessoa tem pavor ao se deparar mesmo que seja com uma imagem de um palhaço normal, não assustador. Essa pessoa pode ter sintomas como palpitação, falta de ar, sudorese, náuseas ou até iniciar uma crise de pânico”, diz ela.
Para Priscilla, porém, é possível desenvolver a coulrofobia ao se deparar com um palhaço assustador na rua, uma vez que o surgimento da síndrome é bastante subjetivo. “Cada pessoa tem sua história. Posso dizer que muitas vezes o quadro se desenvolve após o contato com personagens ficcionais assustadores ou com histórias reais de palhaços assassinos, muito divulgadas na mídia. Mas também pode estar relacionado a uma experiência ruim que foi associada inconscientemente ao palhaço”, afirma ela.
Coulrofobia não é irracional e tem fundamento
A síndrome, segundo alguns estudiosos, tem um fundamento bastante racional para sua existência no psicológico de uma pessoa, e nem sempre tem muito a ver com o palhaço em si. “Alguns estudiosos dizem que mesmo uma pessoa que não passou por nenhuma dessas vivências pode ter medo de palhaço devido a fantasia de trabalho deste, que provoca o medo do misterioso, intrínseco em todos nós. Ou ainda devido ao fato do personagem estar “mascarado”, há uma associação entre máscara e o não temer as consequências, levando a pessoa mascarada a tomar atitudes as vezes cruéis de forma protegida, visto que esses comportamentos não serão associados ao seu rosto”, garante Priscilla.
O tratamento
Ao contrário do que muitos pensam e de alguns métodos utilizados inclusive por profissionais, o enfrentamento do medo não é uma solução segura para resolver esse problema, podendo até agravar ainda mais o trauma. “A forma com que eu trabalho é compreender qual é a motivação – na maioria das vezes inconsciente – que faz a pessoa desenvolver tal fobia. A partir disso, há a possibilidade de ressignificar essa vivência para algo não tão ameaçador. Nesse caso, o próprio paciente escolhe em que momento e em qual intensidade quer se expor ao objeto de medo, indo no tempo dele para que esteja preparado”, finaliza ela.
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