Nina Martinez, de 35 anos, tornou-se a primeira pessoa com HIV a doar um órgão ainda em vida. O transplante de rim foi realizado em outro paciente com HIV positivo, no Johns Hopkins Hospital, em Maryland, Estados Unidos.
A medida inédita pode expandir a quantidade de órgãos disponíveis, aumentar as possibilidades de portadores do vírus e mudar o estigma em torno do HIV. Pela primeira vez em um ano, o paciente – que não teve a identidade revelada – não precisará fazer hemodiálise.
“A sociedade me enxerga como alguém que traz a morte. Não consigo imaginar uma forma melhor de demonstrar que pessoas como eu trazem vida”, afirmou Martinez em entrevista ao The Washington Post. A doadora contraiu o vírus ainda criança em uma transfusão de sangue.
Durante uma coletiva de imprensa antes do procedimento, Dorry Segev, professor da Universidade de Medicina Johns Hopkins e o responsável por realizar a cirurgia, afirmou com otimismo: “a doença era uma sentença de morte há 30 anos. Hoje, os portadores do vírus são tão saudáveis que podem dar vida a outras pessoas”. Anteriormente, explica o jornal, os órgãos a serem transplantados eram de pacientes soropositivos já falecidos. As cirurgias sempre são realizadas de pessoas portadoras do vírus para outras que também tenham a doença.
O procedimento com uma doadora viva é um passo importante, médicos consideravam arriscado pacientes com HIV viverem apenas com um rim. Isso significaria uma ameaça à saúde deles, já que os medicamentos utilizados no tratamento aumentam as chances de infecção renal.
Contudo, um estudo de 2017 realizado por pesquisadores do Johns Hopkins Hospital demonstrou que o risco de uma pessoa soropositiva desenvolver uma doença renal séria era quase o mesmo do que pessoas com HIV negativo.
Martinez e o paciente continuarão tomando medicamentos antirretrovirais a fim de controlar o vírus e serão monitorados pelos próximos meses para checar como ambos respondem à cirurgia.
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